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Minha Base, sua Base.

Ella

Cruzo os braços, entreabro a boca e digo que não com a cabeça. Continuo encarando seria com os olhos semicerrados. Incrédula.

— Você não gosta da minha voz. Você não gosta de mim. Você me persegue, me tranca em lugares inusitados. Me abraça, ama o meu cabelo, toca em mim sem o meu consentimento. Você me assedia sempre que me vê. É sempre assim. E isso há 192 horas. Não me trate como você gosta. Eu não gosto.

— Está cronometrando nossos momentos?

— Não. A questão não é essa. Você tem que ter a consciência que essas coisas não são legais. Essas coisas me incomoda. Você não pode simplesmente fazer o que tem vontade. Eu não gosto de ser tratada assim. Eu não pedi isso a você. Por quê você me trata assim?

Ele continua imóvel. Não, agora ele se move. Recosta na prateleira. Eleva a mão até o cabelo, tira seus fios colados na testa. Deixa mais bagunçados que o habitual. Que agonia do cabelo dele assim. Se o cabelo é essa bagunça, imagina o quarto.

Acho que ele vai dizer alguma coisa. Está me encarando. Pensativo. 

— Todas as mulheres são iguais.

— Como assim?

Elas sempre querem um único objetivo.

— E que objetivo seria esse? — Encolho a testa.

— Enganar.

— E o que isso tem em comum, com eu querer que você não me trate como trata?

Ele desenvolta a prateleira e me dá as costas.

— Me responda, Nickolas Blackburn.

Ele se senta a vontade na cadeira da mesa da senhora Vallinsk. Joga a cabeça no apoio da cadeira e fecha os olhos. Espero sua resposta ou algo que explica essa sua visão sobre as mulheres. Ele continua como está.

Desenvolvo meu raciocínio. Ele é descaradamente safado. Acho que ele é um safado contratado pela CEA, onde seu único objetivo é ter relações sexuais com mulheres a troco de dinheiro e bebidas. Por isso me trata assim. Me assedia sempre que quer.

Bato com força na mesa. Ele abre os olhos e me encara. Preciso saber quanto que ele recebe para me perseguir e me perturbar.

— Quanto te pagam?

— O quê? — Abre os olhos. Parece confuso.

— Vamos negociar esse seu jeito malandro, impertinente. E safado, esse é o mais importante. Quanto que você quer pra me deixar em paz?

O Marginal me encara. Ri enquanto nega algo.

— Do que está falando? — ele pergunta. Sai da cadeira, e da alguns passos tendo uma pequena distância.

— Não é possível que você é assim comigo só para me irritar.

— Eu não disse isso.

— E o que significa que todas as mulheres são iguais?

— Por quê são. Não dá para confiar.

Cada palavra que diz, ele generaliza. Como se todas as mulheres existentes no mundo fossem apenas uma. E eu aqui esperando o motivo por ele achar isso.

— Você diz com tanta certeza. Por que acha isso?

Nickolas me olha por um momento curto e me dá as costas. Ele apoia a mão esquerda na parede, enquanto a outra ocupa seu bolso direito. Se encurva de leve. Olho para sua mão, e parece que seus dedos querem se cravar na parede. Acho que ele está sério.

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