wondering where did my baby go...

Mulai dari awal
                                        

Depois, vou ao banheiro. Mais uma vez, o lugar é um brinco, tendo apenas em destaque alguns dos produtos de higiene infantis que ela usa, liguinhas pequenas de tranças desorganizadas no mármore da pia. Quero gritar.

— Autumn! – Eu a chamo, passando pelo corredor, tentando imaginar que ela deve estar escondida em algum lugar da casa, minha voz fazendo eco dentro dos cômodos vazios que passo a percorrer e entrando em sintonia com os latidos dos cachorros, que agora parecem refletir o meu estado de espírito.

Mas ela não se encontra dentro de casa. Merda, considerando que são meio-dia e nós brigamos às oito e meia, ela pode estar em literalmente qualquer lugar agora.

Sinto as lágrimas de culpa subindo em meu rosto. Meu lado racional não está funcionando, e, sinceramente, tenho a sensação de que respirar é um problema agora. Atordoado, eu tombo pelas escadas, procurando pelo celular que de repente não consigo encontrar e me perguntando o que eu poderia fazer para encontrá-la.

E é aí que eu me dou conta de quem está na casa ao lado.

É claro que meu coração não vai pelo caminho mais fácil e eu não consigo enxergar a possibilidade de Autumn estar na companhia dela. Tudo o que eu penso é que a minha filha – caramba, a nossa filha – sumiu, e isso é motivo suficiente para que eu sequer tente achar um meio de comunicação razoável para ligá-la. Ao invés disso, saio descalço, fechando a porta depressa e cruzando o gramado meio cambaleante, na direção da mansão que ela alugou há pouco tempo. É estranho como um lugar que mal costumávamos dar atenção pode se tornar minimamente reconfortante de um dia para o outro, só porque alguém que amamos passou a viver lá.

Quando finalmente alcanço a calçada de Taylor, que deve ter uma boa quantidade de metros, paro no portão desesperado. Por sorte, o segurança dela já me conhece, e ele me deixa entrar sem mais problemas. Parece preocupado comigo por um momento, e eu posso apostar que é pela forma que meu rosto está avermelhado por um choro recente, lágrimas que eu nunca pensei que derramaria.

No momento em que bato na porta de entrada, é como se uma nuvem de angústia tomasse conta do meu peito, e eu sinto a bile subindo pela minha garganta. Do lado de dentro, ouço passos, que ressoam na mesma frequência que o meu dedo indicador é enterrado na campanhia e meu punho resiste na madeira. Eu preciso que ela atenda.

— Travis? – Taylor parece surpresa ao me ver quando finalmente aperta na maçaneta e puxa o grande bloco de madeira, suas feições imediatamente se contorcendo em um resquício de preocupação que logo some. Ela me encara com desdém e, ao levantar uma das sobrancelhas, pergunta — O que você está fazendo aqui?

Só que eu não tenho tempo para brigar. Estou desesperado, e ela deve reconhecer isso em meu rosto, na maneira em como eu procuro pelos seus olhos com angústia e abro a boca, gaguejando:

— Tay, eu... A Auts... Ela s-su...

— Meu Deus – A cantora pigarreia, olhando ao redor, e, se eu não estivesse tão focado em tentar explicar que havia brigado com Autumn e logo depois ela tinha sumido, talvez tivesse conseguido ver a preocupação agora por todas as suas linhas faciais, as sobrancelhas formando um vinco e as mãos subindo até os meus ombros. —, calma. O que está havendo?

Procuro por ela. E pela primeira vez depois de todo o tempo que passamos separados, o qual eu desperdicei completamente desfrutando do rancor imenso guardado dentro de mim, percebo que preciso dela. Não é uma questão de encontrar conforto em sua figura; é porque, de todas as pessoas no mundo, Taylor foi a única que já me viu vulnerável como eu me sinto exatamente agora. E, merda, eu a amo. Amo mesmo, por mais que eu saiba que este talvez seja o maior karma da minha vida, e por mais que acredite que talvez tenha sido exatamente esse sentimento que me encaminhou até aqui.

