Capítulo 24

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 Com as semanas se passando, Lena precisou fazer uma pequena viagem para uma cidade do interior, graças a um erro cometido na decoração, algo que ela assumiu ser sua culpa por conta de um descuido. Eram quase dez horas da noite, ela tinha saído às dez da manhã e nem precisava comentar que estava exausta, entrando no apartamento.

Na sala, Lena nota algo estranho, Kara estava deitada no sofá com uma manta nos pés, um travesseiro na cabeça e os braços cruzados encarando a televisão, além de tudo isso, tinha uma carranca no rosto de Kara.

– Boa noite, o que aconteceu? - Pergunta em confusão, tirando seus saltos. Recebendo apenas o silêncio em resposta, Lena tem certeza que Kara estava irritada consigo.

Horas mais cedo, ela tinha encontrado os duzentos reais no fundo da sua gaveta de cuecas e percebeu logo que aquilo era da festa por ter a mesma quantidade de notas que tinha entregado a Lena, o que a deixou confusa.

Ignorando a presença de Lena, Kara se ajeita no sofá e continua a olhar para a televisão deixando a mais velha com um enorme ponto de interrogação no meio da testa. Ela não queria conversar naquele momento, ela estava com a cabeça quente, o que poderia gerar uma discussão pelo tom irritado que usaria, mas amanhã de cabeça fria, ela conversaria com Lena.

Desistindo de tentar tirar alguma palavra de Kara, Lena vai para o banheiro tomar um longo banho para tirar todo o suor e estresse que estava preso em sua pele. Vestida com um pijama, ela volta para a sala e cruza os braços ao parar perto de Kara.

– Vai me falar o que está acontecendo?

– Não estou afim de conversar, Lena. - Kara murmura contra sua vontade tentando segurar as palavras que subiam por sua garganta.

– Tudo bem... Posso ficar aqui com você? - Aponta para o sofá. Sem a olhar, Kara nega com a cabeça.

Entendendo que Kara não queria sua companhia, Lena vai para a cozinha beber um pouco de água e comer algo, logo após isso, cruzando a sala com lentidão para entrar no quarto, ela ouve Kara se sentando no sofá para logo depois sua voz tomar conta do ambiente.

– Sabe o que eu acho? - Kara fala. Lena para de andar, se vira para ela com o cenho franzido e espera que ela continue. - Mesmo eu sempre batendo na tecla que não preciso de esmola, você continua me dando! Não me deixa ajudar com as contas do apartamento, muito menos com a comida e isso eu estava relevando por que não tinha muito dinheiro, mas não aceitar o dinheiro da festa da minha filha e tirar tudo do próprio bolso? - Gesticula irritada.

– Kara...

– Não, Lena. Isso me incomoda, eu tenho o meu trabalho, mesmo que eu não ganhe um quinto do seu salário, mas eu trabalho para cobrir os gastos da minha filha. Isso me faz pensar que você me acha uma pobre coitada.

– Não é nada isso, Kara.

– Então o que é isso? - Ergue as cinco cédulas que totalizaram duzentos reais. - Me fala porque isso estava na minha gaveta.

– Porque você é orgulhosa demais para aceitar uma festa de presente, mesmo que não seja para você. - Dispara começando a se irritar, ela fez tudo para ajudar Kara a juntar mais dinheiro para investir ainda mais no próprio negócio.

– Eu sou orgulhosa? Como você se sentiria se estivesse morando de favor, não deixarem que você pague uma mísera caixa de leite e ainda bancar a sua filha? - Questiona erguendo um pouco a voz ficando de pé.

– Primeiro, baixe o tom de voz que eu não estou gritando com você. - A reprime ganhando uma expressão séria. - E eu aceitaria a ajuda.

– Nós duas sabemos que isso não é verdade. - Nega com a cabeça segurando o dinheiro em uma única mão, pois se segurasse com as duas, acabaria rasgando pela força que o segurava.

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