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Estou terminantemente louca por
ele.

Ella

Me sinto como uma felina atrás da presa que é Nickolas, essa vontade é forte em meu corpo, mais forte que a escolha que eu criei de ficar longe dele. Suas palavras parecem não terem sido convictas assim, embora reluta para se soltar de meus braços. Minha intenção não é sair de perto dele, mas a sua é ficar longe. Suas íris prendem permanente em meus lábios, o que me deixa extasiada. Não tenho muito o que pensar agora, mas o que penso é assustador e aterrorizante.

Por um momento arrepio quando ele beija novamente minha testa. Hesito por alguns segundos, devolvo o beijo apertando e afundando meus dedos em seus fios. Nickolas afasta nossas bocas, ainda por cima, me abraça segurando minha nuca. Ele parece não querer ficar mais tempo no meio das minhas pernas. Esse amaranhado dos nossos corpos está tirando sua concentração e fôlego. Entreolhamos por alguns segundos.

— Bela, me distraia com alguma coisa, pra não fazermos isso — sua voz em meu ouvido é quase um sussurro firme e falho. Isso me aquece, me arrepia, me deixa a beira de um precipício.

É uma loucura o que estou pensando em te perguntar. Isso significa algo pra mim, talvez mude muita coisa entre a gente. Não teve recompensa ter lutado bravamente para não sentir nenhum sentimento e desejo, estou aqui agora sufocada com o tanto que neguei.

— Você não sente nada por mim? — pergunto inconsciente de minhas palavras.

Se eu sobreviver a sua resposta, eu poderei acreditar um pouco na ideia de sermos um casal. Talvez um casal complicado e bagunçado vivendo em uma esfera de mentiras. Mas ainda sim poderá existir algo verdadeiro entre nós. Acho que estou sendo um pouco exagerada em pensar assim.

— Eu só não quero que você se sinta como as outras mulheres que se deitou comigo.

Isso foi certeiro e perfurante. Por um lado parece ter soado como um homem honesto pensando nos meus sentimentos, mas por outro, ficou claro que serei qualquer uma em sua cama. O tanto que me proibir, o tanto que me segurei, as chicotadas não foram suficientes. O preço que tenho a pagar é alto, não ser recíproco dói tanto quanto um corte no dedo. Estar claro, Nickolas não sente nada por mim, essa resposta respondeu a minha pergunta. O empurro, fazendo tirar seu corpo do meu. Não o olho, não quero olhá-lo.

— Bela... — Ele toca minha mão e eu afasto. — Desculpe, eu não soube explicar.

— Está tudo bem, Nickolas — é a minha melhor resposta.

— Você já deve saber como eu me sinto.

— Não, eu não sei.

— Você não sabe a importância que tem na minha vida.

— Nenhuma, essa é a verdade. — Me levanto. — Não tem problema, Nickolas. Nem sei porque perguntei isso, devo estar louca.

— Estou tentando manter minha promessa — uma promessa que eu o obriguei a fazer. Ficar longe, não tocar em mim, ser praticamente um cara perfeito. Isso agora quase foi insignificante. — Reconheço que fui um idiota com você desde sempre, mas agora penso diferente. Mudei por você, Bela. Não me pergunte quando e como existiu isso, não saberei respondê-la. — Bagunça seu cabelo e suspira de um jeito pesado. — Eu odeio ter prometido isso a você — sua voz é alta, clara, para que eu escute bem.

— Eu não quero ser apenas mais uma mulher em sua cama, Nickolas.

— Você pode ser diferente de todas as outras.

— E quantas possibilidades tenho de ser  diferente de todas as outras?

— Onze.

— Am... É um número promissor e interessante. Mas se eu tirar o um do lado do um, me resta um. E se ops! Eu perder esta chance, terei mais nenhuma. Então, não existe a possibilidade de eu ir para sua cama e ser diferente de todas as outras.

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