— E-ela sumiu. – Digo, por fim, me contendo da súbita vontade que sinto de encostar a minha testa na dela. A loira, no entanto, parece preocupada com a minha integridade. Ela suspira, o rosto estampado com algo parecido com pena, o que é suficiente para que eu simplesmente desabe, logo depois de completar — Nós dois discutimos e Autumn sumiu. Sou o pior pai do mundo. 

Por um segundo, tudo o que se ouve no ambiente é silêncio. Taylor não diz nada, e eu estou muito ocupado soluçando, então também não retruco absolutamente nada. Ao invés disso, abaixo minha cabeça e cubro os olhos com o dedo polegar e o indicador. Com a outra mão, estou apoiado na porta, mas sou surpreendido repentinamente por uma mão pequena segurando meu braço e dedos tocando meu queixo.

— Trav. Ei, ei. – É claro que é ela, com aqueles olhos azuis hipnotizantes e aquela expressão que levaria milhares de mim embora. Não está sorrindo, parece triste, e a maneira como passa discretamente o polegar em minha bochecha parece deixar claro o quanto ela lamenta o momento. — Ela não sumiu. Ela está aqui.

O quê? – Pergunto, incrédulo com o fato de que aquela dedução nunca havia passado pela minha cabeça. Mas é claro que fazia sentido. — Como...?

— Eu não sabia. – Taylor logo se apressa em explicar, e eu tento não focar muito no detalhe de que ela não move um dedo de onde a sua pele toca a minha. Estamos na mesma posição, a unha dela quase encostada perto do meu queixo, minhas lágrimas escapando discretamente para onde há um limite entre nós. — Ela veio... Estava chorando e perguntou se podia ficar aqui. Eu perguntei se havia algo de errado e ela disse que vocês dois tinham discutido, e que você... Eu nunca pensei que a Autumn fugiria de casa.

— Ela não fugiu. – Constato, sem conseguir sentir raiva, apenas testemunhando uma onda de alívio fora do normal subir em meu corpo e alcançar o meu peito, aquecendo-o. No final das contas, não importavam os desenrolares, e por mais perturbado que eu estivesse, o que importava de verdade era que Autumn estava bem. — Ela só procurou a outra casa que tem.

E então acontece. O intervalo entre a minha frase e o que vem em seguida é breve, mas verdadeiro. Quando eu fecho meus lábios, aliviado demais para passar um sermão na minha filha de nove anos que provavelmente havia se magoado com as palavras horríveis que eu lhe disse, Taylor olha para mim e, com olhos brilhantes, sorri.

E não posso evitar.

Há um milhão de coisas entre nós. Um rio de anos mal resolvidos, de dias que passaram se arrastando, de arrependimentos e de sacrifícios. Desde o dia em que eu a vi pela primeira vez, até o momento em que precisei assisti-la se virar para nunca mais voltar, nunca pensei que a veria de novo, até me deparar com aqueles lindos olhos azuis mais maduros, parados sob os meus em seu camarim de uma turnê de proporções globais. Não só as orbes da cor do mar, mas aquele sorriso bem desenhado no rosto de porcelana, uma expressão de alegria que chegava aos cantos do rosto e revelava que ela estava alegre por inteiro.

A mesma expressão que lhe surgia quando eu lhe contava uma piada. A mesma que apareceu quando ela me presenteou com um cachorro, ou quando eu lhe contei que estava prestes a voltar a atuar pelo time profissional do Chiefs, e ela vibrou tanto comigo que perdeu a voz.

A mesma expressão de quando eu disse que a amava.

É nesse momento que sei que estou perdido, porque, como eu disse, não posso evitar. Ao vê-la ali, parada na frente da porta da casa que ela comprou apenas porque queria voltar para Autumn – para nós –, eu esqueço de todos os meus princípios.

E a beijo.

Sei que provavelmente vou me arrepender disso para sempre, mas não consigo pensar em parar agora.

Mas o mais impressionante de tudo é que, no meio do caos e da minha loucura, Taylor retribui.

invisible string (taylor swift)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang