invisible string (taylor swift)

and in a blink of a crinkling eye, everything has changed

— Fica à vontade, Brit. - Faço um sinal de continência para expressar concordância, me afastando dos meus amigos pela primeira vez com um sentimento que sequer passa perto da tristeza.

Durante todas as outras vezes que venci algo na vida, o momento do gramado era o que eu menos gostava. Enquanto todos estavam comemorando ao lado de suas esposas e filhos, eu me via sozinho procurando por uma Autumn apavorada, medrosa para me encontrar depois de descer para junto da euforia. Quando a minha mãe ia junto, as coisas eram bem mais tranquilas, mas, ainda assim, eu sentia que faltava algo. Pior ainda, sentia que a minha filha também sentia que faltava algo.

Hoje, no entanto, é diferente. Meus olhos avistam a cena assim que as duas mulheres da minha vida entram na região da comemoração, um zilhão de câmeras as seguindo. Taylor parece um pouco confusa, agarrando na mão de Auts com toda a força enquanto elas desviam das outras famílias, algumas meio chocadas com a presença da mais velha aqui embaixo. Ainda assim, tudo em sua expressão - preocupada, eufórica e até um pouco ansiosa - muda quando ela me vê, de longe, ao lado de um fotógrafo. Eu percebo quando a loira aperta na mão da nossa filhinha e aponta com a outra livre em minha direção.

E então acontece: o momento dos meus sonhos. Autumn se solta da mão da mãe e corre para os meus braços depressa, gritando um "Papai!" cheio de vida que me faz derreter. Ela me abraça por vários segundos, encostando a cabecinha em meu pescoço quando eu me abaixo para segurá-la, e depois dá gritinhos de alegria no instante em que decido girá-la no ar.

Tay assiste a tudo com o maior sorriso de todos. Ela parece nem se importar com as câmeras que nos rodeiam, seus olhos brilhando do que parece ser uma alegria indescritível ao finalmente me abraçar. Percebo, pela primeira vez no dia, que aquele é o nosso momento pioneiro em um evento como aquele - visto que, quando namoramos pela primeira vez, ela nunca sequer tinha participado de um jogo meu.

Eu a seguro pela cintura e lhe dou um beijo antes que ela sequer verbalize algo. Quero sentir o gosto dela depois de toda a carga de adrenalina que presenciei, poder aproveitar seu sabor enquanto ela arfa em minha boca diante daquele zilhão de pessoas. Depois, quando me olha, parece maravilhada, os olhos azuis engolindo os meus como uma fera em busca de sua presa.

— Parabéns, amor. - Diz, baixinho, passando os braços ao redor do meu pescoço. Como resposta, eu aperto mais a sua cintura e subo a minha mão brevemente em suas costas finas. — Estamos muito orgulhosas. Nós três.

Swift se inclina um pouquinho para dizer a última frase próxima ao meu ouvido, me fazendo sentir uma vontade incontrolável de tocar em sua barriga. Honestamente, ela já está um pouco mais visível, visto os meses que estão passando, mas o corpo de Tay em si não mudou muito durante o processo da gravidez, fato que basicamente a permitia mantê-la em segredo. Para ajudar, estava frio, e a mulher usava um moletom belíssimo da Louis Vuitton que disfarçava qualquer sinal.

— Joguei por vocês. - Digo, escapando meus dedos das costas dela para dentro do agasalho, sentindo-a se esquivar um pouquinho ao ter contato com minha pele fria. Quando finalmente pousei a mão em sua barriga, Taylor deu uma risadinha. — Esse era meu sonho.

— O Super Bowl? Você já tem dois, amor.

Dou mais um beijo nela para construir a resposta, sentindo a mulher que amo derreter em meu corpo no momento em que tiro alguns cabelos da frente de seu rosto e os posiciono atrás de sua orelha. Ela ri, uma risada suave, um sorriso que se estende até depois do beijo.

— Não, não o Super Bowl. Ter vocês. Especificamente todas vocês.

***

— Só abre o papel! - Autumn exclama com agressividade, cruzando os braços quando eu e a mãe dela nos encaramos, nervosos. É terça-feira, passaram-se apenas dois dias depois do melhor jogo da minha vida, e estamos todos reunidos na sala de estar, depois da escola da nossa filha mais velha, prontos para a maior revelação do século. Ou pelo menos é isso que o furacãozinho disse quando nos sentamos nas cadeiras, alguns quinze minutos mais cedo.