invisible string (taylor swift)

all along there was some invisible string tying you to me

— Não sei, não. – Ele limpa a garganta. — Autumn sabe que a gente só passeia com o Rambo à tarde.

— Que tipo de criança sabe a hora de passear com o cachorro?

— A nossa criança, aparentemente. – O jogador coloca as mãos na cintura, alcançando os chinelos e voltando a andar em círculos pelo meu quarto, sua silhueta contrastando perfeitamente com o sol da manhã em Kansas. Se eu não estivesse tão desesperada com as circunstâncias, estaria admirando a vista. — E agora?

— E eu que sei, Travis? – É a minha vez de bufar, esfregando os olhos com força quando começo a procurar por uma escova de cabelo. — A culpa disso é sua! Foi você que criou uma geniazinha sabe-tudo.

— Ah, há-há – Ele parece incrédulo com a minha acusação, exclamando e falseando uma risada. — E de quem você acha que ela herdou o gene de ser uma geniazinha sabe-tudo? Você é a culpada disso!

O homem de quase dois metros de altura – com quem passei a madrugada transando, diga-se de passagem – tomba o corpo no colchão da minha cama, sentando e depois caindo de costas até a sua silhueta afundar nos lençóis. Ele estica os braços entre as cobertas, parecendo de repente perdido, e então, com um suspiro, declara a derrota.

— É isso, Tay. – Eu assisto o tight-end do Kansas City Chiefs colocar as mãos no rosto. — Estamos perdidos. A gente se ferrou.

— Não estamos. – Libero um riso nasal, tentando não pensar no fato de que estamos com medo da nossa filha - sob quem temos total autoridade - de nove anos, e me aproximo das pernas de Travis. Ele ainda se encontra deitado horizontalmente na minha cama, de uma maneira nada convencional, com as pernas para fora e o tronco apontando para o teto. Atrevidamente, encosto os meus joelhos nos dele e o encaro. — Vamos manter a calma. Só volta pra casa, fala que você estava numa caminhada diurna e aí, lá para as dez da manhã, eu apareço em sua porta magicamente, chamando vocês para almoçarmos. Que tal isso?

— Ela vai saber.

— Ela não vai saber. – Minhas pernas cedem na direção dele, e, quando menos espero, estou em cima de seu corpo, sua mão enorme apoiando-se em minha lombar para que eu não tombe de vez em seu peito. Imediatamente, Kelce ri; ele sabe que eu fiz de propósito.

— Nossa, linda, essa é sua maneira de me chamar para uma rapidinha? Por que eu super toparia, mas o Rambo está aqui e nós meio que já temos um problema...

Rio, de repente achando graça em tudo. Acho que Travis tem esse poder sobre mim, sinceramente; e sempre teve. Ele fala e me faz ter vontade de sorrir, suas palavras são como músicas que me movem para um eterno vale da felicidade. Não há como ser triste por muito tempo na companhia dele, e eu amo isso. Amo que estamos de bem. Amo que...

— O que é que vocês estão fazendo aí? – Uma voz fina e infantil surge na direção da porta, me fazendo dar um grito e Travis quase (quase!) me empurrar para longe.

Imediatamente, a atmosfera no quarto muda. Sinto que meu shorts estão curtos demais, que meu cabelo está bagunçado demais e que meus lábios estão definitivamente vermelhos e inchados, mesmo que eu não tenha feito muita coisa com o pai da minha filha desde que acordamos.

— Autumn! – Ele é o primeiro a exclamar, seu corpo agora sentado perfeitamente ereto em minha cama, as roupas exatamente onde deveriam estar, porque ele cata o moletom da noite passada e o veste. Graças aos céus. — Filha, pelo amor de Deus, o que é que você está fazendo aqui?

— Eu é que pergunto. – O furacãozinho - porque é assim que eu a vejo agora, com aqueles cachos cintilantes e olhos curiosos - avalia nós dois encostada na porta, com um vestido florido e chinelos de brilho que claramente dizem que ela já acordou há bastante tempo e arrumou-se sozinha. Consigo perceber as sobrancelhas loiras levemente arqueadas e, se não soubesse que estou tão encrencada quanto o homem estático a alguns metros de mim, descruzaria os braços e acharia graça. Mas não consigo. — O que é que você está fazendo aqui, pai? Esse é o quarto da minha mãe!