invisible string (taylor swift)

and in a blink of a crinkling eye, everything has changed

Nosso bebê. Quando a realidade me atinge, me sinto em êxtase, e então dou um sorriso genuíno para a tela, feliz. Autumn recebeu a notícia perfeitamente bem, o que é ótimo, então estamos aproveitando nossas vidas mais do que nunca agora. Depois que os shows finais da turnê passaram — e a minha workaholic predileta simplesmente decidiu marcar uma nova rodada deles por toda a Ásia e Oceania, logo após o seu pós-parto, dedicamos cem por cento de nossos dias à criança, cujo sexo nós logo saberíamos.

Não que eu precisasse, na verdade. Já sabia que era uma menina.

Amor, "qse" não existe., Tay finalmente me responde, com uma figurinha engraçada de um gatinho desconfiado que me faz rir assim que carrega totalmente em minha tela. Saco. Eu sou viciado nesta mulher e em seus memes de gatos infinitos.

A mãe das minhas filhas continua sua saga, criando uma sequência de mensagens no meu celular que aquecem o meu coração, trazendo-me a sensação - cuja ausência foi, por muito tempo, uma constante em minha vida - de que eu tinha alguém para quem voltar na cama durante a noite, depois de um jogo como aquele. Alguém que pudesse pular em meus braços no meio do campo e falasse, com os olhos cheios d'água: "Estou muito orgulhosa do que você fez hoje".

Mas estamos muito bem acomodadas, esperando por vc!, exclama, e então envia logo abaixo um emoji de beijinho — apenas uma boca lotada do batom. Mais uma vez, e possivelmente porque sou um grande idiota apaixonado, rio. Boa sorte, papai.

Amo vcs, digito como resposta, bloqueando o celular com as energias renovadas. Bem nessa hora, quando guardo o aparelho sob o banco do vestiário, prestes a ajustar o capacete e respirar fundo para me concentrar na entrada, recebo um tapinha no ombro e, para minha sorte (ou azar, porque esse cara é um enorme pé no saco), percebo a presença de Patrick ao meu lado.

— E aí, Romeu? - Pergunta o desgraçado, imitando um sinal de beijinho com os lábios e fazendo menção de apertar minha bochecha. — Ai, ai, ai, Travizinho, faz um touchdown pra mim e coloca mais um bebê na minha...

Dou um tapa na mão dele.

— Cara, um dia eu ainda vou te matar. - Eu encaro o meu quarterback com a pior careta que consigo, mas, só porque estou muito feliz, não consigo evitar uma súbita vontade de rir de vir. Por sorte, no entanto, sou forte o suficiente para reprimi-la por baixo dos lábios. — Estou falando sério.

— E correr o risco de ir pra cadeia e deixar seus quatro filhos passarem fome? Duvido. - Ele se enfia entre as minhas coisas e abre uma das minhas necessaires contendo equipamentos de treino, roubando um protetor bucal de lá de dentro. — Você é um homem de família, cara. Não vem bancar o durão.

— Eu tenho duas filhas.

— Você vai dar um jeito de ter mais, pode ter certeza. - Mahomes dá de ombros, analisando brevemente o aparato de resina e fornecendo dois toquinhos breves na sua estrutura, como se estivesse testando-a. — Não vai usar isso né, cara?

— É o meu protetor bucal. Tipo, eu coloquei isso na boca, seu nojento.

— Não vou colocar na minha boca algo que você colocou na sua, ô esquisitão - Ele me fuzila. — Isso é pro meu pé. Você se importa?

— Patrick, que diabos...?

Meu amigo - se é que posso chamar esse maluco de amigo - sequer dá ouvidos às minhas muitas dúvidas e continua seu diálogo acusatório sobre, aparentemente, eu ser um cara caseiro, alguém que tem uma família. Para ser sincero, enquanto o observo bizarramente retirar uma das chuteiras do pé e colocar o protetor bucal recém roubado em uma das laterais do calçado, fazendo o possível para não engulhar, consigo perceber que me sinto feliz ao ser conhecido daquela maneira. Porque, sabe, é legal que as pessoas me vejam como "Travis, o pai solteiro que cuidou da filha sozinho por muito tempo", mas é ainda melhor ouvir reconhecimentos do tipo "Travis e Taylor, pais da Autumn" em reuniões de escola, por exemplo.