invisible string (taylor swift)

leave it all behind and there's happiness

No fim das contas, eu nunca fui muito fã de bagunça na minha vida pessoal. Inovações eram boas em minha carreira, sem dúvidas, e eu reconhecia que uma boa porção delas tinha me levado ao patamar em que eu me encontrava, profissionalmente, hoje. Mas elas eram restritas à minha vida como a Taylor Swift. Quando era apenas Taylor, a filha obediente ou, agora, a mãe zelosa, eu deveria agir com cautela. Dentro da minha zona de conforto.

E minha zona de conforto significava "nada de Travis Kelce". Ele não podia fazer parte dela, razão pela qual, imediatamente, puxei as rédeas e voltei a ser quem eu costumava ser quando apareci naquela porta em primeiro lugar. Uma pessoa que o incomodava, e não quem ele se permitia amar.

— Isso, eita. – Resmungo, dando um empurrão em seu peito e sufocando o suspiro que se formou em minha garganta. — Você está maluco em falar com uma criança daquele jeito? Dizer que a mãe dela vai deixá-la assim, sem mais nem menos?

— Eu não disse que você ia deixá-la. – Travis massageia a região logo abaixo do colo, como se minhas mãos pequenas tivessem tido a capacidade de fazer algum mísero estrago naquele seu peitoral enorme. Ridículo. — Tay, será que eu posso ver a Auts? Por favor, me desculpa. Eu estava tão preocupado...

— Com razão! – Tenho a sensação de que o meu sermão não vai acabar nem tão cedo, porque estou me divertindo com ele. Ao invés disso, eu aponto meu dedo para o tight-end e, com as narinas dilatadas, faço um bico minimamente forçado, demonstrando uma fúria maior da que estou sentindo no momento. — Não me admiraria se Autumn tivesse fugido de verdade, depois do que você disse.

O homem parado à minha frente suspira, encarando-me com sua figura corpulenta fazendo uso de um resquício de... Admiração? Umas vez descartadas todas as emoções que sentimos um na presença do outro, diante do momento de vulnerabilidade de Kelce, foi como se ele quase estivesse orgulhoso de mim por defender a nossa filha daquele jeito.

— Você tem razão. – Ele admite, com um suspiro cansado e um indício de sorriso naquele rosto perfeito, angulado e simétrico. — Eu sinto muito por tudo o que eu disse, e uma prova disso é o quanto me senti péssimo, pensando que nossa menininha tinha sumido.

Cruzo os braços. Ainda estou próxima da porta de casa, a parte de trás do meu pé encostando no degrau da entrada da mansão, tendo o meu corpo deslizado um pouco para longe de Travis depois que me separei dele, quando nos beijamos. O beijo, que foi um erro, ainda está impregnado em meu subconsciente, cada pedaço da minha mente parecendo querer reviver o que costumávamos fazer no passado e o que, infelizmente, eu tinha cedido e decidido fazer bem agora. No nosso presente.

O conflito interno de Kelce não parece diferente – e eu tenho certeza disso porque o conheço bem demais. Ele olha para mim com expectativa, e eu sei que ele quer entrar, embora não tenha coragem de pedir. Não depois que arfei contra sua boca, que suspirei pesadamente à sua orelha enquanto enfiava minha mão por baixo de sua camiseta e puxei uma pequena parte do seu lábio inferior.

Dou um breve suspiro de exaustão. Ele venceu. Por mais que eu odeie admitir isso, ele geralmente vence o lado racional do meu cérebro.

— Ela está assistindo a um filme no meu quarto. – Digo, me dirigindo à maçaneta e abrindo a porta com o cotovelo, dando espaço para que ele entre em minha casa. É só nesse momento que percebo que o jogador nunca esteve ali; ou pelo menos não depois que eu me tornei inquilina do lugar. Limpo a garganta antes de proceder com minha hospitalidade. — Hã, você pode... Ficar à vontade. Para subir.

Mas não vou deixá-lo ir sozinho. Em primeiro lugar, porque não sei qual será a reação de Autumn ao vê-lo depois da briga dos dois. Em segundo porque, infelizmente, tenho que evitar que aquele homem enxergue, com seus olhos de lince absurdamente verdes, qualquer coisa que possa me comprometer. Como as fotos escondidas do tempo em que namorávamos, que tirei de uma caixa velha apenas porque a nossa filha pediu para vê-las, e eu sou muito molenga para lhe dizer "não".