Capítulo 3

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Violet

Uma semana depois

San Diego, Califórnia - EUA

Olho as notícias pelo celular com muito pesar. Meu noivado com Callum foi anunciado na mídia e é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.

Meu pai mandou sua assessora divulgar e, como esperado, o público conservador amou a notícia. Dois jovens, filhos de políticos republicanos, se casando é o sonho de toda família tradicional. Com isso, a porcentagem de aprovação do meu pai subiu e suas chances de se tornar senador aumentaram cada vez mais. O pai de Callum, o deputado Jonathan Prichett, também é candidato a senador. Ele e papai são aliados políticos e pretendem entrar juntos no Senado.

Me sinto tão infeliz. Tudo parece um pesadelo do qual não consigo acordar. Até ontem, eu tinha planos. Eu queria trabalhar, juntar dinheiro para sair de casa e só depois eu pensaria em me casar com alguém que eu amasse. Agora, mais uma vez, meus pais conseguem tirar todo o resquício de felicidade e esperança que tenho dentro de mim.

Para piorar, hoje será nosso noivado. Será um evento televisionado com a presença de diversos políticos e celebridades. Vou ter que ser uma atriz e fingir que suporto Callum e que estarei me divertindo na festa.

Continuo mexendo nos sites de fofoca para distrair minha mente. Olho as notícias atentamente quando vejo uma que chama minha atenção.

Policial americano é sequestrado na fronteira entre San Diego e México. O jovem estava em serviço, verificando a região, quando membros da gangue Los Santos, que comandam o território há muitos anos, o levaram. O policial, Taylor Sheen, só foi liberado cinco horas depois e com diversos hematomas pelo corpo. Tentamos uma entrevista com Taylor, mas a única coisa que ele nos disse é que quem entra em Tijuana, não sai nunca mais e que ele teve sorte de sair vivo dessa situação.

Sinto um arrepio na espinha. Ouço falar sobre essa fronteira desde que nasci. Existem histórias assustadoras sobre ela. Dizem que o líder do cartel que controla Tijuana é tão cruel que torturou um homem por dias, chegando a matá-lo e depois o ressuscitou só para torturá-lo novamente. Claro que a parte da ressurreição é mentira, mas a da tortura eu acredito.

Nunca viram o rosto dele, não sabem nem seu nome nem sua idade. A única coisa que todos sabem é da sua crueldade. Dizem que uma vez em Tijuana, você nunca mais sai de lá, e se sair, é sem vida.

Estou distraída pesquisando mais sobre a gangue, quando a porta do meu quarto é aberta. Minha mãe passa por ela.

Ela está usando um vestido branco muito justo, colado ao seu corpo, saltos de plataforma nude e joias dos mais variados preços. É o tipo de roupa casual que minha mãe usa em casa. Ela também está totalmente maquiada. Seu rosto não expressa mais emoções devido às cirurgias, mas ela continua bonita. Seus cabelos negros, assim como os meus, são longos e hidratados. Seus lábios estão cheios devido ao preenchimento e seu nariz arrebitado, que passou por tantas plásticas que já perdi a conta. Ela parece uma Kardashian.

- Violet, querida. - Odeio quando me chama assim, soa falso e não carinhoso. - Os stylists, cabelereiros e maquiadores vão chegar em meia hora. As manicures ainda vão demorar um pouquinho. Então, já vai tomando seu banho.

- Pra quê tudo isso, mãe? - Reviro meus olhos discretamente. - Eu sei me maquiar e minhas unhas ainda estão bonitas, afinal fomos na manicure há três dias.

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora