Capítulo 43

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Violet

O silêncio reina na sala de jantar enquanto aguardo meus pais começarem a falar. Eles se entreolham parecendo se decidir por onde começam a contar.

Me sento na cadeira dura de madeira e encosto minhas costas tensas nela. Levo meus braços até a mesa e os apoio tentando transpassar uma tranquilidade que na verdade é inexistente.

Engulo em seco e aguardo um dos dois abrirem o bico.

- Pelo visto o gato finalmente comeu sua língua, garota. Nada que um empurrãozinho não resolva. - Meu pai quebra o silêncio enquanto joga a arma na mesa.

- Precisamos de você, Violet. - Salma começa. - Depois que seu namorado destruiu nossas vidas, estamos quebrados. O banco congelou nossas contas e perdemos nossa casa, sobrevivemos apenas com o salário de Terence que ainda vem mensalmente, mas é muito pouco.

- Estamos vivendo nessa casa tenebrosa que pertencia a uma amiga de infância de seu pai e Terence acabou comprando quando ela se mudou para outro lugar há muitos anos. Somos quase mendigos. - Ela continua. Depois eu sou a dramática!

Não tenho pena deles. O salário do meu pai é excelente. Qualquer pessoa teria uma vida confortável com ele, mas como conheço meus pais muito bem, sei que não é o suficiente para manter seus luxos, principalmente os da minha mãe.

- Por isso me sequestraram. - Murmuro.

- Você não ia vir de bom grado, por isso tivemos que recorrer... a outros métodos. - Sua dissimulação ainda me impressiona.

- Como posso ajudá-los se não tenho dinheiro? Tudo o que tinha deixei pra trás com vocês e o que guardei nesses meses com meu salário é pouco. - Miguel tem muito dinheiro, acredito que sua fortuna chegue a quase no bilhão, mas ele é uma pessoa simples que não gosta de luxos, assim como eu. E também nunca pediria que ele usasse seu dinheiro para ajudar meus pais.

É nesse momento que eles se entreolham. Terence que fala nesse momento.

- É por isso que está aqui. Sabemos que o bandidinho é dono de uma grande fortuna e faria qualquer coisa por você..., até mesmo dar todo seu dinheiro em troca da sua segurança. - Não é possível... espero que não seja o que estou pensando. - Assim conseguiremos pagar nossas dívidas e quem sabe tentar retornar a política.

- Espera... - Me levanto indignada. - Vocês me sequestraram e vão cobrar o valor do meu resgate para meu namorado? Para assim vocês continuarem com o luxo de vocês?

- Colocando dessa forma soa cruel. - Salma diz.

- Não soa cruel, Salma, é cruel. - Meus olhos lacrimejam e a vontade de chorar é grande. - Não sei o porquê, mas no fundo, bem no fundo, achava que vocês me amavam de verdade e se preocupavam comigo, apenas escondiam muito bem. O que eu fiz pra me odiarem tanto? O que eu fiz pra vocês serem tão indiferentes a mim, ao ponto do dinheiro ser mais importante que eu? Por que me tiveram se me odeiam tanto?

- Sabe muito bem que um político só é levado a sério se ele tiver uma família. - Terence diz com toda a frieza.

As lágrimas escorrem pelos meus olhos sem que eu consiga controlar. Dói demais ouvir que você nasceu apenas pra cumprir com um papel.

- Bom chega de drama, temos que planejar o valor do seu resgate. - Ele se levanta da mesa junto de Salma. - Sabe, no início, detestei sua fuga e seu relacionamento com o gangster, mas agora pensando bem não poderia ter sido melhor.

Eles se preparam pra sair, no entanto, eu preciso tirar algo a limpo.

- Antes de vocês irem, posso saber qual é o envolvimento de Juancho e María nisso tudo?

Terence suspira sem paciência.

- Já nos conhecíamos há muitos anos. Ele tinha feito um serviço para mim naquela época e agora ficará responsável por negociar o resgate com o primo. - Sua feição fica sombria. - O bastardo só quer saber de dinheiro, não se importa com ninguém. Ele ficará com uma parte do que ganharmos e María é a mesma coisa. Ela é só uma vadia que gosta de grana, nada de novo sob o sol.

Não acredito que Juancho queira apenas dinheiro. Ele é ambicioso e para pessoas como ele, grana não é o suficiente.

Tem algo muito estranho acontecendo e parece que só meus pais não estão percebendo.

- K2 vai servir o jantar pra você, meu amor. Não se esqueça de não comer muito, você engordou demais nesses últimos tempos. Olha sua bunda e seus quadris, estão enormes, lá em Tijuana não tem espelhos?

Ignoro seu comentário maldoso e os observo enquanto saem da sala de jantar. Que pesadelo eu fui me meter?

Assim que eles saem, volto a observar o ambiente tentando encontrar uma possível saída, porém a única janela presente está com grades impossibilitando a passagem de alguém.

É uma sala de jantar antiga, com uma mesa de madeira maciça enorme no centro, um lustre que parece ter sido feito a mão e alguns quadros e fotografias velhas pendurados nas paredes floridas. A mesma jovem loira que estava no porta-retrato da sala de estar está aqui, provavelmente é a amiga de infância do meu pai.

Me aproximo da foto em que a menina está ao lado de um jovem e vejo que tem dois nomes escritos no canto inferior, Ella e Terry.

Sei que o menino é meu pai, Terry é seu apelido de infância e a garota deve ser a amiga dele. Ella. Por que esse nome é tão familiar? Eles eram tão amigos assim para meu pai estar num porta-retrato de sua casa.

Sou interrompida por K2 que entra na sala carregando uma bandeja. Deve ser meu jantar.

- Pode se sentar, Violet. Deixa que eu te sirvo.

Já deitada na cama eu reflito tudo o que aconteceu, são muitas coisas para refletir e processar

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Já deitada na cama eu reflito tudo o que aconteceu, são muitas coisas para refletir e processar.

Me forcei a comer o jantar. Estava sem fome nenhuma, mas tenho que me alimentar bem por conta do bebê, então comi tudo. Depois K2 me trouxe para quarto e me entregou roupas novas e uma toalha para eu tomar banho.

Estou tão desgastada fisica e emocionalmente que não consigo nem chorar, só quero voltar pra minha casa em Tijuana. Voltar para Miguel, Gabriela, Lupe e Tereza. A família que me acolheu e me escolheu. Quero cuidar do meu filho...

- Por favor, Miguel... onde é que você esteja, tente me encontrar... - Sussurro como se estivesse orando. - Por favor, me leve de volta pra casa.

Viro para o lado tentando encontrar uma posição confortável pra dormir, mas não consigo. Parece que tem algo no debaixo colchão que forma um relevo me incomodando.

Decido me levantar, puxando o colchão velho pra cima. Me surpreendo ao encontrar um caderno velho com capa de couro rosa claro no local. Curiosa, pego o livro e ajeito o colchão, colocando-o no lugar. Vejo as iniciais de alguém desenhada na capa, EC. Abro na primeira página e há uma frase escrita.

Este diário pertence a Ella Rose Chase.

A Mulher do ChefeNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