Capítulo 49

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Violet

Assim que entramos na casa novamente, o cheiro de queimado consome minhas narinas. O fogo deve estar se alastrando.

- Que cheiro é esse? - María pergunta.

Juancho me joga no sofá com a arma ainda apontada pra mim. Ele fica estagnado enquanto respira fundo e tenta descobrir de onde vem o cheiro forte de fumaça.

- Acho que vem do porão. - Ele declara. - Vou dar uma olhada, fica de olho na garota.

Antes de sair, o primo de Miguel entrega sua arma a María. Ela o encara receosa, como se nunca tivesse segurado uma antes, mas mesmo assim faz o que Juancho manda.

- Fica de olho nela. Só a cara é de patricinha, porque de resto é bem trapaceira. Se for preciso atire, está me ouvindo? - Ele diz incisivo.

- Pode deixar. - Sua voz sai trêmula.

Juan Alberto sai do cômodo, nos deixando sozinhas e segue em direção ao porão. Enquanto isso, María me encara temerosa, com suas mãos tremendo a medida que deixa a arma apontada pra mim.

Penso que talvez possa tirar uma vantagem disso. Não que eu tenha alguma experiência com arma, mas acho que com certeza me saio melhor do que ela. Fico pensando em maneiras para desarma-la quando Juancho volta para a sala. Ele parece transtornado e furioso.

- O porão está pegando fogo, a qualquer momento irá se alastrar e a casa inteira vai virar cinzas.

- Como aconteceu? - María questiona preocupada.

- Não sei, pelo que vi de longe tinha alguns galões de gasolina espalhados e... - Ele para de falar e fica pensativo por alguns segundos. Logo depois, me olha sério. - Foi você, não foi?

Não faço nada, apenas o encaro. Juancho é um homem temperamental, qualquer coisa que eu faça pode irrita-lo de alguma forma e se ele se descontrolar completamente, pode me machucar. Então pela segurança do meu filho, não mexo um músculo.

- Agora o gato comeu sua língua, carajo? - Ele se aproxima e quase deita em cima de mim, segurando meu maxilar com força. - Foi você que escapou pelo porão e colocou fogo em tudo? Responde, porra!

Gemo de dor, porque sua mão está pressão meu queixo com tanta força que parece que vais quebrá-lo.

- Juan, temos que sair daqui. O fogo já está aqui em cima, não dá mais tempo de apagar. - María grita tossindo. O cheiro de queimado está muito forte, nos deixando quase sem ar.

- Você vai pagar muito caro, Violet. Tudo o que aconteceu com Ella, vai ser mil vezes pior com você. - Ella? Como ele sabe sobre ela?

Quero perguntar, mas não dá mais tempo, porque ele me puxa novamente pelo braço e saímos da casa com pressa. Descemos as escadas que nos levam ao jardim de entrada e finamente consigo respirar o ar puro.

Observo o fogo ainda no primeiro andar da residência, que logo estará no segundo. Sei que é uma cena sinistra, mas não deixo de sentir prazer em ver tudo isso. Em algum lugar, Ella Rose finalmente terá paz.

Estou tão concentrada que mal percebo quando dois SUV pretos param próximo a nós. Alguns homens, que acredito que sejam seguranças dos meus pais saem de dentro dos veículos, junto dos dois.

- Que porra aconteceu? - Meu pai grita olhando para a casa em chamas.

- A sua pirralha conseguiu escapar e colocou fogo em tudo. - Juancho diz trincando os dentes.

Terence me encara com raiva. Ele vem em minha direção em passos largos e agressivos, e quando está de frente pra mim, levanta uma de suas mãos e desfere um tapa em meu rosto.

Coloco a mão em minha bochecha surpresa pelo seu ataque e o encaro com os olhos cheios de lágrimas. Minha face arde e tenho certeza que está vermelha e com a marca de sua mão. Meu pai sempre foi um cara ruim e mau caráter, mas não imaginava que era um agressor também.

- Você é uma imprestável, Violet, maldito foi o dia que você nasceu. - Ele agarra meus ombros e me sacode. - Sua desgraçada...

- Terence, se acalme... - Salma tenta tirá-lo de mim.

Começo a ficar amedrontada. Se meu pai fizer algum movimento brusco, tem a possibilidade de acertar minha barriga, então tento me afastar dele a todo custo.

- Me larga, pai... - Grito.

- Eu juro que quando aquele marginal chegar aqui e me transferir o dinheiro, mato você e ele. - Terence mal termina de falar quando dezenas de carros entram na propriedade. Tento contar, mas com certeza são mais de dez.

Ele me solta e vejo que engole em seco. Na verdade, todos aparentam estar preocupados, até mesmo Juancho.

As batidas do meu coração se aceleram de ansiedade quando vejo vários homens armados até os dentes descerem de cada veículo. Reconheço alguns deles e os outros nunca tinha visto na vida.

Me surpreendo ao ver Alfonso e Pedro também entre eles. Me sinto aliviada e ao mesmo tempo ansiosa por saber que estou salva e para ver Miguel, mas até o momento ele não apareceu.

- Larga ela agora, cabrón. - Pedro praticamente rosna.

- Só depois que vocês me derem o dinheiro. - Meu pai fala enquanto pega um arma de sua cintura e aponta para minha cabeça me agarrando.

Os seguranças de Terence também apontam seus rifles em direção os homens de Miguel, que em seguida fazem o mesmo, no entanto, os de meu pai estão em menor número já que Miguel trouxe um verdadeiro batalhão.

- Onde está o marginal, hein? - Terence volta a perguntar. - Ficou com medinho?

Quase rio da sua estupidez. Quem deveria estar com medo é ele. Miguel quando está consumido pelo ódio deixa até mesmo o diabo com medo.

Pedro nem responde, pois assim que meu pai pergunta, duas motos entram na propriedade fazendo um barulho muito grande que chega a incomodar os ouvidos. Elas param ao lados dos carros e dois homens saltam delas.

O mais alto tira o capacete primeiro e revela a cabeleira castanha clara presa em um coque malfeito. Ele é grande e forte, parecendo um urso, e completamente tatuado. Não há uma parte do seu corpo que não tenha tatuagem. O outro eu poderia reconhecer de olhos fechados. Ele também tira o capacete mostrando a cabeça raspada e o rosto sério. Ficamos apenas um dia separados, mas pareceu semanas para mim e senti muito sua falta.

- Estava esperando por mim, Terence? - Miguel fala sarcástico.

A Mulher do ChefeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora