wondering where did my baby go...

Comenzar desde el principio
                                        

— Autumn... – Chamo, encostando a testa na estrutura da porta, tentando amolecer um pouco a pequena furiosa que adentrou o quarto. — Meu amor, desculpa o papai. Eu não quis falar aquilo. Só estou dizendo que eu... Eu não posso ficar com a mamãe do jeito que você quer.

Fico alguns minutos parado, esperando uma resposta. Mergulho na angústia do silêncio e apenas permaneço ali, meus pés fixos no carpete do andar de cima como se tivessem perdido a capacidade de se moverem. Só que Autumn não diz nada, e é justamente assim que percebo o quanto ferrei com tudo.

Bato na porta. Espero que ela me diga pelo menos para ir embora, mas minha filha – aquele furacão de personalidade que muitas vezes se mostra bem mais dura na queda do que realmente é –  não responde. Concluo, por fim, que estou tomando o castigo do silêncio.

E, no fim das contas, eu mereço.

***

Fico esperando Autumn aparecer até a hora do almoço. Ela não vem, o que é motivação suficiente para que eu me levante e resolva ir buscá-la em seu quarto por conta própria. Sei que depois do que eu disse ela provavelmente estava precisando de um tempo longe de mim, mas também sei que eu e ela nunca passamos tanto tempo sem nos falar. Nós resolvemos nossas discussões através de conversas civilizadas, e raramente ficamos mais de duas horas sem um de nós fazer uma piadinha e quebrar a tensão por uma briga boba de pai e filha. Nós dois não brigamos.

Sendo assim, eu vou até o andar de cima sem qualquer munição alguma. Estou totalmente disposto a pedir desculpas pelo que fiz, porque sei que isso vai desarmá-la e que também é o certo a se fazer. Além do mais, tenho uma proposta que ela raramente recusa na manga, e creio que ela vá dizer sim para isso.

Ela tem que dizer sim.

Com cuidado, bato na porta devagar. Não quero assustá-la ou ser muito invasivo, então, por um segundo, deixo o som dos nós dos meus dedos na madeira reverberarem para só então usar a minha voz. Eu a chamo baixinho, no meu tom mais bonito de perdão. E espero que ela me responda.

— Autumn – Minha voz repete, quando não ouço sinal algum de que minha filha está disposta a abrir a porta para que eu entre em seu mundo particular. — Por favor, querida. Me desculpa. A gente nunca briga... Vamos conversar, está bem?

Mas, mais uma vez, não obtenho qualquer resposta, o que me faz minha mente começar a se preocupar.

Autumn é muitas coisas. Ela é travessa, tem um gênio forte e gosta de responder a mais questões do que algumas pessoas achariam que é o ideal para a sua idade, mas nunca foi mal-criada. Ela jamais agiu de uma forma que me desrespeitasse, por mais rígido que eu me portasse, e mesmo quando nós dois brigávamos, nunca me punia com castigos de silêncio ou brigas longas.

Eu sabia como havia criado a minha filha. E também sabia que ela nunca me deixaria falando sozinho sem motivos como um bobo. Foi por isso que, ao não ouvi-la pela segunda vez naquele pré-almoço, eu entrei em pânico e, deixando o decoro de lado, coloquei a mão na maçaneta da porta para empurrá-la.

E, por alguma razão, não fico surpreso – embora fique desolado – quando Autumn simplesmente não se encontra lá.

Primeiro eu a procuro nos cantos do quarto, o que é inútil. Quero dizer, é um cômodo com móveis bem visíveis para uma criancinha de nove anos conseguir se esconder, mas, mesmo assim, estou em pânico, então começo a olhar por cada parte deles. Avalio o closet, onde roupas e alguns equipamentos de ginástica estão espalhados, mas não encontro nada muito maior do que um urso de pelúcia gigante que comprei para ela quando fez seis anos.

invisible string (taylor swift)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora