A Mulher do Chefe

Capítulo 19

Miguel

- O que está acontecendo, Miguel? - Violet me pergunta incerta.

Estava tudo muito tranquilo para ser verdade. Minha vida nunca teve calmaria, sempre foi problema atrás de problema. A adaptação de Violet me fez esquecer que sua vinda para cá foi uma bomba relógio, apenas esperando o momento certo para explodir.

- Seu pai está nos fazendo uma visita. - Digo irônico enquanto mando mensagem avisando Juancho e Pedro sobre nosso visitante.

Como que Terence ficou sabendo da vinda de Violet para cá? Essa região entre Tijuana e San Diego está sob a nossa jurisdição. Somente nós temos acesso às câmeras de segurança, então ele teria que ter invadido nosso sistema, o que acho improvável, ou algum de nós o avisou e enviou os vídeos onde Violet aparece na fronteira com o carro. Só há essas duas possibilidades.

- Meu pai? - Sua voz soa preocupada. - Meu Deus! Isso não pode estar acontecendo.

Violet se encosta na parede parecendo transtornada. Ela deixa os lábios entreabertos como se estivesse com falta de ar, depois leva uma de suas mãos para o peito parecendo sentir dor.

- Meu peito dói. - Ela sussurra. - Não consigo respirar, Miguel...

Quando vejo que ela vai escorregar pela parede e cair no chão, corro em sua direção, segurando-a em meus braços.

- Calma, Violet. - Escorrem infinitas lágrimas de seus olhos, me deixando desesperado e sem saber como lidar com sua crise. - Olha pra mim, olha pra mim, princesa...

Ela faz o que peço e nesse momento que me encara, tenho certeza que posso fazer qualquer coisa por ela, basta pedir. Quero arrancar a cabeça do seu pai e matar a vadia da mãe, porque para Violet ter ficado desse jeito, os dois devem ter sido uns merdas para ela.

- Você não está sozinha, eu estou com você e vou te proteger. - Depois de todas as vezes que ela me acalmou nas minhas crises, isso é o mínimo que posso fazer.

Violet deita a cabeça em meu peito, enquanto acaricio suas costas tentando acalmá-la. Percebo que sua respiração continua ofegante e ela parece ainda inquieta.

- Estou com calor, preciso tirar essa roupa... - Ela desesperadamente tenta tirar o vestido, mas não deixo. Sei que depois ela irá se arrepender.

Pego-a no colo e vou em direção ao banheiro que tem aqui no primeiro andar mesmo. Coloco Violet no chão e já vou direto ligar o chuveiro, em seguida tiro minha camisa. Entro no box do chuveiro segurando a mão dela e vou me sentando devagar no chão, me encostando na parede gelada, depois ajudo ela a fazer o mesmo. Violet se senta entre minhas pernas e deita suas costas no meu peito.

A água fria escorre pelos nossos corpos, molhando nossas roupas, mas não importo nenhum um pouco, quero apenas que ela se sinta melhor. Coloco seu cabelo para o lado, permitindo que molhe seu pescoço e a refresque.

Ficamos assim por um tempo. Vou percebendo que Violet vai se acalmando e seu choro vai cessando até não restar mais nada, apenas o silêncio.

- Você fala tanto que é quebrado, mas na verdade a quebrada sou eu. - Violet fala depois de um tempo. - Me desculpa pelo surto, estou com vergonha agora.

Afasto seu corpo do meu, fazendo com que monte meu colo. Seu olhar surpreso se encontra com o meu.

- Você não tem que ter vergonha de nada, Violet. - Seco suas lágrimas e acaricio seu rosto. - Como você mesmo disse, nós somos seres humanos e todos nós temos nossos traumas. Quem tem que ter vergonha são os desgraçados dos seus pais. Não imagino o quanto você deve ter sofrido com eles.