Capítulo 12

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R A F A E L 

Depois que a minha cabeça parou de girar como um carrossel, algumas coisas começaram a vir a tona e eu fui entrando em um pequeno pânico a medida em que comecei a entender tudo o que havia acontecido. Talvez eu tenha me desesperado um pouco — muito.

Embora eu houvesse ''planejado'' isso, eu não pensei que conseguiria ir até o fim. O que diabos foi que eu fiz? Não deveria nem ao menos ter cogitado esse tipo de coisa, não foi justo com o Miguel e agora eu me sinto um pouco mal pelo ocorrido, no entanto, não me arrependendo disso.

Apesar de que eu estava há vários dias com uma pulga atrás da orelha em relação a todas essas coisas, principalmente com o fato de eu ter muitas dúvidas em relação a mim mesmo — quem eu realmente sou ou quem posso ser —, chegar a esse ponto — vendo tudo isso, sem o efeito do álcool —, me parece um pouco ''estranho'' demais.

A minha cabeça ainda dói e sempre me vem imagens daquele momento.

Há poucas horas eu estava na sala, dançando e depois beijando o meu melhor amigo e essa pode ter sido a minha maior loucura. Agora, o meu maior medo é de que ele queria se afastar de mim — com razão, por usá-lo, com a desculpa de estar bêbado, para beijá-lo e também pata sanar as minhas dúvidas.

Pela manhã, a primeira coisa que farei, será conversar com o Miguel, isso é, se ele quiser conversar comigo. Tenho impressão de que estraguei tudo, principalmente a nossa amizade e não é isso que eu quero.

Acredito que não conseguirei dormir. Sempre que fecho os meus olhos, o momento em que eu o beijei ocupa toda a minha mente.

Há algumas horas eu era hétero, mas agora o que eu sou? Talvez eu ainda continue sendo de fato um homem hétero, afinal de contas, aquilo foi somente um beijo e não passará disso. O que aconteceu entre o Miguel e eu foi apenas um beijo em um momento de fraqueza e dúvidas em que eu me encontrava. Por que não paro de pensar naquele beijo?

...

O meu reflexo no espelho para o de alguém que morreu e esqueceram de enterrar, mas já é de se esperar, tendo em vista que eu não dormir absolutamente nada. Passei toda a noite olhando para o teto do quarto, pensando em mim, pensando no Miguel, pensando no nosso beijo e pensando no que fazer. Pode ser que esse tenha sido o maior erro da minha vida e eu não quero perder o meu melhor amigo por uma besteira que fiz.

Depois que saí do banheiro, fui para a cozinha, já que por esse horário o Miguel deve estar sentado ao balcão e tomando o café da manhã, mas assim que saí do meu quarto e fui para sala, eu não o vi lá e nenhum sinal de comida a vista. A única coisa que vi foi somente a sala um pouco bagunçada, algumas latas de cerveja na pia e na mesinha de centro, bem como muitas embalagens de comida.

Após limpar tudo, eu resolvi que iria até o seu quarto, pois ele ainda não apareceu e ele jamais demora tanto para vir tomar o café da manhã e por mais que ele tenha saído de casa, ele já deveria ter voltado e até então, nenhum sinal dele.

Lentamente fui caminhando até o seu quarto, pois estava muito nervoso e eu também necessitava conversar com ele, mas assim que abri a porta, o vi todo enrolado na cama, mesmo que a manhã estivesse quente e por não termos ar-condicionado, somente ventilador, achei aquilo tudo estranho.

— Miguel, acorda! — O chamei, calmamente e me aproximei um pouco da sua cama, mas a única resposta que obtive foi um gemido e nada mais — Você está dormindo? — Me sentei na ponta da cama — Precisamos conversar...

Ele continua enrolado e quase imóvel, então me levantei e fui até o seu lado e o vi suar bastante e ao levar a minha mão até a sua testa, quase foi queimada, de tão quente que a sua testa estava.

Rapidamente sai do seu quarto e busquei um remédio, para que abaixasse a sua febre.

...

Logo que terminei todo o meu trabalho, eu fui até o seu quarto, para ver se ele estava melhor, pois quase não comeu nada durante todo o dia, apenas bebeu muita água e suco, pois eu o forcei a bebê-los, mas o encontrei se vestindo, como se fosse para a universidade.

— Aonde pensa que está indo? — O questionei, assim que entrei em seu quarto.

— E-eu preciso ir parar a faculdade... — Ele respondeu, um pouco distante e exausto.

— Você não vai — Me aproximei dele, impedindo-o de vestir a camisa.

— S-solta... — Ele pediu, sem ao menos me olhar.

— Não, Miguel! Você não vai sair de casa hoje, porque simplesmente não estar em condições de fazer isso — Falei, tomando a sua camisa e jogando-a em cima da cama.

— Você é muito chato — Ele sentou-se na cama e logo caiu para o lado.

— Você está melhor? — Me aproximei dele e pus a mão em sua testa e felizmente, a sua febre estava passando.

Por que diabos ele estava querendo ir para a faculdade nesse estado? Ele sequer está conseguindo ficar de olhos abertos.

— D-deita comigo... — Ele pediu, ainda de olhos fechados.

Eu apenas fiz o que ele pediu e lentamente fui me deitando ao seu lado e me esforçando ao máximo para não pensar em ontem à noite. Mas, assim que me deitei, ele virou-se para o meu lado e me abraçou, me deixando um pouco sem reação, mas, ao mesmo tempo, feliz, de uma certa maneira.

— Você está se sentindo bem? — Perguntei calmamente, enquanto levava a minha mão até a sua cabeça, acariciando os seus cabelos e apenas deixando que tudo isso acontecesse.

— C-cansado... — Ele respondeu com certa dificuldade — E- desc-cansar...

— É, eu também estou cansado... — Disse, olhando para o teto — Quando você estiver melhor, vamos conversar.

— Co-conversar — Ele bocejou — E-eu...

— Não precisa dizer nada, apenas descanse.

— N-não v-vai embora — Ele me apertou um pouco.

— Eu não vou.

Um silêncio se formou e ele ainda continuou colado ao meu corpo, mas fiz o máximo para não me mexer e acordá-lo.

Queria saber o que ele está sonhando ou talvez pensando.

Quero muito conversar com ele sobre o que aconteceu e me desculpar por tudo aquilo, mas nessas condições será impossível. É possível que quando ele estiver melhor, sequer se lembre que eu o beijei. Ele deve me achar um louco por isso. No entanto, o mais importante agora é que ele melhore e amanhã esteja completamente disposto.

Fechei os olhos, na esperança de conseguir dormir um pouco, esvaziar um pouco a minha mente e pensar que algum dia possa existir uma remota possibilidade eu o beijar novamente.  


N: 22/04/2024

Olá, tudo bem? Espero que sim! 

E aqui temos mais um capítulo e eu espero que tenham gostado.

O que será que vem por aí? Rafael está com muitas dúvidas e ele pode querer que isso fique apenas no passado e nunca mais se repita, afinal de contas, ele é hétero, não é? O que vocês acham? Me contem tudo e.e 

Até logo O/

Então é... Amor (Romance Gay)Where stories live. Discover now