invisible string (taylor swift)

would it be enough, if i could never give you peace?

"Você já teve muitos stalkers malucos?" Eu a perguntei uma vez, num dia em que estávamos no meu primeiro apartamento em Kansas City, bebendo cerveja e assistindo a algum seriado muito norte-americano. "Do tipo, que sabem até o lugar onde você mora?"

"Todo mundo sabe onde eu moro." Swift brincou na ocasião, sentando mais perto do meu colo como se a minha presença lhe trouxesse mais segurança. "Mas, sim, já tive um stalker maluco. Dois, para ser sincera, só que eles não foram nem de longe o pior de tudo isso."

"O que seria pior do que um stalker maluco, linda?"

Taylor não disse nada por um tempo. Ela olhou para mim, uma tristeza descomunal alcançando seus olhos alegres de uma hora para a outra, como se pudesse me mostrar todas as vulnerabilidades que existiam em seu coração naquele momento. Então, depois de soltar o ar, deitou a cabeça em meu ombro e, com cuidado, sussurrou:

"A imprensa. E a forma como elas arrastam todo mundo que eu amo para o bueiro de invasão de vida pessoal onde estou."

A gente não falou mais disso. Ela estava sempre se mostrando para os paparazzi quando não estávamos saindo juntos, nos períodos em que eu me encontrava na minha bolha de KC, e ela na sua, em Nova York. No entanto, eu percebia que sempre que Taylor e eu nos encontrávamos, ela pedia para irmos com cautela, para nos escondermos da mídia, para darmos valor a nossa privacidade. Agora eu enxergava, depois de muitos anos julgando-a por ter ido embora com o argumento de que não queria que Autumn fosse exposta exatamente àquilo tudo, que o que ela não desejava era que as pessoas que amava também experimentassem a dor de ter toda a vida revirada por um monte de abutres cuja principal função era acabar com a reputação dos outros de propósito.

Quando estou de volta ao presente, a lembrança dos dias de nosso relacionamento desfrutando a paz que tínhamos somente sob o conhecimento de um, do outro e das nossas famílias revirando o meu estômago, me sinto, pela primeira vez na vida desde que ela saiu da minha, mal por vê-la daquela forma. Quero consolá-la quando vejo que ela não consegue mais conter as lágrimas e dizer que também estou com medo pelo que está acontecendo, mas não consigo, me contentando com um suspiro de apoio que sai meio abafado.

— Eu vou na frente. – Taylor murmura, o som da sua voz parecendo algo rouco, como alguém recém saído de um resfriado. Eu reconhecia aquele tom perturbadoramente; ele sempre saía de seus lábios quando ela estava magoada. — Posso sair, e ficar conversando com eles, e então vocês vão para casa. Chego depois.

— Você vai enfrentá-los sozinha?

— Faço isso todo dia. – Ela tosse, os braços se cruzando na frente do estômago, semelhante a como estariam se ela estivesse se sentindo enjoada. Fico me perguntando se é isso; se a mãe da minha filha está passando mal. — Só não deixe eles verem a Autumn e vai ficar tudo bem.

— Por que eles não podem me ver? – A garotinha que nos cerca pergunta de repente, só então me fazendo lembrar que ela podia escutar a nossa conversa, assim como decifrar as nossas expressões. Quando Taylor estremece em seu lugar, o corpo parecendo cansado e os olhos ainda mais úmidos do que antes, eu quase a questiono se ela estava se dando conta da mesma coisa que eu. — A gente tira fotos para paparazzi o tempo todo, pai.

— Eu sei, furacãozinho. – Respiro fundo, me voltando para o rosto confuso e infantil que me olha como se eu fosse um maluco. — Mas é diferente com a mamãe; os repórteres que estão atrás dela sempre são meio... Hã, mal-educados. – Com certeza "abusivos" não seria um adjetivo totalmente adequado para se usar com uma criança de nove anos. — Acho que... Acho que eles querem saber sobre nós três. Sobre o que está acontecendo, o motivo dela estar aqui e tudo o mais.