Contrato

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   Durante todo o tempo em que eu esperei pelo carro que viria me buscar, eu fiquei repensando se havia sido uma boa escolha. Como meu irmão havia dito, eu tomei banho e troquei de roupa. Agora eu estava usando uma camisa azul sem estampa, uma calça jeans azulada e um tênis preto. Arrumei meu cabelo, algo que eu definitivamente não faço normalmente, mas hoje eu senti necessidade. Passei até perfume no meu pescoço, me sentindo um idiota por isso.

   Meu coração parecia uma escola de samba no meu peito e qualquer barulho de carro na rua eu me assustava. Eu tomei mais ou menos um litro e meio de água, até que eu finalmente me senti satisfeito. Entretanto, foi só um carro parar na frente de minha casa e algum tempo depois batidas na minha porta, que minha boca secou completamente de novo. Engolindo em seco, arrumei um pouco a roupa e caminhei até a porta, pegando minha carteira e meu celular que estavam na mesa.

   Estava ansioso, cada passo que eu dava em direção a porta, era mais um passo em direção a sentença do meu futuro. Tudo o que aconteceria comigo depois que eu sair de casa, seria por causa dessa escolha. Coloquei a mão na maçaneta, sentindo meu coração dar um salto e abri um sorriso, pronto para recepcionar Ricardo, entretanto, não era ele que estava ali.

   Não pude evitar de ficar um pouco decepcionado, achei que ele iria vir me buscar pelo menos. Mas quem estava parado na minha porta era um homem alto, de cabelos pretos e pele branca. Ele usava um óculos escuro, algo que parecia um comunicador na orelha e terno preto. Ele parecia ser forte e não havia nenhum sorriso na boca dele.

   — Sr. Danilo Silva, está pronto? — Disse ele, a voz grossa e um pouco assustadora. Concordei com a cabeça. — Ótimo, siga-me, o sr. Bianchini o está esperando em sua casa.

   Tive tempo apenas de trancar a porta antes de seguir o homem. Ele já estava me esperando no carro, a porta de trás de um Maserati bege aberta. Me sentindo um pouco intimidado, me aproximei e entrei. O homem não tirava os olhos de mim, como se algo de ruim pudesse me acontecer. Coloquei o cinto de segurança e pouco depois estávamos saindo do meu bairro.

   — É um prazer finalmente conhecê-lo, sr. Silva — Disse o homem no volante, que não tirava os olhos da estrada.

   — Me desculpe, mas como devo chamá-lo? — Perguntei curioso.

   — Mil perdões, você pode me chamar de V, serei seu segurança e chofer particular a partir de hoje — Segurança e chofer?

   — Eu mal aceitei a proposta e o Ricardo já te colocou para cuidar de mim? — V sorriu, acho que se divertindo com isso.

   — O sr. Bianchini gosta de manter as pessoas que ele gosta em segurança. Obviamente não seria diferente com o senhor — Eu me sinto um velho com ele me chamando assim.

   Ambos ficamos em silêncio depois da nossa pequena apresentação. Os vidros do carro eram escuros, passava pelo meu bairro e por pessoas conhecidas minha. Eles pareciam confusos, não era normal um carro desses aparecer por aqui. A essa hora meu irmão já deveria estar na rodoviária pegando um ônibus para ir até nossa cidade natal no interior de São Paulo. Enquanto eu estou indo assegurar que nossa família jamais passará por problemas de novo.

   V me levou para lugares da minha cidade que eu não conhecia. Estávamos em um bairro chique, próximos a um condomínio de luxo. Não haviam estabelecimentos por perto, apenas casas que cresciam de tamanho conforme íamos passando. A maior delas era a última, uma que ficava em uma colina um pouco mais afastada.

   Era difícil acreditar que havia um lugar assim aqui em São Paulo. Tinham árvores, praças bonitas, apesar de vazias, e um pequeno lago. Não haviam pessoas na rua e o máximo que vi foi um carro de entregas do correios. De resto eram apenas carros que eu mal sabia o nome, mas de longe dava para ver que eram caros. Eu me sentia um pouco estranho estando em um lugar desses.

Meu Mafioso (Romance Gay)Where stories live. Discover now