— Ela me escolheu para ganhar o chapéu, papai! E depois me deu ingressos para o show de amanhã.
Lentamente, a pequena em minha frente retira o que agora eu sei se tratarem de credenciais exclusivas de seu pescoço. Ela os estende para mim, com toda a sua postura de ginasta, e é bem nesse momento que sinto que vou desmaiar.
Honestamente, eu não acho que já cheguei a odiar Taylor, dado o tanto que a amava – que sempre amei. Não até esse minuto, pelo menos, quando vejo minha filha com os olhos úmidos de tanta emoção, claramente esperando uma reação animada da minha parte como resposta àquele anúncio.
Eu uma defesa que sei que não é necessária, eu sempre tentei entender os motivos da mãe de Autumn para optar deixá-la. Nunca falei mal dela para nossa filha e nunca falaria, porque jamais concordaria em difamar para uma criança uma mulher que foi tão importante em minha vida. No entanto, diante da situação que estou vendo, me sinto furioso.
Porque Taylor quebrou a promessa. Ela foi embora e nos procurou, mesmo quando eu pedi que não fizesse mais isso.
Preciso lutar contra a raiva. Não posso demonstrar para Autumn que estou chateado quando ela parece tão feliz, então a encorajo a me contar. Ela diz tudo sobre quando viu a cantora favorita – por Deus, a mãe – em cima do palco da turnê e a abraçou. Conta como uma mulher ruiva procurou por Lindsay depois que o show acabou, para lhe entregar as credenciais, e, por fim, durante o momento mais doloroso da minha existência, fala sobre a mãe.
Nunca pensei que ouviria minha filha ditar as características físicas da mulher que amei tão perfeitamente. Nunca havia passado pela minha cabeça ouvir Autumn falando que "a Taylor Swift tem os olhos azuis como os dela" ou que seu cabelo fica encaracolado quando o tempo fica mais úmido.
— Que nem o meu faz! – Ela completa, e é bem nesse momento que meu coração se estilhaça no fundo do meu peito. — Não é legal, pai?
— Muito legal, Auts. – Escondo o nó da minha garganta com um pigarro torto, meu estômago passando a doer de repente. Por sorte, Autumn está tão em êxtase com sua aventura noturna que nem percebe. Ela continua tagarelando quando eu a mando para o banho, e posso ouvi-la cantarolar as músicas de Taylor depois que ela entra no banheiro, fechando a porta atrás de si.
Tenho a sensação de que vou quebrar. Sento na cama da minha filha, revivendo os minutos anteriores, só então processando que ela tinha visto – pior, abraçado e interagido com – a mãe que lhe abandonou no passado. Que desistiu dela na primeira adversidade.
Me sinto um pai péssimo por ter deixado-a ir. Me sinto ainda pior por não poder compartilhar aquela informação com ela, por não ter coragem suficiente para desprezar Taylor como deveria, por ela ter rompido nosso acordo. Por ter feito a nossa filha inocente ser enganada e acreditar que aquela noite faria algo de bom para a sua vida.
— Pai? – A voz de Autumn me tira do transe quando eu a vejo surgir no quarto, em seu pijama felpudo e quente que ela insiste em usar, mesmo durante o verão. — Você tá legal?
— Ei, meu amor. – Levanto minha cabeça depressa, só então percebendo que ela havia estado entre os meus joelhos, numa clara postura de fraqueza que não deveria acontecer ou ser exibida. Autumn não podia, ao me ver daquela forma, deduzir que eu me sentia chateado por qualquer coisa. Era meu dever protegê-la, e não o contrário. — Já terminou? Vamos dormir?
— Você está triste?
Ergo meu corpo e vou na direção dela, mexendo a cabeça em negativo. Minha filha levanta uma sobrancelha, com a expressão levada que só ela tem, e eu me permito ter a liberdade de colocá-la nos braços para levá-la até a cama.
YOU ARE READING
invisible string (taylor swift)
FanfictionOnde Autumn vive com seu pai, uma estrela em ascensão no time vice-campeão do maior evento de futebol americano do país. Crescendo sem nunca ter conhecido sua mãe, a menina mantém a certeza de que um dia elas se encontrarão, mesmo que o destino as r...
sending signals to be double-crossed
Start from the beginning
