invisible string (taylor swift)

one single thread of gold tied me to you

"Já ouvi falar, sim." O desgraçado riu, agora descendo os dedos na direção da minha panturrilha, e ai, meu Deus, eu precisava mesmo ficar me lembrando com frequência que tínhamos a presença de nossa filha conosco. Nossas filhas. "Gente boa. Você quer sair com ele?"

Pus a cabeça em seu ombro, beijando um pouquinho seu pescoço. Nossa mesa já estava vazia, e não estávamos fazendo nada demais além de dar um beijo ou outro, a mão dele — por mais incrível que parecesse — mais do que comportada na minha pele, sem se mexer.

Bem na hora que eu estava prestes a colocar Autumn em uma cadeira mais confortável, para que ela pudesse dormir e eu e seu pai tivéssemos um pouco mais de privacidade — ou um pouco menos de peso na consciência para nos beijarmos com ela por perto —, senti minha filha remexer-se um pouco, virando a cabecinha para encostar em meu peito, resmungando. Imediatamente, senti meu rosto esquentar e Trav se afastar um pouquinho, achando graça.

"Opa." Riu e depois murmurou com um sussurro - literalmente -, de maneira a não despertar mais o nosso furacãozinho. "Acho que essa é nossa deixa." Ele continuava falando baixo, os lábios agora encontrando minha orelha, ocasionando um arrepio forte em minha nuca. "Quero dizer, ela está com sono, nós dois estamos com tesão, e você estava maravilhosa nesse vestido a noite inteira, meu amor, então..."

Tentei não dar um sorriso tão radiante, mas constatei que era impossível. Para ser sincera, ultimamente eu vinha tendo a sensação constante de que a vida simplesmente prestava muito, um compilado de felicidade que parecia não ter mais fim em nenhuma área da minha existência. Era tão maravilhoso que muitas vezes até dava vontade de chorar.

"Tem razão." Sussurrei de volta, e então, só para continuar a brincadeira da dinâmica, acrescentei: "Só é uma pena, sabe, porque eu queria mesmo sair com o Travis Kelce. Sou muito, muito fã dele." 

"Tenho a sensação de que ele também sairia com você, bobona." Trav me deu um beijinho - daquela vez completamente inocente e bastante carinhoso - na bochecha, mais uma risadinha deixando os lábios perfeitos que agora tinham absorvido um pouquinho da base da minha maquiagem.

"Mesmo? Você acha que ele faria um filho comigo?"

O pai da minha filha me olhou com divertimento, seus olhos verdes brilhantes encontrando os meus e as mãos não conseguindo se conter, subindo da minha cintura até a minha clavícula, para só então me segurar pela mandíbula com seriedade.

"Acho" Disse, com aquele sorriso que só ele possuía, os cantos de sua boca curvados em uma semicircunferência perfeita e bem delimitada. Meu Deus, como eu era completamente obcecada por cada traço dele. "Que ele faria até dois."

***

Honestamente, nosso pós festa teria se desenrolado em uma madrugada espetacular, se não fosse a confirmação empírica que eu estava vivendo da teoria de que a segunda gravidez era sempre mais enjoativa do que a primeira. Isso porque, no meio do caminho de volta para casa, literalmente de uma hora para a outra, quando o carro começou a dar a sensação de que estava balançando demais, um breve enjoo passou a surgir em meu estômago e, em poucos minutos, eu já estava maluca por um pouco de ar, sem poder colocar o rosto do lado de fora.

"Tay?" Trav perguntou, no momento em que deviam faltar cerca de alguns quilômetros para chegarmos em nosso bairro. Ele devia ter notado a minha inquietação, a maneira como levei a mão à boca diversas vezes e coloquei o cabelo acima dos meus ombros, suando frio. "Tudo bem aí?"

Autumn estava entre nós dois, ainda dormindo. Ela aparentava completamente alheia ao que acontecia, o que era um alívio, já que eu não queria ter que me explicar para a minha filha sobre o motivo por estar passando mal. Isto é, ela era a criaturinha mais doce que eu já tinha tido a chance de conhecer; com certeza, vendo-me em sofrimento na volta da festa, ficaria preocupada e me fazendo perguntas para tentar encontrar um jeito de me fazer sentir melhor. Só que, honestamente, eu não sabia como poderia dizer para ela sem contar uma mentira — porque, acima de tudo, Auts era a melhor em detectar mentiras, ou pelo menos a maioria delas.