A Proposta

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   Sabe quando a gente tem aquela sensação de que algo ruim vai acontecer? Que tudo parece estar bom demais para ser verdade? Foi assim que eu acordei esta manhã, eu sabia que alguma coisa ruim iria acontecer. Assim que cheguei no meu trabalho, corri para colocar meu uniforme, que era uma camisa preta com o nome da loja de roupa.

   Eu sempre tentei dar o meu melhor possível, desde quando eu era criança e não foi diferente quando fiz dezoito anos. Arranjar esse emprego era minha salvação, mesmo que estivesse um pouco difícil, eu conseguiria pagar minha casa, onde eu morava com meu irmão mais velho.

   Ele e eu lutamos para conseguir dinheiro e ainda ajudar nossos pais na casa deles, que ficava no interior de São Paulo. Amo meus pais e faço de tudo por eles, incluindo me matar de trabalhar para ajudá-los nas próprias contas.

   — Danilo, chegou um pouco tarde hoje — Disse uma voz conhecida minha. Me virei para Eloá, minha amiga, e sorri. — Acho que até sei onde você estava.

   — Não sei do que você está falando — Respondi, terminando de me arrumar.

   Eloá é minha melhor amiga, foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei na cidade. Além de ser a namorada do meu irmão. Nós sempre nos demos bem, principalmente porque ela me apresentou ao primo dela, um garoto que eu fiquei afim assim que bati o olho nele.

   — Oliver me disse que a noite de vocês foi muito boa — Ela comentou, lixando a unha e sorrindo. — Vai ligar para ele de novo?

   — Ele tem razão, a noite foi maravilhosa mesmo e ele foi um amor de pessoa — Disse, tentando não ser rude.

   — Mas?

   — Mas não vai rolar um segundo encontro. Eu sei que estou desperdiçando uma oportunidade muito boa de conhecer alguém legal, mas minha intuição disse que ele não é o meu cara certo — Eloá soltou um longo suspiro. Ser romântico e acreditar nessas coisas às vezes, quase sempre, era um saco.

   — Você nunca vai saber se ele é o cara certo com apenas um encontro. Você devia dar mais uma chance para ele — Disse ela, se sentando ao meu lado e me lançando aquele olhar de cãozinho abandonado.

   — Okay, prometo que vou pensar nisso — Ela comemorou, já era um grande avanço me fazer pensar em ter um segundo encontro com alguém. — Agora vamos, logo a loja vai abrir.

   Eloá e eu saímos, esperando juntos do lado de fora do nosso pequeno vestiário. Os outros funcionários estavam juntos com a gente e, para nossa infelicidade, nosso chefe estava uma pilha de nervos. A primeira coisa que ele fez ao me ver foi gritar comigo para que eu saísse da frente dele.

   Celso estava me lançando olhares zangados, como se eu tivesse feito algo de ruim. Entretanto, tenho certeza de que não fiz nada de errado nessas minhas duas semanas trabalhando aqui. Tentei não ficar no foco dele e apenas fazer meu trabalho. Eloá me ajudava sempre que eu tinha uma dúvida com alguma coisa.

   — Muito bem, hoje é sexta-feira, isso aqui pode estar lotado — Avisou Eloá e eu concordei com a cabeça.

   Me lembro do meu primeiro final de semana aqui, eu quase fiquei louco com o tanto de gente me pedindo coisas. Felizmente consegui passar por aquilo, mas aqui estou eu, prestes a sofrer de novo. Porém, quando deu oito horas da manhã e as portas foram abertas, não havia ninguém esperando. O que já era um avanço, ou um retrocesso, dependendo da visão da pessoa.

   Provavelmente o lugar iria encher logo. A loja era famosa na cidade e sempre foi muito bem elogiada em tudo. Mesmo que eu tenha chegado na cidade há pouco tempo, já ouvíamos falar dela por todo o lugar no interior. Meu irmão vivia dizendo que sempre que podia vinha comprar aqui, então foi bom quando soube que tinha conseguido o emprego.

Meu Mafioso (Romance Gay)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora