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Não foi tão ruim o nosso beijo de
mentira.

Nick

Olho para a porta, e a menina de vestido preto está parada nela. Ela me encara.

— Eu preciso falar com você — constata adentrando por completo no banheiro.

A mulher loira para na frente dela.

— E você quem é?

A menina não diz nada, somente dá a volta e ficando de frente ao espelho.

— Eu estava com saudades. — a loira diz — Quer meu número? — Levo ela até a porta e tranco a mesma.

Volto para o mesmo lugar, e a garota me olha pelo reflexo do espelho.

— É sério que ia fazer isso aqui? — sua expressão é de nojo. — Eca! — Agora me olha de frente.

— O que você quer falar? — pergunto, sem muito ânimo.

— Algumas pessoas estão se sentando a mesa, acho que já vai servir o jantar.

Encho minhas mãos com água e jogo em meu rosto. Preciso esfriar minha cabeça, não posso deixar a minha fúria falar mais alto. Mas isso está sendo impossível de controlar, não sei como que faz isso. Porra! Eu poderia sair por aquela porta, e não voltar mais e mandar tudo ir a merda. Mas eu sei que eu preciso da minha moto, é só por ela. Eu vou tentar concertar o que a estressadinha não conseguiu com o meu pai. Encho o meu pulmão e solto lentamente o ar preso.

— Vamos.

Sorrateiramente chego a mesa, e vários pares de olhos nos cercam. Meu pai está na cadeira de frente, e ao seu lado direito tem duas vazias. Sento a que está próxima de Fernando, e a garota ao meu lado. Desproposital meus olhos se olham a minha frente, e vejo a mulher loira que há poucos minutos atrás pediu pra pôr a boca em mim. Sua mão está na mesa e por cima uma mão masculina. É a do Spencer, e chuto ser o seu namorado. Que merda! Ele não faz ideia do que esta vadia queria comigo.

Fernando quer me dizer alguma coisa com seu olhar, deve está esperando que eu diga algo a seus amigos. Vá para o inferno.

Afasto um pouco a cadeira, criando um espaço a mais para a minha nula paciência. Deixo meu braço esquerdo sobre a mesa, enquanto a outra alisa o meu queixo. Pisco com força, causando uma leve ardência. Engulo em seco, tentando segurar qualquer ação voluntária que eu quero provocar.

Ele desiste de me encarar e pede ao garçom para que serve o champagne. Todas as taças são ocupadas com o líquido e na vez da estressadinha, ela nega com a cabeça. Lupe se aproxima com a jarra, e coloca suco pra ela.

Colo a minha cadeira com a dela, e passo meu braço direito por cima de seu ombro. Inclino meu rosto para o lado dela, e ela faz o mesmo, fazendo nossos olhos se encontrarem. Desço um pouco o meu rosto até chegar ao seu ouvido.

— Eu não sei como é ser um namorado. — Susurro.

— Com certeza não sabe, nunca namorou. — Ela coloca a mão esquerda sobre a mesa.

Viro para Fernando, assim que escuto o arrastar de sua cadeira. Ele irá se pronunciar.

— Boa noite! Meus caros amigos de trabalho, e também de vida. Hoje está sendo uma noite importante para os nossos filhos e, principalmente para nós que somos pais. Hoje é o dia em que nossos filhos entram em uma nova mudança em suas vidas, onde eles já se escalam para um futuro ao lado de suas esposas.

Não vejo o momento em que meu punho é cerrado, e meu maxilar trava. Ele só quer fazer bonito na frente dos amigos, mostrar que também pode ter um filho certinho, e que abaixa as orelhas quando o pai fala. Isso pode servir para qualquer idiota que está aqui nesta mesa. Mas isso de mim tem uma grande distância.

Uma Única VerdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora