CAPÍTULO 16 - Um grande passo

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- Onde eu estou?


Um gemido saiu da boca de Teofilo quando acordou e tentou se mover.


- O senhor está no Hospital. Foi atropelado e está ferido - a enfermeira respondeu.


- Minha perna... o que aconteceu com a minha perna? Está doendo muito!


- Tenha calma - o médico falou ao entrar na sala. - Ele fraturou algum osso? - perguntou olhando para a enfermeira.


- Não. Nós vamos tirar o ferro que entrou na perna dele. O sangue foi estancado alguns minutos atrás, e eu já apliquei injeções para evitar alguma infecção.


O médico balançou a cabeça.


Os braços e o peitoral de Teofilo estavam rasgados. Assim como as pernas.


- Qual é o seu nome? - ele perguntou.


- Teofilo Lombardi - respondeu com dificuldade.


- É um milagre que não tenha sofrido fraturas ainda piores que estas - ele olhou os olhos de Teofilo com uma pequena lanterna. - Nós temos que dar alguns pontos na abertura que foi feita em sua perna. Amanhã mesmo o senhor já pode ir para casa, e permanecer em repouso até que se recupere completamente. Informe-nos o número de algum parente seu para se fazer uma ligação.


Teofilo pensou em Philip e deu o número dele, já que não tinha nenhum parente ali.


Ele olhou para a perna e arregalou os olhos, caindo para trás em seguida. Por isso a dor estava insuportável.


Quando caiu após ser atropelado, foi em cima de um amontoado de ferros que estavam próximos a uma placa de aviso. Então, um pedaço de um ferro entrou em uma parte de sua coxa da perna direita.


A enfermeira saiu para fazer a ligação, e outras duas enfermeiras entraram no lugar.


- Você tem que agradecer a Deus por esse livramento que recebeu hoje de manhã. Os motoristas que aguardavam na pista pensaram que você tinha morrido, pois não havia capacidade de escapar, já que o carro estava em alta velocidade - disse uma das enfermeiras que acabara de entrar.


Ele fechou os olhos e engoliu em seco. Ele estava muito tenso. Foi algo tão repentino, que nem deu tempo de virar para ver o veículo. A sensação de estar a poucos segundos da morte é algo aterrorizante.


Ele não havia visto o carro com o motorista irresponsável. E naquele momento, saber que poderia ter morrido, lhe fez refletir a respeito da vida.


Em um certo tempo, ele achava que sua existência era insignificante. Mas naquele momento, percebeu o quanto a vida era preciosa.


A vida é um sopro... um sopro. De que maneira devemos viver? Para onde iremos quando tudo isso acabar? Aqui não é o fim... não pode ser.


- Vai doer um pouco - a enfermeira disse, tirando Teofilo de seus profundos pensamentos.


O ferro não era tão grande, mas quando foi tirado, a dor atravessou-lhe a alma. Ele somente grunhiu, mas não gritou. Em resposta, suas lágrimas foram caindo.


Apesar do sofrimento, Lombardi sentiu-se profundamente grato por não ter sofrido nada pior. Afinal de contas, poderia ter morrido.


Todo cuidado é pouco nesta vida. De que forma devemos aproveitá-la?


Há alguns dias atrás, ele leu o capítulo 2 do Evangelho de Marcos, na Bíblia que ganhara de Philip Spielberg. E nesta passagem, lhe chamou atenção o versículo 17, que diz: Ouvindo isso, Jesus lhes disse: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores."

Dos Escombros à OlariaWhere stories live. Discover now