Capítulo 37

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Violet

- Eu já disse que vou a pé, Juancho. - Falo de maneira mais firme.

Já está óbvio para mim que ele não gosta de mim e não é confiável. Então, não subo nessa moto nem que ele me obrigue.

- Algum problema, Violet? Você não confia em mim? - Juancho diz de forma fria e sarcástica. - O que meu primo acharia se soubesse que a namoradinha dele não confia no primo, quase irmão?

Sinto um aperto no peito. Não sei o que Miguel faria se tivesse que escolher um lado. Temo que seu primo seria sua primeira opção, afinal eles foram criados juntos e são praticamente irmãos. Eu sou apenas a estrangeira que chegou do nada. Nessa história, com certeza que quem sai perdendo sou eu.

- Saiba que é recíproco, Juancho. Eu não confio em você e você não confia em mim. - Tento não transparecer meu receio.

- E você acha que eu me importo com o que pensa de mim, nena? Eu não preciso da sua confiança, já tenho a de Miguel e isso é o suficiente. - Ele diz começando a se descontrolar. - Não vai ser uma puta que nem você que vai estragar tudo...

Sua ofensa não me abala. A única coisa que quero, é desmascarar esse cabrón.

- Estragar o que? - Sua postura inabalável não se sustenta. - Fala, estragar o que?

Juancho fica em silêncio por um tempo, me encarando seriamente. Logo em seguida, ele abre um sorriso irônico.

- Você se acha esperta, Violet, mas esse jogo não é para garotinhas ingênuas e inocentes como você. - Seu corpo se aproxima do meu, me deixando tensa. - Quando eu acabar com meu primo, vou adorar usufruir desse corpinho delicioso.

Ele sussurra no meu ouvido, me deixando enojada. Tento empurra-lo, mas por ele ser mais alto e forte que eu, não sai do lugar.

- Eu sempre soube que você era um canalha que tinha inveja do Miguel. Não vou deixar você encostar um dedo nele...

- A gatinha está brava. - Ele ri debochado. - E o que você vai fazer? Acha mesmo que alguém vai acreditar em você? Você é apenas a namorada que logo logo será descartada.

Juancho aperta meu braço com força e começo a ficar assustada. Sei que vai ficar uma marca nele. Sou salva pelo gongo quando vejo uma moto branca se aproximar. É Alfonso, para meu alívio.

- Está tudo bem, patroa? Desculpa o atraso, recebi uma ordem de ir ao galpão sul.

O primo de Miguel se afasta de mim e já se direciona para moto como o bom covarde que é. Ainda não acredito que ele revelou para mim sua verdadeira índole.

- Está tudo certo, Alfonso, eu só estava fazendo companhia para a primeira dama. Já estou de saída. - Dito isso, Juancho liga sua moto e sai em uma velocidade, levantando uma nuvem de poeira.

- Está tudo bem, Violet? Ele fez algo contigo? - Alfonso se aproxima preocupado.

- Estou bem, Alfonso. Me leva pra casa, por favor.

Não dou espaço para questionamentos. Depois do que aconteceu, quero apenas tomar um banho de banheira relaxante e dormir nos braços do meu homem.

 Depois do que aconteceu, quero apenas tomar um banho de banheira relaxante e dormir nos braços do meu homem

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- Obrigada pela carona, Alfonso. - Desço da moto e entrego a capacete a ele.

- Espera, Violet. - Segura meu braço levemente, me impedindo ir. - Você deve contar a Miguel que Juancho está te incomodando.

- É complicado...

- Por que?

- Eles são primos, Alfonso, e sou apenas a namorada. Quem você acha que Miguel vai acreditar? - Esfrego meus olhos me sentindo cansada e perdida.

- Você não é apenas a namorada, você é o amor da vida dele e provavelmente a mãe de seu filho. - Sinto minhas batidas se acelerarem. - Conte a ele, o pior que pode acontecer é Miguel não acreditar. Pelo menos você não ficará com peso na consciência.

- Eu preciso pensar, são muitas coisas que estão acontecendo no momento, Alfonso.

- Eu entendo. Mas saiba que eu apoio qualquer decisão que tomar.

Sorrio em resposta o agradecendo mais uma vez e em seguida me despeço, indo em direção a casa. Estranho quando assim que entro, vejo as luzes acesas. Normalmente nesse horário Miguel está na boate ou no galpão. Será que voltou mais cedo?

Subo as escadas correndo, sentindo a necessidade de estar em seus braços. Ele é meu porto seguro e nesse momento tudo o que preciso é segurança.

E pensar que a alguns meses atrás, eu tinha que engolir tudo o que sentia ou chorar sozinha trancada no meu quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não mostrar fraqueza para meus pais.

As vezes esqueço que não estou mais lá e pretendo nunca mais voltar.

Quando chego no segundo andar, fico surpresa ao ver a luz do quarto de Miguel acesa pela fresta da porta. Ele nem usa mais esse cômodo, ficamos mais no meu quarto, então estranho a situação.

Me aproximo da porta, mas do nada sinto um sentimento ruim, como se eu abrisse essa porta, eu fosse me decepcionar ou magoar. No entanto, a curiosidade fala mais alto. Seguro a maceta e aguardo alguns segundos, tentando ganhar confiança e assim abro a porta.

A cena que vejo me deixa com um misto de emoções. Sinto raiva, decepção, ciúmes, tristeza, nojo, tudo de uma vez só. Deixo algumas lágrimas escaparem dos meus olhos.

Miguel está sem camisa saindo do banheiro e María está apenas de calcinha e sutiã deitada na cama dele. Ele a olha com os olhos arregalados.

- Que porra você está fazendo? Vai embora caralho! - Nunca o vi com tanta raiva.

- Ah, vai fingir que não gostou, amor. - Ela tenta dizer de forma sensual me deixando com nojo. Sei que María sabe que estou aqui, porque fala olhando pra mim. A vadia está me provocando.

- Gostou do que porra? Para de inventar, vai embora antes de Violet chegue. - Ele diz desesperado.

- Tarde demais. - Digo com raiva.

Miguel se vira pra trás surpreso e me encara com medo. Consigo sentir seu desespero daqui. Mesmo que isso seja uma armação que é o que está parecendo, como ele deixou essa mulher entrar na nossa casa, nosso lar e ainda por cima ir para seu quarto que é um lugar nem eu mesma pude e entrar. Como ele pôde?

- Violet, não é o que você está pensando. - Ele diz depois de alguns segundos em silêncio.

A Mulher do ChefeWhere stories live. Discover now