and i may never open up the way i did for you

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O meu contato de celular continua o mesmo. Caso você queira falar comigo por lá. Se não responder, vou entender. Espero que vocês dois estejam bem, independente de qualquer coisa.

Atenciosamente,

Taylor.

Preciso de um tempo para absorver as palavras, mesmo já tendo lido elas pelo menos umas vinte vezes. O misto de letras me deixa enjoado. O convite, para ser sincero, me deixa enjoado, como se ela estivesse derrubando o muro que criei para nós, ou buscando uma forma de destruir pelo menos uma parcela dele.

Por um momento, enquanto penso na mensagem pela milésima vez naquele dia, sufocado pelos limites do meu carro, sou supreendido pelos dois olhos de Taylor de supetão em minha mente, a imagem do seu rosto perfeito me deixando tonto e relembrando de momentos que eu não gostaria de me lembrar. Mas eu me lembro de cada coisa de uma maneira quase deprimente, mais ainda quando vejo traços dela em Autumn, quando me esforço para escondê-los da minha mente e finjo esquecê-los.

Ela está por toda a parte. Aquela mulher de orbes azuis hipnotizantes, sorriso simples e cabelos loiros tão perfeitos que eu poderia me afundar neles; ela me destruiu quando foi embora, e desde então vem protagonizando todos os "e ses" existentes em meu subconsciente, com uma destreza de dar inveja. No fundo, acho que a odeio por nunca ter conseguido esquecê-la, mesmo quando ela não hesitou em sair das nossas vidas – minha e da filha que compartilhávamos – com uma desculpa esfarrapada.

E agora ela nos quer de volta, pensei, concluindo com uma raiva descomunal crescendo no meu peito que a invasão da parte da mulher que mudou a minha vida nem sequer era justa. Ela que tinha escolhido ir embora, afinal. Foi ela que, covardemente, me entregou Autumn e me disse para criá-la. O que a fazia crer que tinha o direito de voltar agora, depois de nove anos, e tentar construir um contato?

Eu me recosto no banco com um suspiro forte. Estou cansado, porque fiquei relendo aquela porcaria daquele emaranhado de linhas todas juntas, enquanto me esforçava para dar um sentido ao momento, preso na realidade que havia sido a minha desde que a minha filha nascera.

Taylor me deixou. Ela nos deixou, e eu sei que preciso internalizar isso para não ceder.

Frustrado, jogo o celular em um dos porta-copos dispostos próximos ao painel do carro. Não quero ter que ver o telefone de novo e, justamente por isso, prefiro me distrair com outra coisa. Desço do veículo em que estou e então, indo contra todos os meus princípios de pai solteiro, relativamente famoso e que, definitivamente, não está interessado em arrumar uma namorada em Kansas City, vou andando na direção do ginásio onde Autumn está treinando, junto de suas coleguinhas de nível.

Eu adoro vê-la praticando ginástica. Não sou um daqueles pais excessivamente preocupados com a segurança física de seu filho a ponto de não conseguir vê-la fazer uma acrobacia sem passar mal. Quero dizer, não me entenda mal; eu amo a minha filha e tomo cuidado com a integridade corporal dela, mas confio em suas treinadoras para ditarem o limite que ela pode alcançar, e tenho orgulho de dizer que me sinto bem alegre quando a vejo executar os passos com precisão. Na verdade, acho que uma das minhas maiores alegrias registradas vêm de momentos em que ela acerta alguma cambalhota, e então sai correndo na minha direção para me mostrar. No final das contas, Autumn é apenas uma criança, e a ginástica também faz parte da sua diversão – não se trata apenas de uma atividade obrigatória.

A questão não é assistir ao treino. Na verdade, provém mais da companhia que estará assistindo ao treino comigo; isto é, as mães das colegas de time de Autumn, em sua grande maioria solteiras ou separadas, que parecem nunca se cansar de ver um pai igualmente solteiro cuidando de sua filha enquanto maneja, em concomitância, a vida pessoal e o trabalho. Elas estão sempre me rondando como senhoras fofoqueiras para saberem com quem estou saindo, e preciso desviar de seus olhares curiosos (ou incrédulos) constantemente quando, sem perder a educação, respondo que (1) "Não, eu não tenho ninguém no momento" ou (2) "Sim, continuo famoso e não tem nenhuma celebridade de igual relevância paquerando comigo em aplicativos de relacionamento".

invisible string (taylor swift)Where stories live. Discover now