— Você vai ver o resto do treino?
— Sim. – Falei, balançando os ombros, como se aquilo fosse rotineiro para mim. — Mas não se sinta pressionada. Finja que não estou aqui.
— Vou fazer um flic-flac frontal pra você ver, papai. – Ela se move na ponta dos pés, de repente muito ansiosa para voltar ao trabalho. Eu encosto em seu pescoço com a mão, guiando-a na direção do tablado como meu pai costumava fazer comigo no campo de futebol. Autumn ri.
— Olha lá pra não se machucar, hein?
Minha filha não responde nada; só executa uns pulinhos felizes e corre na direção do aparelho onde estava treinando, em cerca de segundos pronta para fazer toda a sua rotina de novo. Com o canto do olho, eu a assisto pular no trampolim e começar a praticar as entradas do aparelho, seguida de uma reversão para a frente perfeita. Eu a observo com orgulho e então, meio a contragosto, decido ir sentar na arquibancada, formando uma distância segura do grupo de mulheres que já me encara de longe.
Fico ali por um tempo em completo silêncio, evitando fazer contato visual e apenas me concentrando em assistir o desempenho de Autumn, que, sem dúvidas, está brilhando na trave. Ela gira e faz saltos acrobáticos em uma postura impecável, sorri para os jurados imaginários que deviam estar embaixo do aparelho e faz o desmonte mais uma vez, cravando de novo para correr na direção do magnésio e espalhar um pouco pelo collant, como uma ginasta adulta. Sinto que posso morrer de orgulho dela, daquela menininha que passou por tanta coisa, mas que superou seus próprios obstáculos encontrando uma paixão no esporte. Quase como eu.
— Você deve se sentir bem feliz com o desempenho dela. – Ouço uma voz me chamar e tomo um susto quando percebo que se trata de uma das mulheres do grupo de mães. Ela tem cabelos curtos e loiros – pintados, definitivamente não como os da Taylor – e olhos cinzentos que me encaram com curiosidade. Segura uma lancheira, e eu estremeço por dentro quando a vejo se aproximar. — Sou Lindsay. Mãe da Hailey.
— Sou Travis. – Respondo, sem dar muita atenção, mas usando o mínimo de cordialidade que se espera de mim. — Pai da Autumn.
— Nós sabemos quem você é.
Viro o corpo na direção do restante do grupo, que parecia à espreita para me abordar se fosse preciso. Elas sorriem quando meu rosto para para analisá-las, e preciso respirar fundo quando percebo que caramba, são mesmo apenas mulheres. Não tem sequer um pai ali para me dar um apoio.
— A Holly é muito sua fã. – Lindsay aponta para uma mulher de cabelos e olhos escuros, que sorri nervosamente quando eu paro para observá-la. É bonita, sem dúvidas, mas não estou disposto a começar um relacionamento com uma mulher que também faz parte do grupo de responsáveis do time para o qual a minha filha compete. E nem em um milhão de anos eu envolveria este ser humano em uma transa casual comigo. Seria a receita perfeita para a catástrofe. — Ela esteve no seu último jogo.
— É um prazer. – Me sinto prestes a perguntar se ela quer uma foto, mas desisto. É meio petulante da minha parte.
— Então, hã... – A loira sentada ao meu lado percebe que está me perdendo no diálogo, então continua a enrolar, olhando para trás para encarar as amigas como se precisasse de uma espécie de apoio moral. Eu ignoro tudo ao meu redor e me concentro em Autumn, bem na hora em que ela faz um desmonte completo da trave, cravando um rodante-flic com mortal para trás. Aplaudo orgulhoso em um pulo de supetão e Lindsay recua, mas só por tempo suficiente de eu voltar ao meu lugar. — Eu estava pensando...
Paro para encará-la, sabendo que quase nada de bom vem depois daquela frase.
— Hailey estava muito animada para um show que vai ter aqui em Kansas City. Ela ia com a prima, eu acompanhando-as, é claro, mas tivemos um imprevisto e a sobrinha do meu marido não conseguiu viajar. Ela mora no Texas.
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invisible string (taylor swift)
FanfictionOnde Autumn vive com seu pai, uma estrela em ascensão no time vice-campeão do maior evento de futebol americano do país. Crescendo sem nunca ter conhecido sua mãe, a menina mantém a certeza de que um dia elas se encontrarão, mesmo que o destino as r...
and i may never open up the way i did for you
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