capítulo treze

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- me explica isso direito, você realmente está trabalhando para Camila?.- Harry estava surpreso do outro lado da linha, havia saído cedo de sua casa e estava tomando café em uma cafeteria próximo a empresa.

- sim!, deus resolveu me ajudar, ficar perto dela nesse momento é o essencial hazz, eu só preciso focar no trabalho e não forçar as coisas entre a gente, respeito acima de tudo.- mordi o croissant recheado de presunto e queijo.- só de saber que eu estou no mesmo lugar que ela é um grande passo Harry.

- não, isso eu sei!, o que me impressiona é ela ter aceitado tão rápido, na minha cabeça ela não queria te ver pintada de azul!.

- eu iria de verde!.- sorri engolindo a massa que estava em minha boca.- agora preciso ir Harry, tenho vinte minutos para chegar na empresa e colocar meus miolos para funcionar depois de tantos anos.

- me avise quando estiver saindo daí, irei buscá-lo.

Arqueei as sombrancelhas.

- me buscar?, alguma ocasião especial?.

- você não lembra?, seu aniversário é daqui a cinco dias!.- arregalei os olhos, como assim?.

- algo está errado....eu não me lembro.

- não está não, irá ficar um ano mais velho!, como seu amigo, irei providenciar uma festa de arromba!

- imbecil!, isso era surpresa Harry!.- ouvi a voz de Patrícia, sorri negando.

- agradeço por terem lembrado dessa data tão insignificante, acho que ela não é tão importante assim, será um dia como qualquer outro.- suspirei.- no dia seguinte eu serei o mesmo.

Passamos alguns minutos ainda na conversa do aniversário, fiz Harry prometer que não iria fazer nada para mim, e ele prometeu que não fará nada.

Ainda tinha bastante tempo para estar na empresa, pedi outro café, apreciando a vista que a janela me proporcionava.

- olá....o senhor poderia pegar minha bolinha?, está no seu pé.- me virei para a garotinha que estava envergonhada olhando para o meu pé.

Olhei embaixo da mesa, achando uma pequena bolinha colorida, parecia ser aquelas que fica pulando diversas vezes.

Me estiquei para pegar o objeto, o observando entre meus dedos.

- uma bolinha bonita, como é o seu nome?.- perguntei-lhe, entregando o seu brinquedo.

- Elise!, é o seu?.- Elise sentou a minha frente, me olhando com seus grandes olhos castanhos.

- Lawrence!, Elise é um nome muito bonito.- a garota sorriu envergonhada.- onde está o seu responsável?.- observei seus trajes, ela estava com a farda de uma escola que havia ali perto.

- Ah.... Morgana está comprando cookie para o café, eu tomo café, sabia?.- sorri surpreso.- três colheres de leite em pó, duas de açúcar....

- e um pouco de canela....wow, eu tomo isso por anos!.


- é muito bom!, mamãe odeia.- fez cara de nojo.


- é delicioso Elise, acho que tem alguém lhe procurando.- observei a mulher olhar todo o local, parecia assustada, tinha uma aparência jovial.


- Ah, é só a Morgana, ei Ana!, estou aqui.- Elise levantou as mãos chamando a atenção da mulher que suspirou aliviada.


- não some assim!, sua mãe iria me matar pirralha.- suspirou enquanto caminhava.- Olá.....eu sou responsável por ela.


- ah sim, fique a vontade, Elise perdeu sua bolinha em meu pé, e acabamos batendo um papo.- sorri terminando o último gole do meu café.


Morgana parecia aliviada, colocou dois sacos de papéis em cima da mesa, sua barriga fez um barulho estranho, a fazendo se curvar para frente.


Elise reprimiu a risada me pedindo silêncio.


- eu....eu preciso ir ao banheiro, pode.... céus!.....pode olha-la apenas por alguns segundos?.- assenti vagarosamente.


Em segundos a mulher estava correndo entre as mesas para chegar ao toalete.


- Morgana não deveria me deixar sozinha.....- murmurou entediada.- foi apenas um laxante!.


- laxante?, garota!, você tem quantos anos?.- estava assustado com a garota a minha frente.

- nove!, aqui está muito chato.....


Me debrucei na mesa, ficando próximo ao seu rosto.


- onde conseguiu essa bolinha?.


- tem uma máquina ali na frente, também tem ursinhos!, tem um dólar aí?.- um sorriso perverso saiu de seus lábios.



Peguei a conta e fomos até às máquinas, lhe dei um dólar e não demorou muito para que a garota conseguisse pegar uma bolinha, maravilhado com a cena, coloquei um dólar na máquina de ursinhos, a garra ia para frente e para trás, a deixei posicionada, apertando o botão verde.

Desceu.

Desceu.

Porra!.


O ursinho escorregou me fazendo suspirar frustado.


- os ursinhos são muito difícil, acho que na bolinha o senhor consegue.- sorriu me passando confiança.- mais um dólar?.


Assenti, acabou que eu havia gastado uma nota com os brinquedos, e não havia pegado nada!, Elise tinha seus bolsos cheios de bolinhas, e uma pelúcia de jacaré.


Meu cabelo estava espetado de tanto que eu havia puxado, minha camisa social amassada e a gravata afrouxada, eu estava parecendo um louco.


Elise estava tentando pegar um ursinho pela última vez, era o seu único dólar, a garra desceu lentamente, se fechando contra a pelúcia amarela.


Demorou alguns segundos, até a garra subir jogando a pelúcia no local indicado, comemoramos dando pulos e gritos, ela me mostrou a pelúcia e eu quase tive um infarto.


- me dê esse urso Elise.....por favor.- pedi, juntando minhas mãos.


- hum hum, tem váriooos aí na máquina, esse é o Bob esponja!, nunca daria ele para você.- me olhou.- está bem grandinho para ganhar o meu urso!.


Frustado, deixei que minha cabeça batesse contra o vidro da máquina, eu apenas queria o bob esponja!.


- Elise?, vamos, você está atrasada para aula.- Morgana chegou ao nosso lado, ela estava suada.- obrigado por cuidar dela, até mais.- sorriu antes de sair puxando a menina, que virou para trás me dando língua.



- ora....que garotinha insolente!.- resmunguei chutando a máquina.



o outro lado do paraíso Where stories live. Discover now