Uma Única Verdade

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A confusão que você está
formando...

Ella

Meu celular está sendo maltratado com meus dedos procurando por nada absolutamente nada. Mas sei que ele está fazendo um ótimo trabalho sendo minha companhia e minha distração. Ficar aqui esperando alguém é tedioso demais, ainda mais a companhia não sendo das melhores. Nickolas está atrasado há dois minutos. Espero de verdade que tenha pelo menos penteado o cabelo, não quero passar vergonha.

Ainda não sei de onde tirei coragem para sair com ele. A minha curiosidade para descobrir quem ele é só aumenta. No resto desta semana, ele não me perturbou e nem nada. Só vi algumas olhadas discretas dele em mim e logo desviando. Eu não importei.

Não faço ideia de como será este jantar com ele. Nunca tive um encontro assim. Bom, na verdade, sair com o Caian algumas vezes. Mas não era aquele encontro que "Nossa como é bom e como quero sair outras vezes mais". Eu estava apaixonada e sair com ele é como se o mundo parasse e existisse somente nós dois, ou pelo menos achava que fosse assim. Mas agora que o encanto acabou — graças a Deus — eu caí na real que o que aconteceu entre a gente e que as vezes que saímos, não foi algo para ser lembrado por dias.

Minhas mãos não param de tremer e minha respiração está mais acelerada que o normal.  Não tenho costume com isso, essas coisas me deixam com vergonha. A todo momento estou olhando para a porta, esperando o impertinente passar por ela. Argh! Talvez eu não tivesse chamado ele pra sair.

Ai meu Deus. Um gelo passa por todo o meu corpo, causando um espasmo involuntário na minha mão que empurra o copo com água. Ele está olhando para os lados, me procurando. Assim que me vê, sorrir de lado. Suas mãos são colocadas nos bolsos de sua calça preta. Estranho, ele está sem a sua jaqueta preta. Achei que nunca saísse do seu corpo, já que é uma peça insubstituível. E também percebo que não está com sua típica camiseta branca apertada, agora está usando uma social na cor azul bebê. Ficou... Diferente.

Coloco minha mão dentro da bolsa, certificando se o spray de pimenta está aqui. Está. Que ótimo. Agora é só partir para o plano de entender a sua bipolaridade. E descobrir qual é o lado verdadeiro.

Recebo uma ligação desconhecida. Não tão desconhecida. Nickolas está com o seu celular no ouvido me olhando. Atendo sua ligação.

— Oi.

— Oi. — respondo.

— Você é a de vestido branco?

— E você é o que está se parecendo um noivo?

— E você é a noiva?

— Ah... — Rio. — Vem logo. — Encerro a ligação.

Caminha poucos passos até mim.

— Boa noite! Bela. — Ele se senta. Olha um pouco em volta e, por fim, me entrega um sorriso impertinente. Franzo o cenho.

Deve estar estranhando o local. É claro que nunca veio em lugares como este. Ele é um Marginal, e um restaurante familiar não é lugar para ele.

— Não se assuste, Nickolas Blackburn. Eu sei que você não é acostumado a frequentar este tipo de ambiente. — Sustento meus cotovelos sobre a mesa. Entrego meu olhar com seriedade. Sorrio.

— E como é o ambiente que eu costumo ir? — Faz o mesmo que eu com seus cotovelos sobre a mesa. Me olha e sorri.

— Am... motéis, hotéis, essas coisas erradas. — Amarro meu cabelo em um coque. Ele observa cada movimento que faço.