capítulo vinte e quatro

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Havia alguém batendo na porta do meu apartamento, e eu não tinha condições alguma de levantar, meu corpo estava dolorido ao extremo, meu nariz está entupido, minha garganta está seca, e o meu celular sem bateria alguma.


Estava com milhares de cobertas em cima de mim, tentando amenizar o frio que piorava, meu corpo tremia por dentro me fazendo rangir os dentes.


O trinco da porta havia sido destravado, pude perceber isso, mais sem sucesso para reagir, poderia ser Harry ou Clara.

- Lawrence....acorda.- ao abrir os olhos, o fechei rapidamente, eles haviam começado a lacrimejar.

A voz era conhecida, uma voz tão doce que me encantava, poderia ser uma mera coincidência, mais a voz me lembrava de Camila.

As cobertas foram tiradas de cima de mim, me agoniando por inteiro, o frio parecia estar pior do que já estava, uma súbita vontade de chorar veio a tona.

- está queimando em febre.- tocou minha testa molhada.- abra os olhos lawrence.- era Camila, conhecia de longe o timbre de sua voz.

Com muito custo, abrir os olhos, focando aos poucos a visão na mulher me olhando fixamente, parecia preocupada.

- Camila...- minha voz saiu baixo porém, muito rouca, uma tosse veio em seguida, forçando o meu peito.- está doendo.....

- você precisa ir ao médico, vamos, se sente.- com sua ajuda, me sentei, Camila retirou minhas roupas grossas, me deixando apenas com uma camisa fina.

- estou com frio Camila....- algumas lágrimas saíram de meus olhos.

- eu sei, mas é preciso que você colabore, onde está os seus sapatos e documentos?.

- no quarto o sapato, e minha carteira no guarda roupa.- murmurei, cada movimento brusco me fazia fechar os olhos pela dor.

Com passos apressados, Camila foi até o quarto, demorou cerca de três minutos, ela voltou com dois moletons dobrados, os colocando em sua bolsa juntamente a minha carteira, ela se abaixou para pôr meus tênis, se levantando em seguida.

Logo saímos do meu apartamento, tinha os braços nos ombros de Camila, tendo uma forma de apoio enquanto caminhava, ao pisar na rua , um gemido saiu de meus lábios, estava prestes a chorar pelo frio horrendo que estava fazendo.

Em seu carro, ela ligou o aquecedor , mas isso parecia não ajudar, pois tremia de ranger os dentes.

- como está, Elise....- me arrisquei a pergunta.

- bem, a deixei dormindo com Dinah, sabe que horas são?.- neguei.- onze e quarenta e dois da noite, você comeu algo?.

- acho que.... há uns dois dias atrás, comecei a me sentir assim na noite da delegacia.

- está sem comer esse tempo todo?, você precisa se alimentar.- me olhou de relance, Camila dirigia com cuidado, pois as ruas estavam cobertas pela neve.

- não tenho fome...como achou minha residência?.

- tem na sua ficha da empresa.- ela parecia não querer conversar comigo.


Pouco tempo depois, estávamos andando pelos corredores frios daquele hospital, por incrível que pareça, estava relativamente vazio, Camila me colocou sentado e foi a recepção, ao voltar ela tinha uma foto 3x4 em mãos, fechei os olhos praguejando por ter deixado sua foto em minha carteira.

Ela sentou ao meu lado calada, e calada ficou, não demorou muito para que a televisão mostrasse o número que estava em suas mãos, Camila me levou para a sala da triagem, e me esperou do lado de fora.

- Lawrence jauregui....o que houve?.- simpática, sorriu a mulher que iria me atender.

- dores no corpo, na garganta, tenho três dias de febre, minha visão fica turva e sinto muito frio.

- consigo ver.- sorriu, parecia engraçado me ver naquele estado.- tem alguma alergia a medicamento?.- neguei.- aguarde ser chamado pelo médico.- ela colocou uma fita amarela em meu braço.- melhoras.

Me coloquei para fora da sala, segurando a mão de Camila por instinto, sentamos em outra ala, esperando que eu fosse chamado, por ser um hospital particular, não demorava tanto quanto um público.

O meu número havia sido chamado, e fui encaminhado para a sala de raio-x, com muito custo, consegui sentar na cama que havia no local.

- vamos tirar um raio-x do seu peito, tire a camisa e deite-se.- tirei a Camisa, me deitando, o homem barbudo ajeitou seus óculos, ajeitando a máquina em cima de mim.- não saia daí.

Ele entrou em outra sala, e as linhas vermelhas passaram pelo meu peito, parando segundos depois.

- espere aqui fora, irei encaminhar o raio-x para o doutor.- assenti, vagarosamente saí de sua sala , parando ao lado de Camila, ainda sem camisa.

Com sua ajuda, ela me ajudou a colocar a peça e pediu para que eu sentasse, ela ficou em pé, me dando visão de sua roupa, Camila usava uma bota preta, calça jeans lavagem clara, e uma blusa de mangas e por cima, uma jaqueta preta, seus cabelos soltos a deixava mais bonita.

- sinto que vou morrer...- murmurei, chamando sua atenção.- me desculpe por fazê-la perder o seu tempo.- só naquela brincadeira, já são uma e quatorze.

- fiz isso por causa de Elise, não me importo com você.- cruzou os braços, me olhando.- gosto de fazer os desejos dela, e não aguentei vê-la orando antes de dormir, para que você estivesse bem.

Elise é um anjo, sorri.

- não tiro o seu ódio de mim, você não se importar comigo ou ter qualquer outro afeto, são consequências minhas, eu procurei por isso , estava louco, transtornado, naquela noite, há anos atrás, quando fomos jantar naquele restaurante.....eu havia feito exames com comprovação de que eu tinha um transtorno, e foi naquela noite, que eu iria te contar o que eu tinha e iria começar a me cuidar com especialistas, mais aqueles policiais me levaram de você, ali eu vi que havia te perdido completamente, te falar isso não faz mudar o passado, mais deixar de falar não muda o quanto eu te amo, eu sou louco por você, você foi a primeira e única mulher na minha vida, meu coração bate por você, eu mudaria tudo só para ter você ao meu lado novamente, me pedir para ficar longe não vai adiantar, pois eu não consigo ficar longe da mulher que eu amo.- com o cansaço em meu peito, respirei profundamente, sentido a dor dominar a falta de ar.


o outro lado do paraíso Where stories live. Discover now