— Boa tarde, senhora — disse Ross. — Poderia ouvir algumas perguntas que tenho a fazer?
— Sim, rapaz. Pode fazer. Sobre o quê?
— Sobre aquele casarão — ele apontou. — A única coisa que sabemos é que foi construído no final do ano de 1890. Sabe algo sobre quem morou lá, ou há quanto tempo está abandonado?
A mulher ficou gélida, em silêncio.
— Senhora, está tudo bem?
— Sim, está. Me perdoe. Qual o intuito dessas perguntas?
— Que mente a minha! Me desculpe também. Nós fazemos relatórios sobre casas antigas e abandonadas para serem guardados em um acervo.
— Tudo bem — ela balançou a cabeça.
— Qual é o seu nome? Precisamos de seu nome para registrar sobre quem nos deu as informações.
— Catherine Bovary.
Ross Carter anotou o nome da mulher, e aguardou que ela dissesse alguma coisa. Poucos segundos depois, Catherine, olhando na direção da casa, começou a falar:
— Essa casa pertencia a Carlton Raymond. Ele foi o primeiro a morar nela. Com o passar dos anos, a casa ficou para seus descendentes, até os anos 50, quando repentinamente foi abandonada por seu bisneto, Olavo. Os móveis ainda estão lá.
— Eles tinham algum papel de destaque na cidade? — perguntou Helena Lauper, uma das colaboradoras.
— A família Raymond era uma das famílias mais ricas de Minnesota. Eram donos de uma das maiores fábricas de queijo, além de possuírem fazendas espalhadas pelo território.
— Teria alguma suposição sobre o motivo que levou Olavo a abandonar o casarão?
Catherine arregalou os olhos, com um semblante de horror.
— Olavo tinha um amigo muito próximo a sua família. No entanto, quando ele soube que sua mulher estava lhe traindo com esse amigo, Olavo assassinou os dois com tiros de espingarda. Ali mesmo, dentro do casarão.
— Que lástima… — Hadassah comentou.
— Informação interessantíssima — disse Ross Carter.
— Ele teve filhos? — Helena questionou.
— Sim, mas todos foram embora dos EUA, e agora vivem no exterior.
— Somos gratos por seu relato, sra. Bovary — Ross disse. — Foi de grande importância. Agora temos que ir até lá e tirar algumas fotos.
— Não! — a sra. Bovary exclamou, agarrando o braço de Ross. — Não façam isso!
— Por que não? — perguntou ele, visivelmente espantado.
Catherine o soltou, e segurou a corrente do cachorro com as duas mãos.
— Ninguém mais tem a audácia de ir até lá.
— Por que não, sra. Bovary? — Hadassah indagou.
— Pois há alguns dias nós vimos aparições estranhas naquela casa. Eu, meu marido e alguns amigos tínhamos o costume de caminhar todo dia por ali. Até que nós ouvimos um som vindo de lá de dentro!
— Como pode isso ter acontecido tendo em vista que a casa está abandonada? — outro perguntou.
— Nós acreditamos que seja os fantasmas das pessoas que foram mortas ali!
YOU ARE READING
Dos Escombros à Olaria
RomanceAnos 80, um tempo de muitas mudanças. Hadassah Montgomery, uma norte-americana do estado de Minnesota, é uma historiadora cristã apaixonada por literatura. Montgomery vai à casas antigas e abandonadas, com um grupo de colaboradores em busca de info...