Capítulo 33

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Miguel

- Você percebeu algo? - Pedro quebra o silêncio.

Estamos sentados em minha sala no galpão terminando de organizar a surpresa que preparei para Violet. Meu amigo, como já é casado há anos, me ajudou em tudo, tanto na ideia quanto na execução. Não sou um cara tão romântico, então precisei de toda a experiência de Pedro que já está acostumado a organizar surpresas para a esposa.

- O que? - Pergunto de volta sem entender.

- Desde que você e Violet começaram a se relacionar, você nunca mais usou drogas. Nem mesmo maconha que era algo que você usava com mais frequência. - Paro pra pensar e percebo que é verdade.

Desde o dia em nos beijamos pela primeira vez, nunca mais encostei em qualquer droga. A única coisa que faço é fumar meus cigarros, mas isso não incomoda Violet. Acredito que ela seja a única pessoa no mundo que gosta de cheiro de cigarro. Quando estou fumando, minha mulher adora sentir o cheiro da minha roupa.

É claro que se ela não gostasse e pedisse para eu parar, eu faria com toda certeza.

- É verdade, nem tinha percebido. Estou tão bem ao lado dela que nem senti necessidade de usar algo. - Sorrio lembrando de alguns momentos ao seu lado. - Ela me faz bem.

- Não deixa ela escapar, cabrón. Mulheres como Violet e Gabriela são raras, você só encontra uma vez na vida. - Concordo com o que ele diz. - Somos muito sortudos.

Sorrimos como dois idiotas apaixonados por suas mulheres. No entanto, somos interrompidos pela porta se abrindo bruscamente. Meu primo aparece.

- O que estão fazendo aqui? É um clube do livro? - Ele zomba.

- Não é da sua conta, cabrón. - Pedro diz antes que eu possa falar qualquer coisa. - A pergunta correta seria, o que você faz aqui? Não deveria estar recebendo carga?

- Me passaram informação de que uns moleques estão incomodando uma das novas moradoras. - Estranho meu primo trazer isso pra mim. Esse tipo de problema quem resolve são os novatos ou outros homens. Eu, Juancho e Pedro cuidamos de coisas mais importantes, como as drogas, a fronteira e os galpões.

- Manda alguém resolver isso. - Digo sem paciência.

- Já mandei, mas parece que não surtiu efeito. Ela disse que eles só vão parar se nós formos lá, mas eu não posso, porque tenho que receber as cargas novas. Vocês podem quebrar esse galho pra mim?

Reviro meus olhos, mas me lembro das inúmeras vezes que meu primo já me ajudou em diversos problemas.

- Tudo bem, vamos resolver isso. - Pedro me encara puto, mas não fala nada.

Juancho apenas dá um sorriso e sai em seguida, nos deixando a sós.

- Se eu fosse você, abria meu olho, Miguel. - Encaro-o confuso.

- Como assim? - Pedro revira os olhos e solta uma risada.

- Meu amigo, ao mesmo tempo que você é um dos homens mais inteligentes que conheço, você é muito inocente em outros aspectos. Você confia cegamente em pessoas que não deveria confiar.

- Você diz em relação ao meu primo? - Ele acena como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Eu e Juancho fomos criados juntos, somos como irmãos. Claro que confio nele.

- Eu não vou falar mais nada, quero que veja com os próprios olhos. - Ele se levanta do sofá. - Vamos, o dever nos chama.

Pedro diz ironicamente e sai da sala em seguida. Confesso que o que ele me disse deixa um pulga atrás da orelha.

A Mulher do ChefeDove le storie prendono vita. Scoprilo ora