Dos Escombros à Olaria

CAPÍTULO 25 - Preparado

Teofilo estava sentado à mesa em uma pequena reunião com dois amigos, que haviam se disponibilizado em ajudá-lo em um livro que ele estava escrevendo. Se tratava de uma história de ficção cristã, que o mesmo estava trabalhando. Algumas características de seu antigo modo de escrever ainda eram notáveis, porém, seu intuito dessa vez não era exaltar o mal, mas sim, usar disso para mostrar que o bem e a luz se sobressaem acima das trevas e do mal, mostrando que o poder de Cristo é muito maior do que todo poder maligno. 

     Apesar de estar concentrado na escrita de seu livro, Lombardi, não há tanto tempo atrás, havia passado por uma crise por causa da morte de sua mãe, em Março do ano anterior. Sem falar na sobrecarga que sofrera com o acúmulo de coisas que tinha para fazer e resolver, também trazendo junto disso lembranças do passado que o fizeram piorar. Quanto às lembranças, ele as repreendeu.

     Por causa da morte da mãe, ele ficou debilitado emocionalmente, e buscou pela ajuda de um psicólogo, além de seus irmãos na fé que o estavam ajudando, tanto em apoio emocional e palavras de fé, assim como também em oração.

     Recentemente, ele teve uma dor de cabeça ao se mudar para uma casa que havia acabado de comprar — por sorte, não foi enganado dessa vez. Entretanto, foi a compra de um carro seminovo que lhe deu mais dor de cabeça ainda, pois o antigo dono do carro não deixou em dia as pendências do veículo, e Teofilo teve que resolver para não ser proibido de conduzir o automóvel.

     O cansaço mental estava extrapolando o lado de fora, em seu exterior, refletindo em noites de sono mal dormidas. Para sua felicidade, ele estava se recuperando pouco a pouco e pedindo o direcionamento do Senhor. Seus irmãos na fé estavam sendo essenciais nesse momento com todo o suporte necessário. Philip já estava de prontidão.

     Ele estava entendendo perfeitamente que a vida na terra ao lado de Cristo não é isenta de problemas, pois é impossível não ter problemas em um mundo corrompido. Mas a esperança e paz de estar com Jesus, e saber que Ele está à frente de todas as coisas, o tranquilizava.

     A alegria por vir, na eternidade, ao lado do Criador, lhe dava o impulso necessário todos os dias para prosseguir em plena paz e confiança.

     Quando os seus dois amigos o deixaram, ele foi para o quarto e sentou-se na cama com uma pequena caixinha vermelha aveludada em mãos. Ele acariciou a caixinha com o dedo indicador, esboçando um leve sorriso que expressava muito mais que alegria.

     Elevando a sua cabeça, ele suspirou. Recordou a conversa que teve com os pais de Hadassah no dia em que foi procurá-la, para convidá-la para o concerto de música clássica.

     — Sente-se, Teofilo — o sr. David disse quando Lombardi entrou na casa.

     — Com licença — falou o professor. Ele sentou-se no sofá.

     O seu xará, Theo, veio ao seu encontro e esfregou-se em suas pernas. Ele sorriu e acariciou o gato.

     — Hadassah não está, ela foi até a livraria de Emma. Imagino que veio conversar com ela — disse David, sentando-se logo em seguida.

     — Sim, senhor. Então desse modo, eu vou até lá.

     — Olá, Teofilo — Anna o cumprimentou ao aparecer na sala. — Como vai?

     — Estou bem, sra. Montgomery.

     — Ele veio falar com Hadassah — David falou, recostando-se no sofá.

     — Hadassah está na livraria. Aceita algo para comer?

     — Não, muito obrigado — ele respondeu.