and i may never open up the way i did for you

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Um mau pressentimento me atinge quase que instantemente ao ouvir as palavras da mulher loira ao meu lado. Porque eu imagino que não podem estar acontecendo tantos shows assim aqui ao mesmo tempo, especialmente shows que envolvam espetáculos do interesse de garotas na faixa etária aproximada de Autumn.

Acho que vou desmaiar. Sério mesmo.

— E... Bom, todas as outras meninas daqui da turminha da ginástica delas vão, e quando a minha Hailey perguntou para Autumn se ela também iria, ela me contou que não tinha um ingresso. Então pensei...

— Não. – Respondo sem pensar, só então percebendo que fui um pouco rude, e então limpo a garganta. — Quero dizer, desculpe, Lindsay, não quero ser grosso, mas eu me preocupo bastante com a Autumn e não gosto que ela participe desses eventos.

— É um show de música pop. – Posso perceber os olhos azuis daquela mulher se revirando, como  se ela me achasse um cara patético, obcecado pela educação altamente centrada em esportes da filha. Como se eu fosse um babaca que não quisesse ver a minha garotinha se divertindo. — Ela merece um dia de diversão com as colegas de time. E não estou pedindo para você pagar, embora imagine, perdoe a indelicadeza, que dinheiro não seja um problema.

"É um convite para que a sua filha aproveite a tarde com as amigas, senhor Kelce, mas entendo se..."

Você não entende, sinto vontade de dizer, um pouco zonzo demais pensando nas palavras enviadas de Taylor para mim mais cedo. A confissão de que vinha sentindo falta de nossa filha durante todos aqueles anos. O convite. O "atenciosamente" escrito nas últimas linhas, como se aquela fosse uma mensagem formal para alguém que não conhecia mais.

Acho que, de fato, nós não nos conhecíamos mais.

Estou prestes a continuar ouvindo o sermão de Lindsay quando ela para. Não sei porque ela desiste de início, mas logo entendo: o treino terminou e as garotas estão vindo em nossa direção, todas elas se juntando a nós, algumas mais animadas do que outras. Cada criança encontra a sua mãe, e Autumn vem pra mim com uma alegria contida, um pouco diferente da que exibiu quando me viu na arquibancada pela primeira vez naquele dia.

— E aí, campeã? – Pergunto para minha filha, dando um tapinha em seu ombro e lhe observando ir na direção dos armários, de onde ela tira seus pertences. Não posso deixar de observar que todas as outras mães estão ali, segurando os agasalhos das filhas e lhes estendendo lanches variados, definitivamente mais bem caprichados do que as barrinhas de cereal proteicas que compro para a minha.

Autumn veste o casaco sozinha, indo até quem eu descubro ser Hailey para conversar alguma coisa. Ela se afasta de mim enquanto eu a assisto interagir com as colegas, um pouco maravilhado ao vê-la conversar com outras crianças. Não que aquilo não acontecesse; eu sabia que minha filha tinha amigas e que era muito sociável, mas, mais do que isso, ela conhecia aquelas mães, cumprimentava cada uma delas com um sorriso simpático e ria de alguma coisa que uma das garotas falava, em uma voz engraçada. Como se pertencesse ao grupo.

Algo pesa em meu estômago, e penso em todos os momentos que me esforcei para mantê-la segura. Eu passei tantos anos da minha vida tentando fazer com que Autumn não soubesse nada sobre a mãe para não se frustrar, que acabei privando-a de conhecer aquele mundo. O mundo que toda menina precisava, e que me fazia me ressentir cada vez mais de Taylor por ter tirado aquilo dela.

— A Autumn vai poder ir ao show da Taylor Swift, mamãe? – A voz de Hailey inunda meus tímpanos, e meu peito aperta com uma martelada quando os olhinhos azuis cheios de expectativa da minha menina voltam-se em minha direção.

— Infelizmente não, querida. – Lindsay diz em voz alta, e um grito em uníssono de vários "aaaahs" em tons infantis femininos esbraveja do grupo unido, como se todas estivessem muito desapontadas.

invisible string (taylor swift)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora