Dos Escombros à Olaria

CAPÍTULO 8 - Unidade

O período da manhã havia sido diferente para Teofilo Lombardi.

Aguardando o horário para ir até a casa de Philip, ele relembrava o que tinha acontecido na casa de uma aluna, que agora era ex-aluna.

A sra. Mary Aniston era uma mulher de 30 anos, muito rica e que já havia viajado para muitos países em sua vida. Quando Teofilo chegou na casa dela, percebeu que a mulher estava bem mais arrumada que o normal.

Ele estava lhe ensinando algumas palavras em Italiano, quando a mesma começou a desabafar sobre a recente separação do marido. Ele, com toda educação, deixou ela à vontade para falar.

Mary disse que havia sido traída pelo marido, e que os dois estavam travando uma batalha na justiça por causa do divórcio. E naquele dia em específico, eles iriam se reencontrar para tratar a respeito disso.

- Ele quer tudo meu. Ele quer me deixar sem nada! Mas ele não tem esse direito. Ele deve sair com nada! Nada! Eu que fui traída - ela dizia.

Teofilo ficou sem reação quando ela começou a chorar diante dele. E ficou mais surpreso ainda quando ela o abraçou.

- Vai ficar tudo bem. Você vai conseguir sair dessa - Lombardi lhe dissera, constrangido.

- Me ajude, professor. Me ajude a esquecer tudo isso. Eu não estou suportando toda essa dor.

- Se eu pudesse ajudar de alguma forma, certamente eu o faria.

Mary o olhou nos olhos.

Sem dizer mais nenhuma palavra, ela o beijou, e ele retribuiu. Lombardi achava Mary interessante, e muito bonita também. Dois corações quebrados poderiam se consolar, foi o que ele pensou no momento. Teofilo, então, teve relações com ela.

- Me desculpe, Teofilo. Eu acabei me deixando levar... isso não deveria ter acontecido.

- Tudo bem, Mary. Acredito que não tenha sido ruim para nenhum de nós.

A mulher saiu caminhando, desnorteada.

- Eu ainda amo aquele cafajeste! - disse, comprimindo os lábios para não chorar. Ela pegou a bolsa, e tirou uma quantia maior do que ela pagava pelas aulas de Teofilo, e entregou para ele.

Lombardi, ao segurar o dinheiro, olhou para ela, franzindo o cenho.

- Por favor, não fale para ninguém o que aconteceu entre nós - ela pediu.

Uma fúria cresceu dentro dele.

- Por que está me dando este dinheiro a mais? Está me confundindo com um garoto de programa?

- Não. Por favor, não me entenda mal. A única coisa que eu estou te pedindo é que não fale para ninguém o que acabou de acontecer entre você e eu.

Ele riu achando tudo aquilo um absurdo, e em seguida, ficou muito sério.

- Pegue o seu dinheiro. Eu não quero nada - disse ao devolver com brusquidão o dinheiro para ela.

Teofilo foi embora sentindo uma grande repugnância.

Lombardi pensou que esse ato poderia lhe ser como consolo, mas acabou piorando a sua situação. O peso que já tinha sobre si aumentou ainda mais.

Sentiu-se enojado, sentiu-se usado, além de sentir-se como alguém que não tinha controle sobre si mesmo. Não era isso o que Lombardi desejava para a própria vida. Teofilo estava cansado desses momentos vagos, passageiros. Ele ansiava por algo que fosse duradouro, e que não lhe trouxesse desconforto e angústia logo em seguida.