wondering where did my baby go...

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— Quando a gente veio buscar o bacon aqui e acabou sem levá-lo. A mamãe chorou.

Honestamente, fico sem palavras. Não sei exatamente o motivo, nem muito menos o que me deixa tão atônito, mas eu definitivamente não estava esperando uma informação tão clara e facilmente exposta. Talvez eu estivesse, mais uma vez, cometendo o erro de duvidar da capacidade da minha filha – afinal, eu duvidava muito que ela estivesse me repassando aquela atualização sobre o comportamento de Taylor sem qualquer intenção por trás –, mas vai saber.

— Nossa – Digo, cortando um pedaço do bacon bem frito do meu prato e rindo logo em seguida, tentando desconversar. —, é uma reação bem exagerada por um bacon, né?

— Não tem graça, pai – O furacãozinho cruza os braços, e o olhar que ela me reserva é impressionante. Quando seus olhos azuis encontram os meus, os lábios fechados em uma linha fina de impaciência e as sobrancelhas erguidas, quase sou assombrado por uma visão do passado, me obrigando a apagar a imagem irritada da sua mãe que surge em minha mente. Pelo tempo que Autumn demora para falar novamente, meu corpo se esvai de sangue e eu quase sinto meu rosto ficar pálido. — É sério.

— Tá legal. – Me desculpo, erguendo as duas mãos na lateral do corpo, esperando uma deixa dela para voltar a fazer piada. Mas a pequena terrorista de nove anos só me olha como se eu fosse um monstro, e então começo a me sentir meio mal de verdade. — Qual é, você está do lado dela, agora? Auts.

Porque, cá entre nós, eu achava meio injusto que eu tivesse tido todo o trabalho de criá-la e ela fosse simplesmente virar a casaca depois de uns três dias dormindo na casa da mãe. Meio imaturo da minha parte, mas enfim. A necessidade nos faz tomar decisões e ter pensamentos terríveis na mesma proporção.

— Por que você trouxe a sua namorada pra nossa casa?

— A Kayla não é minha namorada.

— Mas você estava beijando ela. – A constatação faz meu rosto se contorcer. Eu precisava admitir que me sentia pelo menos muito grato por Taylor ter impedido-a de testemunhar cenas capazes de lhe causar traumas, ou, pior ainda, capazes de lhe dar munição contra mim pelo resto da sua vida.

— Isso não significa que a gente está namorando, filha. A gente... Hã... Só namora quem gostamos de verdade, depois de conhecermos a pessoa por muito tempo e-

— Então você pode namorar minha mãe!

Eu engasgo com a pequena porção de ovo que há poucos segundos coloquei na minha boca, iniciando uma sessão de interminável de tosses que dura cerca de um minuto e meio. Me surpreende eu não ter simplesmente morrido.

— Autumn, a gente já conversou sobre isso. – Eu censuro a pestinha sentada na minha frente, com os olhos azuis tão grandes que sinto um pouco de medo. Preciso me lembrar, enquanto Autumn espera um sermão meu, que eu sou o pai no controle aqui, e começo a me perguntar quando as coisas desandaram tanto na minha autoridade. Ela costumava ser tão compreensiva. — Eu e a sua mãe não temos nenhum tipo de conexão além de você. Você é o único elo que nos impede de matar um ao outro.

Eu não teria tanta certeza disso, mas não arrisco em me contradizer. Quero dizer, tudo é meio óbvio. Sei porque sinto ressentimento de Taylor – e talvez esse meu sentimento seja ainda mais forte porque eu esperava que ela recebesse algum tipo de rejeição da filha que abandonou, mas Autumn só a acolheu de braços abertos, e o contrário também é verdade –. Sei também que boa parte da raiva que ainda fervilha em mim é por causa do fato de que eu a amo. Sempre vou amar. Ou talvez até achar uma substituta à altura.

— Não é verdade! – Minha filha, a garotinha que criei sozinho por nove anos, me fita com uma expressão que lembra relutância, mas com um tom que deixa claro que ela está tentando armar uma das birras que nunca costumou trazer à tona. — Você ama a mamãe! E a mamãe ama você!

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