Capítulo II

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 "Mentiras"

Ecoava pela mente dele, a cada passo.

"Manipulação, mentiras e traição!"

E então, respondendo ao ódio crescente que estava sentindo, Zaydane inflama o único lado que ainda funciona de seu sabre de luz Inquisidor.

"MENTIRAS!"

****

Um outro transportador descia levantando a areia da praça no pé da exuberante escada para o palácio central da cidade. Já era o terceiro.
Um Koorivar, conhecido por todos na cidade como Chefe Ooaks, estava parado no primeiro degrau da longa escada com dois guardas Togrutas que seguravam firmemente suas vibrolanças, esperando as tropas descerem do transportador. Ele não gostava nem um pouco do que estava vendo.

-Chefe Ooaks, eu presumo. - Um deles veio até Ooaks, falando com certo descaso. Ele era um representante legal da cidade que as tropas ocupavam naquele momento, e merecia ser tratado com mais respeito. Ele sabia disso.

-Não gosto dessa situação, Comandante. - Ooaks respondeu, tentando soar autoritário e ríspido.

O Stormtrooper retirou o capacete com pinturas azuis.
Sua pele era escura e seus olhos eram castanhos. Ostentava um cavanhaque e seu cabelo era bastante curto. Além daquilo, tinha uma tatuagem de um espinho azul cortando seu olho direito de cima para baixo. Ele não parecia um militar, apenas um bruto.

-Sinto muito pela aparição repentina, Chefe Ooaks. - O homem respondeu. - Mas devo lembrar que a Primeira Ordem ainda é dona deste setor estelar.

Ooaks nada respondeu. Aquela era uma discussão e uma jurisdição que estava muito além dele. Ele era o dono da cidade, já a Primeira Ordem -de acordo com o que eles alegavam- era dona de todo o espaço onde seu planeta existia.

-E Changrid, neste momento, Chandalla'Ra para ser mais exato, abriga um criminoso conhecido que está sendo procurado pela Primeira Ordem. - O Stormtrooper continuava dizendo.

Ooaks viu de relance que os Stormtroopers afastavam os cidadãos curiosos que tentavam se aproximar da praça. A maioria levava lanternas e outras formas de iluminação, já que a monstruosa nave da Primeira Ordem pairava acima da cidade, bloqueando o sol poente.

-Eu sou o Capitão Alexius Chrio, da divisão de Stormtroopers do Destróier Estelar Dedo da Morte. - O Stormtrooper explicou. - E preciso saber se você tem alguma informação sobre um espião conhecido da Resistência, chamado de Zenmi Blydard.

Chrio disse aquilo em alto e bom som, para todos na praça e pelos becos conseguirem ouvir o nome. Não porque alguém entregaria o espião, mas sim porque seus Stormtroopers estariam preparados para perceber qualquer reação ao nome e investigar.

-Capitão, eu acho honestamente que--

Ooaks foi cortado por um dos Stormtroopers que controlava os cidadãos curiosos.

-Ei, você ai! - O Stormtrooper gritou.

Um Mirialano se destacou na multidão enquanto tentava desviar das pessoas para sair pela ruela atrás da praça. Chrio colocou seu capacete e começou a rastrear a localização do espião que tentava fugir.

-Pegamos ele. - Chrio avisa, pelo comunicador do capacete. - 982 e 235, ele vai passar pela sua direita.

Os Stormtroopers agem de acordo com as instruções de Chrio, e sua recompensa vem pelo holocomunicador:

-Temos ele, senhor.

Chrio se vira para Ooaks, com um aceno de cabeça.

-Obrigado pela sua colaboração, Chefe Ooaks.

Quando Chrio se vira para voltar ao transporte, o seu comunicador crepita com gritos e indagações.

-Mas o quê!? - Um Stormtrooper grita, antes da comunicação ser silenciada.

Os outros Stormtroopers olham para Chrio. Também haviam escutado aquilo.

-O que estão esperando!? - Chrio grita de volta. - Vão investigar!

****

-Por favor...! - O homem suplicava. - Por favor, não...!

Com um golpe, o Mirialano cai.

Os homens que o capturaram, com certeza, eram Stormtroopers imperiais. A armadura branca era inconfundível.

O Império estava ali, em Changrid. No fim da galáxia. Era a chance de Zaydane conseguir sua vingança e completar sua missão.
Ele, ainda com sua lâmina rubro ativada, seguia pelas ruas estreitas de arenito e areia solta de Chandalla'Ra. Conseguiu ver mais cedo uma nave descendo da grande Nau Capitânia no céu para onde ficava a praça central da cidade, no pé da grande escadaria até o palácio do Koorivar. Eram mais imperiais, e iriam morrer todos.
Dois outros Stormtroopers apareceram mais à frente, surpresos por verem Zaydane. Eles jamais esperariam ver Zaydane novamente. Os disparos escarlate das armas vem, mas Zaydane perdeu o contato com a Força, e não sabia se conseguiria desviar todos eles. Ele se esconde detrás de um muro de arenito, que desfaz suas bordas com os tiros dos rifles. Ele ouviu passos, e quando estavam próximos o suficiente, ele inflama seu sabre e ceifa a vida dos outros dois Stormtroopers.

"Mentiras!"

A palavra ecoa em sua mente, como um veneno sendo bombeado direto para suas veias, que lhe mantém ativo, forte, atento e... com raiva.

"Sim... a raiva."

Dois Stormtroopers viram um beco para dar de cara com um Zaydane completamente entregue ao seu ódio. Aquele ódio se projeta da forma mais bruta que Zaydane poderia projetar. Com um movimento de seu braço desocupado, Zaydane projeta a Força contra o par de Stormtroopers, quebrando as paredes de arenito de uma das casas com o corpo dos soldados.

A Força retorna à ele, como uma arma para a sua vingança.

Três Stormtroopers aparecem no telhado à sua esquerda. Zaydane novamente projeta a Força e quebra o arenito do telhado logo abaixo dos pés dos três soldados, logo depois desmoronando a casa em cima deles. Suas vidas deixam seu corpo no mesmo instante.

À frente, mais Stormtroopers abrem fogo contra Zaydane, vindos da praça. Aqueles são liderados por um Stormtrooper que tem detalhes azuis desenhados em seu capacete e armadura. Com naturalidade, se entregando completamente aos seus sentimentos, Zaydane utiliza seu sabre de luz para defletir os tiros dos soldados de branco, assim fazendo com que dois deles caiam. O com detalhes azuis é mais habilidoso, e parece estar mirando na cabeça de Zaydane.
O Zabrak cinza pula extremamente alto, usando o impulso da Força recém-reconquistada, caindo atrás do soldado de azul e cortando ao meio outros dois que viam atrás dele. Com a Força, Zaydane subjuga o Stormtrooper de azul, fazendo-o se ajoelhar.

-E então o Império retorna. - Zaydane declarou, com escárnio. - Como descobriram onde eu estava?

O Stormtrooper não responde, ainda se esforçando para tentar se levantar perante a influência da Força que Zaydane exerce sobre ele.

-Não importa. Que venham mais, matarei todos. - Zaydane conclui, erguendo sua lâmina para finalizar aquele soldado.

Um tiro acerta a dobra do joelho de Zaydane. O Zabrak urra de dor, enquanto cai de joelhos e perde a concetração na Força. O Stormtrooper que havia disparado contra ele tenta outro disparo, mas Zaydane consegue defleti-lo e mata o Stormtrooper com o tiro que ele mesmo disparou.

O soldado dos detalhes azuis se levanta ofegante.

-Não sei quem você é. - O soldado dizia, apoiando-se em seus joelhos. - Mas depois desse show todo e de matar um esquadrão inteiro, você vem comigo.

Ele retira uma pistola de raios do coldre e dispara um anel azul contra Zaydane.
A energia passa pelo seu corpo, deixando-o dormente. Zaydane sente frio, enquanto escorrega lentamente para o oblívio.

Cabbar - Uma História Star WarsWhere stories live. Discover now