Capítulo I

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Ele sentia a areia alaranjada uniforme deslizar sob seus pés enquanto subia mais uma pequena colina instável. À frente, era possível ver os grandes muros se projetando do chão feitos de arenito que protegiam a cidade sórdida e detestável de Chandalla'Ra, por mais que fosse a única cidade grande com espaçoporto naquela lamentação de planeta.
Sobre seu ombro esquerdo, conseguia ver o mar de rochas que substituía a areia laranja enquanto se aprofundava no horizonte. Algo com pequenos olhos amarelos o encarava enquanto ele passava por lá, cujo rapidamente procurou abrigo por entre as rochas pontiagudas onde começava o contraste misterioso das areias contra as pedras negras.

Ele odiava aquele planeta.

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O homem sentado, com suas pernas relaxadamente apoiadas em uma das mesas de arenito, deu mais um tiro próximo das rodas. O droide astromecânico reprogramado R4-V2 guinchou um assobio em pânico, parando um pouco antes da marca fumegante do disparo e deixando a bandeja que estava em sua cabeça chata cair para frente com o movimento abrupto.

Os homens riem.

-Vê, Senhor Oslo, eu realmente gosto bastante deste lugar. - O homem com as pernas apoiadas disse. O nome do homem, cujo era da raça Duros, é Jad Jentag. O que o fazia se comportar tão autoritariamente era o símbolo de um B vermelho cortado no meio no colete que usava, e a pistola de raios que ele tinha acabado de guardar em seu coldre. - Admito que tem que ter muita coragem para começar uma cantina na área mais baixa de Chandalla'Ra.

Oslo Arrick, um Ithoriano extremamente pacifista e nada preparado para aquela situação, sibila algumas coisas em sua língua natal, em súplicas de deixá-lo em paz. O Duros balança a mão, em descaso, enquanto se levanta.

-Como espera abrir uma cantina se nem a língua Básica você fala!? - Jad indaga, chegando perto demais do balcão. - Cê sabe como funciona, Oslo. Sabe porque estamos aqui.

O Ithoriano escolhe ficar calado. Não o entenderiam, de qualquer maneira. A unidade R4 rapidamente passa pelo balcão afim de se esconder dos homens presentes, e talvez de alguma confusão que o Duros estava caçando.

-Todos os comércios desta parte do deserto até o mar de rochas precisa pagar a taxa de segurança do Grande e Renomado Bans. - Jad proclama, mais com escárnio do que de fato vontade. - Não deixa mais difícil do que já é... pra você.

Os outros homens com coletes de B vermelho cortado ao meio riem novamente. Dois estão encostados na parte de dentro do lado da porta da pequena cantina improvisada de Oslo, então não vêem quando a figura nova chega ao local.
Era uma figura coberta pela escuridão que a luz do sol exterior fazia em contraste com as fracas lâmpadas dentro do estabelecimento. Ele carregava uma bolsa de couro surrada que aparentava ter algo muito pesado dentro, que provavelmente não deveria ser carregado por uma bolsa como aquela. Mancando, a figura adentra o local agora silencioso, até parar no balcão e Jad conseguir ver quem é.
Era um Zabrak de quase dois metros de altura com o rosto completamente tatuado por tinta preta, de forma ritualística. Nada que Jad e seus homens jamais tinham visto, já que, aliás, um dos homens que acompanhavam Jad era um Zabrak. O que destoava daquela figura, além do tamanho um tanto quanto exagerado, era sua pele de cor cinza, como se ele não fosse um Zabrak natural.
Suas roupas eram como uma grande coberta negra presa com um cinto em seu corpo, suas botas lembravam talvez botas formais de oficiais de algum tipo de força governante, agora cobertas de areia e outras coisas indistinguíveis, provavelmente pelo tempo de uso.
A figura coloca a bolsa de couro em cima do balcão, ignorando completamente a situação do Duros e do Ithoriano. Se vira de forma ignorante para o Ithoriano e profere:

-Agora, a comida.

Sua voz, destoando de sua aparência maltrapilha e esfarrapada, era clara e até mesmo cadenciada. Parecia um político que Jad via nos anúncios atuais falando. Antes que Oslo pudesse responder a figura, Jad o interfere.

Cabbar - Uma História Star WarsDonde viven las historias. Descúbrelo ahora