Capítulo 55

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Miguel

Uma semana depois

Abraço o corpo de minha mulher para protegê-la do vento gelado que sopra em nós. Observamos em silêncio os homens de Ivan organizarem as malas dentro dos carros.

Hoje o russo e a esposa voltarão para casa. Depois de toda a ajuda que ele me prestou, precisa agora retornar ao seu país.

Sou muito grato a Ivan e prometi a ele que irei retribuir o favor quando precisar. Espero que depois do que ocorreu, tudo fique tranquilo e eu não precise mais de sua ajuda. No entanto algo me diz que ainda vamos nos reencontrar em algum momento, até porque Milena e Violet puderam se conhecer durante essa semana e criaram um vínculo muito grande. Já estão combinando de irmos visitá-los na Rússia.

Depois de tudo organizado, o casal vem nossa direção, ela com um sorriso amigável e ele com sua carranca de sempre. Ivan só sorri verdadeiramente para sua esposa e ninguém mais.

- Obrigada por tudo, pakhan. - Trocamos um aperto de mão.

- Sempre que precisar sabe onde me encontrar. - Aceno com a cabeça em forma de agradecimento. Ele se vira para minha esposa e aperta sua mão também. - Desejo tudo de bom para você e seu bebê.

- Muito obrigada, Ivan. - Violet sorri verdadeiramente. Em seguida, ela se vira para Milena e as duas trocam um abraço. - Façam uma boa viagem!

- Obrigada, querida. - Ela responde carinhosa. - Venham nos visitar em Moscou.

- Pode deixar. - Respondo.

Se despedem de nós mais uma vez e entram nos carros. Observamos eles por um tempo, até sumirem de nossas vistas. Me viro para minha mulher abraçando sua cintura, deixando-a o mais perto de mim o possível.

Foi uma semana difícil para nos readaptarmos a nossa rotina. Violet as vezes tem pesadelos e crises de ansiedade por conta do que aconteceu, então tem tido acompanhamento psicológico e isso tem ajudado muito. Estou atolado de trabalho já que Juancho teve o que mereceu e não tem ninguém em sua posição ainda. Estou fazendo a minha parte e a dele, as vezes Pedro ajuda também. No entanto, estou pensando em promover Alfonso a essa posição já que se provou muito mais leal que meu primo. Só preciso esperar ele se recuperar da ferimento.

Apesar de todas essas sequelas e traumas, sou muito grato por tê-la ao meu lado sã e salva. Não desgrudo de Violet por nada, chegando até irrita-la por não sair de seu lado.

- Vamos pra casa? - Ela pergunta enquanto acaricia minha barba e beija meus lábios rapidamente.

- Vamos, mas antes temos que passar em um lugar. - Seguro sua mão e a levo em direção ao carro.

 - Seguro sua mão e a levo em direção ao carro

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Violet

Miguel posiciona as flores no túmulo de seus pais e se ajoelha fazendo uma oração. Nunca o vi fazendo isso, é a primeira vez. Acredito que ele finalmente esteja em paz consigo mesmo. Conseguiu descobrir o traidor e o assassino de seus pais depois de anos de busca.

Depois que nos despedimos de Ivan e Mila, meu noivo quis vir no cemitério visitar o túmulo de seus pais. É a primeira vez que faz isso desde que descobriu toda a verdade. Ele parece aliviado e feliz. Não tem mais aquele olhar melancólico carregado de dor.

Conversamos bastante sobre esse assunto e compartilhei com tudo que descobri quando fui sequestrada. Contei sobre o diário, como seus pais se conheceram e tudo que Ella Rose sofreu nas mãos de sua família. Miguel chegou a chorar e dormiu agarrado com minha barriga para que pudesse se tranquilizar. Ele diz que o bebê o acalma.

Demorou para que se recuperasse, mas agora está muito bem. Parece mais leve também, tirou todo o peso de suas costas.

- Parece que vai chover, amor. Melhor voltarmos para casa. - Digo olhando para o céu nublado. Fecho meu sobretudo para me proteger do vento frio.

- Meus pais adoravam chuva. - Ele declara vagamente. - Lembro que quando era pequeno tinha muito medo de tempestades. Até que um dia estava chovendo tanto que o vidro das janelas vaziam um barulho alto, por isso me encolhi debaixo da cama com medo. Minha mãe me achou e pegou no colo dizendo que eu não precisava ter medo. Ela me contava uma lenda que dizia chuva era como uma doadora de vida, ela nos revitaliza.

Sorrio com a história que me conta. Miguel nunca foi muito aberto, sempre foi muito difícil fazer com que ele conte alguma coisa. Então fico muito feliz quando ele se abre e compartilha informações do seu passado.

Não demora muito e as gotas de chuva começam a cair.

- Descansem em paz, finalmente... - Ele sussurra e se levanta. Quando olha nos meus olhos, não consegue esconder a emoção. - Vamos pra casa?

- Vamos, amor.

Miguel passa o braço envolta dos meus ombros e eu passo o meu ao redor de sua cintura. Caminhamos lentamente até o carro. No entanto, antes de entrar no veículo, me viro para o túmulo dos pais dele e dou uma última olhada.

- Descanse em paz, Ella Rose. - Sussurro apenas para eu ouvir.

Bem no fundo, sinto que onde quer que ela esteja, minha sogra está em paz depois de muitos anos turbulentos. Assim como nós também estamos.

A Mulher do ChefeWhere stories live. Discover now