Capítulo 12

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Kara permaneceu de mal humor por várias horas, até que finalmente seu bom humor voltou quando Cecília deu alguns passos com sua ajuda. Já com a cabeça encostada no travesseiro, ela passa a se perguntar o porque de ter ficado daquele jeito quando viu que Lena já tinha até mesmo levado algumas peças de roupas para a casa de Bil, para poder voltar na manhã seguinte. Culpando a noite mal dormida, ela resolve tentar pegar no sono.

No dia seguinte, ela desbloqueia o celular vendo uma mensagem de um número desconhecido no whatsapp, pensando que poderia ser sobre o emprego, ela abre o chat com rapidez lendo a mensagem de três linhas. Ao ler “infelizmente informamos que não foi possível lhe colocar na vaga”, um misto de sentimentos ruins atingem seu peito. Se sentindo desesperada e frustrada, Kara desliga a tela do celular e o apoia sobre a cama, esfrega o rosto com força e tenta controlar a vontade de chorar.

Abalada, ela respira fundo diversas veze, se levanta da cama para ir até o berço de Cecília observando a bebê dormir com calma e olha em volta pensando no que poderia fazer para tentar conseguir um pouco de dinheiro, se lembrando de que sua falecida avó vendia pães recheados e roscas para conseguir uma renda extra, Kara junta as sobrancelhas tentando se lembrar da receita que a mulher sempre fazia, sua memória era impecável quando se tratava das receitas da sua avó.

Kara sempre tinha sido muito próxima da sua avó paterna, ela passou a maior parte da sua adolescência na casa da mulher por sua convivência com seus pais não ser tão boa até que a mulher faleceu por uma pneumonia forte, um ano antes de Kara ir para a faculdade.

Ela sorri abertamente ao se lembrar, caminha até suas malas e a abre começando a escolher algumas peças de roupas que não fariam falta, mais algumas roupas de Cecília que já não serviam. Colocando todas as peças sobre a cama, Kara apoia a mão na cintura procurando o celular para se certificar que o brechó, na qual ela sabia que poderia conseguir até mesmo 70 reais em tudo, ainda estava aberto. Mais aliviada por ver que ele ainda estava aberto, ela afirma com a cabeça abrindo um enorme sorriso. Iria começar a vender as roscas e pães até conseguir um emprego.

Naquele mesmo dia, Cecília e ela vão até o brechó que ficava em um bairro próximo, o clima não estava quente e isso a ajudou bastante já que Cecília sempre ficava chorosa em dias quentes. Com uma caminhada de aproximadamente vinte minutos, Kara chega até o brechó, sorri vendo que já estava aberto e entra com o carrinho de Cecília indo até o balcão atraindo a atenção de uma mulher de cabelos encaracolados e curtos.

   – Bom dia! No que posso ajudar? - Pergunta sorridente.

   – Eu queria vender essas roupas. - Kara pega as duas sacolas que estavam na cesta do carrinho de Cecília e coloca sobre o balcão. - Tem roupas e sapatinhos de bebê e mais algumas roupas de adulto. - Ao ouvir a palavra “bebê”, a mulher fica interessada.

   – Posso olhar? - Kara afirma com a cabeça e ela vira as suas sacolas sobre o balcão. Elas ficam conversando enquanto a mulher que se chamava Marta analisava as roupas, e por fim, dá o preço de sessenta reais para pegar na hora.

Kara ficou um pouco pensativa, mas aceitou. Daria para comprar algumas coisas para o início. Animada, a mulher saiu do brechó com três notas de vinte reais e voltou para o apartamento de Lena radiante, iria fazer uma lista das coisas que precisaria comprar e do que não poderia comprar pelo orçamento apertado.

Entrando no apartamento, ela tira Cecília do carrinho e coloca a bebê no chão da sala junto a uns brinquedos, Kara vai para o quarto onde dormia pegando um caderno e uma caneta, procura um papel do mercado com os preços e volta para a sala para iniciar a pequena lista com os ingredientes, o plástico que teria que comprar junto com os enfeites.

Singular (Supercorp's Version)Where stories live. Discover now