Problemas

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   Já havia se passado mais de duas horas desde que Ricardo me deixou em casa. Minha cabeça continuava uma pilha de nervos com tudo o que aconteceu. Primeiro a demissão, fazia apenas duas semanas que eu estava trabalhando naquela loja e eu já fui demitido. Depois, para me deixar ainda mais pilhado, aquele italiano chega com aquela proposta maluca e tentadora.

   É muita coisa para pensar e associar. Sei que o dinheiro me ajudaria bastante, mas, mesmo que o Ricardo tenha dito que eu poderia ter uma vida normal, nunca seria a mesma coisa. Eu terei o sobrenome dele, vou fazer parte da família dele e até que nos separássemos eu não poderia estar com alguém que eu amo de verdade.

   Mas acho que o pior de tudo é não poder falar com ninguém sobre isso. Principalmente meu irmão e a Eloá, eles são meus melhores amigos, mas não posso deixar eles saberem sobre isso. Eles terão que acreditar que iríamos nos casar por amor, o que seria difícil, já que a Eloá o conhece da loja e o Arthur nunca ouviu falar dele antes.

   Abri a geladeira buscando algo para comer e a encontrei vazia, com apenas umas garrafas com água. Minha barriga roncou e eu fechei a geladeira com força. Que porcaria de vida. O cartão do Ricardo estava jogado na mesa, me chamando e me atiçando. Realmente não seria difícil me acostumar ao dinheiro e nem ao que ele me forneceria.

   Pelo restante do dia eu fiquei jogado no sofá da sala. A barriga roncando e a proposta do italiano cada vez mais tentadora. Ouvi barulho da porta se abrir e ali estava meu irmão, parado na minha frente com um semblante preocupado. Ele se aproximou a passos rápidos e me fez sentar normal no sofá, pegando minhas mãos e me fazendo olhá-lo nos olhos.

   — Conversei com a Eloá, ela me disse que você e eu precisávamos conversar. O que foi que aconteceu? — Vê-lo ali, todo preocupado e atencioso, me fez surtar.

   Me joguei nele, abraçando sua cintura e escondendo o rosto no pescoço dele. Minhas lágrimas desciam com força, meus soluços eram pesados e eu sabia que estava apertando Arthur com força. Em contrapartida, ele também me abraçou, passando uma das mãos em minhas costas e a outra afagando meu cabelo.

   Arthur me dizia palavras reconfortantes, mesmo que não soubesse o que estava acontecendo comigo. Por isso que eu amo meu irmão, ele sempre foi o mais próximo de mim e sempre estava lá por mim, até mesmo quando ele não estava bem. Também foi por isso que me doeu saber que não vou poder ajudá-lo, que estarei sendo apenas mais uma boca para ele alimentar.

   Ele deitou minha cabeça em seu colo, passando a mão no meu cabelo e cantarolando uma música de ninar. Confesso que isso realmente me acalmou mais do que eu gosto de admitir. Ficamos um bom tempo ali, com ele esperando eu me sentir confortável para conversar sobre o que me deixou assim.

   — Thur? — Chamei e ele murmurou um sim. — Eu fui demitido hoje.

   De primeiro momento ele ficou calado. Eu não podia ver seu rosto, então não sei como ele estava reagindo. A mão dele parou por alguns instantes, ficando um silêncio constrangedor e logo depois ele voltou a me fazer cafuné.

   — Você vai arranjar um emprego melhor — Disse ele, ficando calado.

   — Não é com isso que estou preocupado no momento — Me levantei, olhando nos olhos dele. Arthur é bastante parecido comigo, com olhos castanhos e cabelos pretos. — A gente não tem nada para comer e agora eu sou só mais uma boca para você alimentar.

Meu Mafioso (Romance Gay)Where stories live. Discover now