Beijo de Despedida

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   Eu consegui me manter estável durante todo o trajeto de volta, mas foi impossível me manter assim quando Ricardo me olhou com aqueles olhos preocupados. Ele veio na minha direção e antes mesmo de chegar em mim, eu já estava em prantos. Meu irmão sentia nojo de mim, eu vi nos olhos dele. Ricardo me puxou para um abraço, colocando minha cabeça contra seu peito e acariciando minhas costas.

   Abracei sua cintura, me permitindo chorar ali na recepção do hospital mesmo. Ele não disse nada e quem nos visse, iria jurar que éramos um casal de verdade. Ficamos por um tempo naquela posição, até eu me afastar e olhar nos olhos dele de novo. Diferente do meu irmão, que me olhava com nojo e decepção, Ricardo me olhava com preocupação e receio. Ele limpou minhas lágrimas, acariciando minhas bochechas.

   — Quer dividir comigo o que aconteceu, ragazzo? — Ele perguntou, olhei ao meu redor, notando todos os olhares curiosos que estavam em nós.

   — Já resolveu as coisas com o hospital? — Perguntei e ele concordou com a cabeça. — Me espera no seu carro, vou levar essas coisas para minha mãe e já te encontro!

   Ricardo meneou a cabeça, me dando um beijo na testa e sorriu para mim, me deixando vermelho por alguns segundos. Depois disso, ele saiu do hospital e eu voltei a entrar, indo em direção aos quartos após falar com a recepcionista. Quando encontrei minha mãe ela me disse que conversou bem com Ricardo e também me disse que aprovava o casamento, se era isso mesmo o que eu queria para mim. Sei que ela não acredita cem porcento em mim, mas só dela falar isso já me da forças para continuar.

   Eu não contei sobre minha briga com o Arthur, mas também sei que ela deve saber que aconteceu alguma coisa. Mamãe sempre foi boa em descobrir quando meu irmão e eu estávamos brigando, por menor que fosse a briga. Convidei ela para que viesse conosco para São Paulo, mas ela disse que preferia ir com o Arthur de ônibus. Sorri cansado e dei um beijo na bochecha dela e outro em meu pai, que continuava dormindo anestesiado. Lançando um último olhar para ela, que estava fazendo um carinho em meu pai, deixei a sala para trás.

   Saí do hospital o mais rápido que eu consegui e Ricardo estava me esperando no carro, como eu havia pedido. V abriu a porta para mim e depois se encaminhou para o banco do motorista, esperando as ordens de Ricardo para sair. Olhei para o italiano ao meu lado e antes que eu dissesse alguma coisa, ele me puxou para deitar em seu colo. Apoiei a cabeça em sua perna, podendo encarar seus olhos verdes que me olhavam com ternura. Ao menos eu vou casar com um homem bonito.

   — Meu irmão me chamou de garoto de programa — Disse, vendo Ricardo estreitar os olhos, mas sem dizer nada. — Ele me olhou com nojo e desgosto, disse que eu me vendi para você.

   — Você contou para ele? — Suspirei fundo e concordei com a cabeça.

   — Arthur sabe quando eu estou mentindo para ele. Achei que contando que eu estava fazendo isso para salvar o nosso pai, ele fosse me entender e me apoiar. Me desculpe por quebrar o nosso contrato de fidelidade e entendo se quiser acabar com tudo isso — Disse eu, aceitando meu destino.

   — Tecnicamente o contrato ainda não foi legalizado, então você não quebrou nenhuma regra — Ele piscou para mim, me tirando um sorriso de canto de boca. — Eu não conto se você não contar.

   — Às vezes eu acho que você é obra da minha imaginação. Obrigado por tudo o que você está fazendo por mim e por minha família — Ricardo acariciou minha bochecha.

   — Qualsiasi cosa per il tuo sorriso, ragazzo — Disse ele, com aquele charme encantador. — Se você quiser, pode dormir comigo hoje.

   — Obrigado pela oferta, mas acho que vou ficar em casa mesmo. Meu irmão e minha mãe só voltam amanhã, então acho que vou chamar minha cunhada para me fazer companhia em casa — Ricardo concordou com a cabeça e fez um carinho no meu rosto de novo.

Meu Mafioso (Romance Gay)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant