invisible string (taylor swift)

all along there was some invisible string tying you to me

— Não, meu bem – Ele gira o corpo, de repente indo em minha direção e segurando meus ombros, encarando-me com toda a hipnose que costuma guardar naquelas orbes verdes enormes. Quando começa a falar sem parar, Trav me balança para frente e para trás, ainda desesperado. —, você não está entendendo. Eu. Dormi. Aqui. Está de manhã. Eu acordei na sua cama e não na minha.

— E qual seria o problema disso? – Estou prestes a empurrá-lo, mas ele me segura mais forte, enterrando a cabeça em meu colo e se lamentando. Finalmente, quando Travis resmunga alguma coisa que parece dizer "ela nunca vai me deixar em paz", é a minha vez de cair em mim.

Ah. Aaaah.

— Ai, puta que pariu. – Agora sou eu que levanto, expulsando-o sem querer do meu colo e começando a procurar loucamente pelas minhas roupas da madrugada passada. No meio do processo, tropeço em um dos chinelos de Travis, na tentativa de ser ágil para alcançar o meu celular enquanto coloco a camiseta de lã. — Que horas são? Você já olhou as horas?

Meu ex-namorado nega com a cabeça, vestindo apenas a própria bermuda e consciente de que nós dois temos apenas uma chance. Autumn geralmente está de pé às sete, como a boa atleta que é, e a única possibilidade dela ainda estar dormindo é o que impediria nossa filha de descobrir que o pai dela não dormiu em casa. Ou pior, porque como ela é esperta demais para o seu próprio bem, é capaz de descobrir de uma vez que ele dormiu na minha casa.

É meio patético imaginar que nós – dois adultos – estamos com medo de uma criança de nove anos, mas é de Autumn que estamos falando. Se ela tivesse a mínima suspeita de que eu e seu pai estávamos tendo qualquer coisa, nunca deixaria nenhum de nós em paz. Além do mais, ela provavelmente se animaria com a possibilidade de ter nós dois juntos de novo, e acho que tanto eu quanto Travis estamos na mesma página com relação a não decepcioná-la. Vamos manter a nossa situação – se é que existe uma situação – em segredo por enquanto. É o melhor a se fazer.

— São... – Travis limpa a garganta, interrompendo meus pensamentos intrusivos sobre o que aconteceria se Autumn descobrisse sobre nós. — Ai, merda. Ai, Taylor, merda.

Eu respiro fundo, com as roupas – graças aos céus – bem alocadas em meu corpo agora. Mordo os lábios, meio tonta com a exasperação do que Travis estava falando, e então vou na direção dele para averiguar as horas que o homem está conferindo em seu telefone.

E, ai, meu Deus. São oito e meia da manhã. Acho que vou vomitar.

— Calma. – Digo, tossindo, assim que meus olhos processam o horário indicado no celular e meu peito acelera. Travis parece completamente perdido, olhando para mim com um rosto de desespero que traduz que aquela situação o está deixando maluco. — Você... Por que você não diz que estava passeando com o Rambo?

Uma patinha soa do outro lado da porta. Ontem à noite, quando estávamos claramente muito ocupados, acabamos deixando nosso filho canino do lado de fora do quarto, porque, segundo Travis, traumatizar um filho só já era suficiente. Entorpecida pela maneira como aquele homem espalmou meu abdome e me colocou no colo, eu apenas concordei, dizendo a mim mesma que o amolecimento em meu coração era graças ao momento de excitação que estávamos vivendo, e não ao fato de que ele tinha se referido ao cachorro como "nosso outro filho".

O som do bebê canino – não tão bebê assim – me alegra, e eu abro a porta, me sentindo um pouco culpada por ter deixado o pobrezinho a madrugada inteira do lado de fora do quarto. Em minha defesa, Rambo não parece se importar; ele me ataca tanto com seus lambeijos que praticamente traduz o quão feliz está em ajudar.

— Viu? Funciona. – Eu digo, tentando passar confiança para Travis enquanto afago as orelhas do bicho. O pai da minha filha (dos meus filhos, aparentemente), por sua vez, nos fita com desconfiança.