Enfim, Itália!

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   Me despedir de minha família foi o maior choro, minha mãe me abraçava e pedia para eu tomar cuidado, dizendo que iria sentir falta do bebê dela. Meu pai, apesar de conter as lágrimas, dizia para que eu aproveitasse bem a viagem e conhecesse o mundo. Minha cunhada, que já estava chorando antes mesmo de eu ir falar com ela, dizia que iria sentir muito a minha falta, das nossas conversas e de falar mal do Arthur. Meu irmão estava um pouco chateado, ele só soube que eu iria me mudar para a Itália no dia da partida, antes ele achava apenas que iríamos ficar durante o casamento. Porém, ele veio se despedir de mim dizendo bem alto que se eu precisasse era só ligar para ele que ele iria arranjar um jeito de ir até mim.

   Eu não estava muito diferente deles, parecia realmente um bebê chorão. Foi pior do que quando eu me mudei para São Paulo e meus pais basicamente quase me impediram de ir. Dessa vez, eles não tinham essa opção, Ricardo estava nos esperando no carro, conversando com V. Meu pai saiu, conversando algo com meu noivo, que apenas sorriu e deu dois tapinhas no ombro de meu pai, concordando com algo que ele disse. Meu coração estava acelerado demais, Ricardo já tinha providenciado meu passaporte e feito todos os trâmites para um casamento entre duas pessoas de países diferentes, ainda mais dois homens.

   Eu confio nele e sei que vai dar tudo certo.

   Durante o caminho, Ricardo foi segurando minha mão e me passava segurança. V estava dirigindo, Raissa estava no banco do passageiro e Eliana estava sentada ao meu lado, em silêncio. Eu já estava me acostumando com a presença dela, apesar de ainda sentir calafrios por saber que ela vai me seguir por todos os caminhos que eu for. Eu não poderia trair o Ricardo nem se eu quisesse, talvez esse seja o jeito dele de controlar isso. Se for realmente isso, eu não concordo nem um pouco com essa atitude, mas como eu não penso em trair eu não me importo e até aprecio a presença da mulher.

   Quando chegamos no aeroporto de Ricardo, sim, ele tem um aeroporto, havia um carro nos esperando lá. JP estava ao lado de uma mulher, também negra, com cabelos cacheados e castanhos, olhos castanhos e um sorriso simpático. Ela era bem velha, devia ter uns sessenta e poucos anos, talvez mais, usava um longo vestido preto e florido. Acho que ela era mãe de JP, pois a semelhança entre os dois era grande. Saímos do carro e Ricardo estava sorrindo, ele soltou minha mão e abriu os braços.

   — Nonna Cíntia, vai nos acompanhar? — Ele perguntou, abraçando a mulher e rindo alto.

   — Claro que sim, acha que eu iria perder o casamento do meu neto? — Eles se afastaram e a mulher me encarou, seus olhos castanhos eram convidativos. — Você deve ser o Danilo, ouvi muito sobre você.

   — Espero que coisas boas — Disse envergonhado e ela sorriu.

   — Certamente, meu amor — Ela me puxou para um abraço, me apertando em seus braços e beijando minhas bochechas. — Hoje eu ganhei mais um neto.

   Olhei confuso para Ricardo, que sorriu para mim e abraçou minha cintura com um dos braços.

   — Nonna Cíntia não é minha nonna de sangue, nós só a chamamos assim a pedido dela — Ele explicou.

   — Quero ser chamada apenas de nonna, Danilo — Pediu a mulher. — Ou nonna Cíntia.

   — Claro, nonna Cíntia.

   Ricardo beijou minha bochecha e enquanto nonna Cíntia conversava com Raissa, V e Eliana, Ricardo avisou que iria conversar com os pilotos do avião dele. Eu fiquei ali, ouvindo eles conversando e a nonna Cíntia paparicar Raissa e V, perguntando aos dois quando iriam se casar e ter filhos. Apesar da postura séria, Eliana esboçou um sorriso ao ver o desconforto do casal. Acho que esse assunto não havia sido discutido ainda. JP estava ao meu lado, também olhando para a cena e sorrindo. Ele percebeu que eu o estava encarando e me lançou um sorriso.

Meu Mafioso (Romance Gay)Where stories live. Discover now