Conversas Importantes

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   A viagem até o hospital foi silenciosa, mas não um silêncio desconfortável e sim aquele silêncio que a gente aprecia. Eu estava encarando a paisagem, muita coisa se passando na minha cabeça e muitas dúvidas se formando. Eu nem reparei que havia dormido e só acordei quando ouvi uma voz me chamando. Levantei meu olhar e notei Paulo me encarando, já do lado de fora do carro. Ele explicou que nós havíamos chegado e eu agradeci, esfregando a mão no rosto.

   A porta estava aberta para mim, que saí do carro assim que Paulo me deu passagem. Já no hospital, assim que eu entrei encontrei minha mãe na recepção. Ela estava sorrindo, conversando alegremente com o dr. Ícaro. Assim que me viram, os dois sorriram para mim e eu abracei minha mãe, beijando sua bochecha. Cumprimentei o doutor a minha frente e ele me levou para o quarto de meu pai. Ele explicou que Ricardo havia deixado tudo pronto e eu só precisava estar ali para buscar meu pai. Assim que entrei no quarto, eu vi algo que me deixou um pouco desconfortável. Meu irmão estava ali, junto com a Eloá, e eles conversavam com meu pai.

   — Filho, você chegou — Disse meu pai, um sorriso alegre no rosto. — E o meu futuro genro?

   — Ricardo teve que ir para a vinícola hoje, mas vai estar em casa de tarde — Respondi, tentando evitar contato visual com meu irmão.

   — Danilo, eu só preciso fazer um último check-up no seu pai antes de liberá-lo, não vai demorar — Concordei com a cabeça e observei o dr. Ícaro se aproximar de meu pai.

   Com o canto do olho, vi Eloá segurar o braço de meu irmão e apontar na minha direção. Arthur se levantou, caminhando até mim.

   — Será que a gente pode conversar? — Perguntou Arthur, ele não parecia contente.

   — Claro — Respondi seco, saindo do quarto de hospital.

   Meu irmão me seguiu e juntos, nós caminhamos em direção a uma sala vazia. Quando entramos, ele ficou me encarando por longos segundos, talvez esperando eu tomar iniciativa de algo. Quando percebeu que eu não iria dizer nada, Arthur bufou e esfregou as mãos no rosto.

   — Eu não quero continuar brigado com você, Dani — Disse ele, me fazendo olhar para o chão.

   — Foi você quem disse aquelas coisas horríveis para mim, Arthur. Eu jamais pensei que um dia você iria dizer aquele tipo de coisa para mim — Expliquei, me apoiando na parede e encarando a sala.

   Não havia nada ali dentro, apenas uma janela e nada mais. Ouvi Arthur se aproximar e tocar em meu ombro. Quando o encarei, seus olhos estavam marejados e em um instinto, eu pulei para um abraço.

   — Eu sinto muito — Disse ele, me apertando forte. — Eu me arrependi no mesmo segundo que eu tinha dito, mas meu orgulho falou mais alto. Por favor me desculpa, irmão.

   — É claro que eu te desculpo, Arthur. Eu te amo, nós somos irmãos e vamos sempre nos acertar. É só você não dizer mais coisas horríveis sobre mim, caso contrário eu vou ter que quebrar o seu nariz — Arthur deu risada, mas parou assim que notou que eu estava falando sério.

   — Okay, eu prometo que não volto a dizer esse tipo de coisa do meu irmãozinho — Arthur deu um beijo na minha testa, me fazendo rir.

   — Por que você e a Eloá não vão lá hoje? Assim vocês conhecem melhor o Ricardo e vejam por si mesmos que ele não está tentando se aproveitar de mim — Tentei e Arthur fez uma careta.

   — Eu não sei, Danilo — Arthur se afastou do abraço, se recostando na porta.

   — Além disso, o Ricardo e eu estamos fazendo isso de verdade agora — Meu irmão me encarou por longos segundos. — Eu tô apaixonado por ele e quero que vocês se deem bem. Faz isso, Arthur, por mim? — Arthur ainda me encarava, mas no fim soltou um suspiro.

Meu Mafioso (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora