𝐃𝐀𝐍𝐂𝐈𝐍𝐆 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 • 𝐀𝐞𝐦𝐨𝐧𝐝 𝐓𝐚𝐫𝐠𝐚𝐫𝐲𝐞𝐧

𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄.

⚠️ TW: Mommy issues, depressão, devaneios, bebidas alcoólicas e palavras de baixo calão.

  Ryen Targaryen era muito nova para entender o motivo de ser jogada nas mãos de uma pessoa horrível, por que aquele homem tinha tanta liberdade? Ele a rasgava em pedaços física e mentalmente e ela não conseguia entender porque estava presa nesse maldito ciclo de abuso. Não deveria ter aceitado brincar com ele quando era criança mas fez isso, sua falecida inocência fez isso. Ela queria gritar, berrar que não a tocasse, que ela era frágil, que ela era apenas uma criança. Sua mãe a vendia por informações e agora ela estava arruinada desde o começo.
 
  Ryen esperou alguns minutos depois que ele foi embora para se retirar, uma mão cobrindo a boca para não deixar escapar seus soluços tristonhos e a outa arrumando seu próprio vestido depressa. As lágrimas não paravam de descer, ela queria que elas parassem mas não conseguia. Claro que se alguém a visse chorando acreditaria que o motivo era a condição do rei Viserys, a aflição de ver o pai naquele estado mas a dor que Ryen sentia era mil vezes maior.

"Por que a mamãe tem que me vender para esse velho malvado? Ele me machuca em lugares que eu nem entendo... Qual pecado eu cometi? O que eu poderia ter feito para receber tal castigo? Eu só tenho dezessete anos, sendo obrigada a satisfazer um homem de quarenta."

  Ryen fechou a porta de seu quarto atrás de si, podendo chorar livremente. Seu quarto não estava muito diferente de quando era criança mas ela não teve muito tempo para analisar pois praticamente pulou em cima da cama, afundando o rosto no travesseiro para reprimir um doloroso grito que estava entalado em sua garganta. Ela poderia voltar para Oldtown mas a verdade era que Ryen não se sentia exatamente feliz por lá, não tinha o real desejo em ser septã, isso foi coisa de sua mãe.

Ryen definitivamente não gostava de viver sob tantas regras onde um simples respirar seu poderia ser considerado pecado. Mas também não se sentia feliz em Porto Real, onde o monstro do pé torto habitava pelos corredores, sussurrando informações para a rainha e estuprando a princesa em segredo.

Por outro lado, havia seus irmãos a quem ela amava muito, cada um deles. E bom, a Targaryen acreditava que talvez sua mãe a amasse (mesmo que não entendesse o motivo de certas ações que ela cometia) ou talvez Ryen simplesmente não conhecesse o significado de amor para poder identificá-lo. A princesa passou o resto da tarde deitada, as lágrimas foram diminuindo com o tempo mas as dores físicas e emocionais não. Ela olhava para um ponto fixo na parede, como se estivesse em um devaneio de sua própria mente e de certa forma, ela realmente estava. Ryen costumava fazer isso quando os abusos aconteciam na infância, ela criava cenários imaginários para fugir de sua triste realidade.

Primeiro imaginou-se em Pedra do Dragão com seu pai, seus irmãos e sobrinhos, de quem ela gostava tanto. Reunidos em volta da mesa, felizes, a família amorosa que ela sempre quisera ter. Em seu devaneio, Ryen percebeu que sua mãe não se encontrava ali. Por que? Ela levantou-se da mesa e começou a andar pelos corredores, já não era mais Pedra do Dragão e sim a Fortaleza Vermelha. Ryen conseguiu enxergar o quarto de sua mãe mais uma vez, ela estava lá, estava mostrando seus pés para aquele verme imundo.