CAPÍTULO 15 - Uma conversa entre irmãs

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Teofilo Lombardi estava correndo em uma calçada que ficava entre um arvoredo, por volta das 5h30 da manhã. Estava exibindo os seus braços por causa de sua camiseta regata - preta, que novidade -, que não eram tão musculosos, mas também não eram finos. O escritor estava cogitando ir para uma academia.


Teofilo já estava com dinheiro o suficiente para ir embora para a sua tão amada pátria; mas, para falar a verdade, não era isso o que ele realmente queria. Tantos e tantos falatórios para ir embora, para no fim, a falta de vontade ganhar lugar em sua decisão definitiva.


Ele amava o seu lugar de origem, mas não conseguia ter uma visualização de si mesmo morando lá novamente. Na verdade, ele nunca quis voltar novamente. Apenas falava, e falava. Se isso realmente fosse sua maior vontade, ele não teria ido tentar sua vida em um outro lugar na desculpa de se reerguer. Teria feito de tudo, e ido embora o mais rápido possível. A vontade de voltar fora um pensamento precipitado em resultado do que sofreu em Los Angeles, e como já se tinham passado tantos dias, sua mente confusa agora pôde pensar melhor. Ele foi aos Estados Unidos decidido a ficar.


O desejo que ele ainda estava de esganar Amy, ou melhor dizendo, Sophia Jones, juntamente com Nathan, o impostor, era enorme. Ambos riram de sua cara, como riram de outras pessoas que caíram em suas garras. Teofilo queria mesmo é que eles tivessem um final para os deixar abatidos no chão, pior do que deixaram ele. Não somente eles, mas toda a corja envolvida. Ele não saberia como agir se os avistasse novamente.


Tantas coisas e sentimentos ruins não liberados sufocavam o seu coração. O melhor seria liberar tudo isso, mas o rancor e a raiva insistiam em ficar.


Ele passou correndo por alguns idosos que estavam caminhando normalmente, e por um casal que estava passeando com um cachorro.


Ao sair da área mais reservada, ele foi em direção à rua. Por sorte, a pista não estava tão movimentada. Quando no semáforo apareceu o sinal vermelho, Teofilo caminhou pela faixa de pedestres no meio da pista para chegar ao outro lado.


Um motorista ignorou o sinal vermelho. De repente, um barulho estrondoso. Viu-se apenas um homem sendo lançado.


Os olhos do professor foram cobertos pelas trevas.

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- Então Emma vai casar? Mas a Emma é tão pequenina - Beatrice perguntara à irmã ao mesmo instante em que passava manteiga no pão.


- Do seu tamanho, praticamente.


Beatrice esboçou uma leve risada.


- Novinha, entende? Ela não tem 17 anos?


- Você parou no tempo, irmãzinha, sinto em lhe informar - riu. - Emma já está com 21 anos.


- O quê? - questionou, surpresa. - Não fazia ideia. Faz bastante tempo que não a vejo. Mas, de todo o modo, eu desejo felicidades.


- Você precisa dar uma passada em Rochester.


- E você? Ainda tem orado por seu futuro marido?


- Sim - suspirou. - Mas cada coisa tem acontecido... tantas coisas que têm me deixado confusa.


- Tome cuidado com essa confusão. Quem está de fora, consegue ter uma ótima visualização das coisas. E eu, como sempre aconselhei os jovens, sempre digo que tomem cuidado quando estiverem se interessando por alguém - sentou na cadeira. - Lembra que os nossos pais sempre nos aconselharam a prestar atenção nos sinais? Pois bem. A visão de um homem e uma mulher de Deus solteiros deve estar bem clara. Algumas pessoas têm uma ideia equivocada de confirmação de um relacionamento. No nosso meio, algumas delas oram juntas, pedindo uma confirmação de Deus, e pensam que Ele vai enviar um sinal extraordinário dos céus, ou através de alguém para dizer se é sim, ou não - deu ênfase nas últimas palavras, e esboçou uma leve risada. Mas logo ficou séria e continuou: - Para mim, é importante enxergar no/na pretendente os sinais evidentes de que o Espírito Santo habita nele, ou nela. Se os dois têm o mesmo propósito, planos de vida, e um caráter inquestionável, é mais um caminho andado. Se os dois priorizam a Deus, maravilhoso! Se os dois se gostam de verdade, tem uma relação de amizade sólida, e querem construir uma família juntos vivendo sob o direcionamento de Cristo, parabéns! Não há sinais mais claros que esses de que é da vontade do Senhor. Não há o que temer se for algo que traz a verdadeira paz, que é inconfundível. É importante pedirmos a direção em tudo, mas a nossa vida tem que estar alinhada com a vontade de Deus para termos o discernimento em certos assuntos. Assim, não seremos confundidos, e desse modo, a confusão é lançada fora.


- Eu concordo com você em tudo o que falou. Penso da mesma forma.


- Mas porque você disse que está confusa? Tem alguém em mente?


- São sentimentos confusos, mas está tudo sob controle.


- O casamento é uma responsabilidade enorme. Por isso eu acho que não nasci para isso. Não é porque fujo de desafios, é porque eu acredito que não é minha vocação. Mas eu sempre buscarei aconselhar àqueles que querem, os direcionando conforme a vontade do Senhor. Não há maior alegria em ajudar.


- Você sempre foi uma benção.


- Ah! Me lembrei - riu. - Eu estava aconselhando jovens justamente a respeito disso, sabe? Eu comecei a falar sobre a questão da imaturidade, não só na idade mas também a emocional. Muitos adolescentes pensam em namorar só por namorar. Não têm o intuito de casar, não pensam no futuro, não sabem o que querem da vida. Uma menina de 15 anos ficou brava comigo depois. Ela disse que eu não tinha autoridade para falar nada daquilo, tendo em vista que eu não sou casada. Tudo isso porque ela entendeu que eu falei que os adolescentes não devem namorar.


- Isso é sério? - riu. - Tem que ter muita paciência com algo assim.


- Pois é. Eu fiquei constrangida, mas não discuti não, imagina. Ela é uma menina. No futuro verá que estou falando a verdade.


- Tem razão.


- Mas há algum felizardo em sua mente? Um possível cunhado, talvez?


- Você ia me dar uns puxões de orelha - quando Beatrice ia abrir a boca, Hadassah não deixou que ela falasse: - Mas... eu não fiz nada de errado. Nem estou me adentrando a nada. Fique tranquila.


- Eu espero, mocinha. Como ele é?


- Mas eu nem...


- Eu te conheço.


- Depois falamos sobre isso. Eu estava pensando mesmo era em Andrew. É muito triste que ele esteja assim.


- Sim, é muito triste. Como enfermeira, vejo muitas situações semelhantes, e é terrível. Ele sempre teve sede pela vida, pelo que já conversamos. O Andrew era um grande aventureiro.


- Deu para perceber.


- Eu tenho orado tanto por Andrew; não só por sua conversão, mas também por sua cura. Eu sei que para Deus nada é impossível.


- E se um milagre acontecer?


- Sim, é verdade. Já falei para ele sobre isso, que Deus pode curá-lo, mas não prometi para Andrew que ele seria. As coisas só acontecem conforme a vontade de Deus. Porém, ainda pior que morrer, é morrer e viver a eternidade sem o Senhor.


- Então vamos permanecer em oração.

Dos Escombros à OlariaWhere stories live. Discover now