capítulo doze

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Lawrence levava sua xícara de café aos lábios pela terceira vez, três colheres generosa de leite em pó, duas de açúcar e um pouco de canela, o mesmo pedido de todos os anos.


Optamos por almoçar em vez de tomar apenas um café, ele havia pedido uma carne que ainda estava sangrenta, apenas selada de um lado para o outro, o homem se deliciava com o animal.


Já no meu prato havia um pedaço de bife bem passado acompanhado por arroz branco e uma salada diversa.


- como está o seu avô?.- Lawrence deixou a xícara de canto, me olhando atento, parecia analisar todos os meus movimentos.


- lutando contra a idade, está na Flórida morando com Helena, sua atual companheira.- suspirei.- ele está velho, cada vez que tem uma parada respiratória e é levado para o hospital, o médico só faz medica-lo, já deixou bem Claro que não tem jeito, por isso não o internam.


- ele é um homem forte Camila.....o seu herói, não é?.- inclinou a cabeça para o lado, Lawrence sabia de toda a minha vida, e parece lembrar de tudo.


- sim....- absorvi o líquido roxo deixando a taça em cima da mesa.- foi ver o seus pais?, clara estava ansiosa para poder vê-lo novamente.


Ele largou os talheres, havia ficado nervoso de repente.


- Harry me deixou na casa de meus pais, mas não foi uma boa ideia.- seu olhar desviou do meu, fixando em um ponto fora do restaurante.- Michael me deserdou da família, não sou mais o seu filho, a esse ponto já deve estar tirando o seu nome de minha certidão de nascimento.


- está dizendo que Michael o colocou para fora de casa?.- seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas que ele impedia de descer.


- o homem deixou claro que não queria me ver novamente, manchei sua imagem aqui fora e ele perdeu seu tempo tentando me fazer ser um homem, não criou filho para ser estrupador, criminoso, um homem sujo, e ele está certo.- sua voz estava embargada.- ele me olhou com tanto nojo, desgosto, o meu herói deixou de ser meu herói Camila....foi devastador ver o homem que você mais ama no mundo te deixando de lado, e a culpa foi totalmente minha.


- ele apenas estava de cabeça quente, depois pode tentar conversar com ele, você é o único filho dele, Michael só falou da boca para fora.- Lawrence limpou suas lágrimas abaixando a cabeça, parecia uma criança.


- desculpe por isso..... não quero que ache que eu estou me vitimizando para ganhar sua atenção ou algo do tipo, eu sei dos meus erros, sei o que eu fiz, e me arrependo amargamente..... naquele dia.- engoliu em seco.- naquele dia que saímos para jantar, eu disse que procuraria um psiquiatra para cuidar da minha doença, mas acabou que eu fui preso, e isso não me impediu de ser tratado, posso afirmar que estou curado e.....te peço para tentarmos um novo recomeço, podemos ser amigos?......


Sua sinceridade fez meu coração palpitar, queria lhe abraçar e dizer que ficaria tudo bem.


- não consigo criar desgosto por você, não consigo te odiar Lawrence, por mais que eu não sinta nada por você, eu não consigo te deixar para trás.


- então acabou. Não o amor, mas a gente. O sentimento vale a pena , mas a gente não, eu sei ir embora, sei recomeçar , sei te esquecer, te juro. Mas não sei parar de amar você.- sussurrou como se dependesse daquela frase.- eu te amo Camila....., dói não ter o sentimento retribuído, mas só de ter você aqui comigo, só de você conversar comigo, já é um grande avanço.


- me desculpe....... não mando nos meus sentimentos, a única coisa que eu sentia era nojo e repulsa.- admiti.- não posso te dar esperanças sem sentimentos, eu não o amo, não sinto nada por você, espero que entenda isso, nosso relacionamento vai ser extremamente profissional.


- te falei dos meus sentimentos sem esperar ou pedir algo em troca.- sorriu, Lawrence havia ficado chateado.- mas eu estou aqui para o que der e vier, pode me ligar quando estiver entediada, pode usar o meu ombro para chorar, pode descontar sua raiva em mim, me chamar apenas para ficar ao seu lado sem fazer nada, tudo o que vier de você Camila..... sempre será bem vindo.


- hum.....pode pedir a conta por favor?, preciso voltar para a empresa.- pedi encerando o assunto.


- como quiser.- ele se levantou indo até o caixa, um suspiro saiu de meus lábios ao vê-lo caminhar.


Lawrence estava tão diferente.... tão calmo, compreensivo, estava difícil acreditar em sua mudança.

o outro lado do paraíso Where stories live. Discover now