E então me volto para Taylor:
— Você acha que pode funcionar? Você sai e eu e ela vamos pela porta dos fundos do ginásio?
A cantora limpa o rosto de novo, balançando a cabeça para cima e para baixo bem devagar. Ela parece pensar, e a expressão de estudo extremo que me recordo de sempre surgir naquelas linhas faciais maravilhosas todas as vezes em que estava concentrada em algo me deixa nostálgico.
Preciso parar com isso.
— Acho. Fico alguns minutos posando para eles enquanto vocês entram no carro, e aí...
— Você não pode ir sozinha.
Por mais vergonhoso que pareça, é a voz de Autumn que soa seca e decidida com aquela colocação, e não a minha. Quando ela diz, interrompendo Taylor de uma hora para a outra com o tom agudo e infantil, eu mal acredito, mas de repente me sinto um merda por não ter eu mesmo exigido a mesma coisa.
Quero dizer, sim, era para proteger a nossa filha, mas eu estava sendo mesmo escroto ao ponto de deixá-la ir enfrentar aqueles urubus sozinha, enquanto eu me acomodaria serenamente em meu carro, pronto para ir embora? Que tipo de ex-namorado/pai cooperador eu era?
Minha mãe teria ficado uma fera.
A cantora, porém, parece surpresa. Ela levanta os olhos para a criança que nos observa, procurando captar cada um dos movimentos dos adultos sentados – e discutindo – naquele ambiente que lhe é tão comum em seu dia a dia. Ainda assim, ao contrário do que se esperaria, Autumn não parece com medo. Pelo contrário; ela parece entender muito bem e nem sequer pestanejar em sua decisão.
— O que você está dizendo, querida? – Taylor pergunta, e consigo perceber pela maneira como ela tomba a cabeça para o lado, que realmente não entende.
— Que a gente não pode deixar você ir pra lá enquanto ficamos esperando no carro. – A pequena responde, como se fosse óbvio, os ombrinhos subindo e descendo para demonstrar que, o que quer que fosse que eu e Tay estávamos pensando, não fazia sentido algum. Em seguida, Autumn vira na minha direção e, puxando a manga da minha camisa, me olha com aqueles dois olhos azuis enormes para pedir a minha validação: — Né, pai? Você sempre diz que família é família. E que a gente tem que ficar junto, principalmente em situações ruins.
Fico sem palavras, minha mente funcionando a mil com a frase. Obviamente, ela tem tantas camadas que me esforço para sequer permitir o meu cérebro vulnerável de ter tempo para trabalhá-las – seria tão torturante quanto reviver o dia que Taylor me deixou sozinho com uma criança de colo para, em tese, nunca mais voltar, ou o dia em que Autumn teve o seu primeiro resfriado e nem Patrick, nem Brittany, os meus melhores amigos e pais de duas crianças, me atenderam para me dizer o que fazer.
Em suma, ainda assim, penso em tudo. No fato de que Autumn nos classificou como família, assim, sem mais nem menos e que nem pestanejou diante da ideia de acompanhar a mãe rumo aos jornalistas que nos cercavam do lado de fora. No fato de que ela provavelmente só fez isso porque escutou tudo o que Taylor me disse, em um desabafo sombrio, sobre estar tentando. No fato de que agora eu estava prestes a concordar com aquele plano porque, apesar de não querer lidar com a ideia de ter a minha filha exposta como a filha da maior popstar global da atualidade, sabia que aquela seria a nossa realidade mais cedo ou mais tarde, e não queria fazer a mulher devastada ao meu lado lidar com aquilo sozinha.
Além do mais, eu não queria que Taylor se sentisse culpada. Porque por mais que eu a odiasse por ter feito todas as outras coisas que fez, aquilo – toda a questão com os paparazzi e com a mídia abusiva – nunca seria culpa dela. Nem em um milhão de anos.
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invisible string (taylor swift)
FanfictionOnde Autumn vive com seu pai, uma estrela em ascensão no time vice-campeão do maior evento de futebol americano do país. Crescendo sem nunca ter conhecido sua mãe, a menina mantém a certeza de que um dia elas se encontrarão, mesmo que o destino as r...
would it be enough, if i could never give you peace?
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