62

205 9 36
                                    

Se for para se maltratar dolorosamente por um sonho, que ao menos seja feliz.

O abraço não é apenas um contato de dois corpos. É a conexão de duas pessoas com a unção de dois corações.

Ella

O meu milk shake de frutas vermelhas derreteu, e eu não me esforcei para tomar um pouco. As conversas e fofocas das meninas não ajudam a me tirar do silêncio obscuro dos meus pensamentos, eu relaxei na tentativa de não dizer uma só palavra. O sonho, apreensivo e distante da minha realidade, decidiu pôr um triplex e me ofuscar da minha vida hoje.

O shopping depois da escola era pra ser uma saída das garotas, mas eu ainda não cheguei neste lugar. Estou bem, capaz para seguir normalmente. Mas há uma linha traçada no meio do meu cérebro, a que se estica sempre que esforço para não relembrar o sonho que tive. E essa linha me entorpece, eu não sei agir com ela me puxando para onde quer. Estou confusa, perdida e pensativa. Não entendo porque o sonho prendeu minha mente.

Aquele típico dia em que se acorda depois de uma noite mal dormida, eu estou neste dia. Sentir uma insegurança é tão questionadora, e principalmente quando o alvo é alguém que você ama. Penso muito neles, é como se algo antecipado me ligasse no que tenho que saber. Que confusão, nada aconteceu além de um sonho, e automaticamente me responsabilizo por algo.

Comprei roupas e calçados, e não tive a vontade de experimentar. Finalizei as últimas páginas do meu livro, foi isso que aparentemente pareceu legal para fazer. Vi uma camiseta social no terceiro andar, e ela é perfeita para o meu namorado. Então, eu sinto um toque assustador no braço. E só com a distração que tenho, percebo Park Jina me balançar. Seus olhos amolecem com a perspectiva do meu semblante.

— Em que lua você está? Eu te chamei vinte e cinco vezes. — Mexo no canudinho do milk shake, só para disfarçar minha distração. — Você não quer ir a balada?

A cabeça dói em imaginar na idéia de Park Jina.

— São sempre cheias. — Afasto o copo e foco no que decidir recentemente. Inclino a coluna, olhando a distância o terceiro andar. — Vocês se importam...

Maggie Grace bate na mesa, isso me silencia. A cerveja parece surgir os primeiros efeitos. Abaixo e pego o livro que caiu assustado com a reação dela. Tenho a impressão de alguém me observando. Olho ao redor, e somente as garotas conversando desequilibradas.

— O meu gatinho não é de baladas... — Ela é a mais grogue da outra. Maggie desmancha no braço esquerdo sobre a mesa, os seus olhos já se fechando. — Ele é formal e inocente. Não será um cara que me levará para dançar em um lugar daqueles — ela realmente está fugindo da sensatez agora. Não está mais como chegou no shopping.

Checo mais uma vez em torno.

— Ele é lindo, fofo, gentil. Faz todo o meu tipo — esse garoto tem todas as características do meu Benjamin. — Eu quero ele! — ela fala com um volume mais alto. Não deve ser a mesma pessoa. Eu saberia, claro. — Nos beijamos uma vez. E foi pequenininho, desse tamanho... e fui eu quem me atirei. — continua a resmungar do garoto que parece não vibrar com ela.

Coço a têmpora com a imaginação sumindo para longe. Eu não quero imaginar quem seria este garoto que a inferioriza.

— Você! — elas olham para mim. Maggie Grace está desorientada, e o seu copo continua a encher de cerveja. — Você deve saber o que preciso fazer pra chamar atenção daquele homem. Ele tem alguém? Você é a melhor amiga dele. Me diz! — Sou puxada sem chance de defesa. O sorvete derretido derrama na mesa. Não consigo afastar da sujeira, ela continua a segurar com força o meu braço. — O Benjamin tem namorada?

Uma Única VerdadeWhere stories live. Discover now