American Robin II

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(6/7)

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Balancei minha cabeça no ritmo da melodia que saía dos alto falantes em meu pequeno estúdio particular em casa. Cantarolei no mesmo tom, pensando no que poderia se encaixar ali.

— Ok, o que você tem? — Maiara perguntou, sentada no sofá oposto a mesa de som, onde eu estava.

— Versos aleatórios — respondi, virando minha cadeira para ela e balançando meu caderno em mãos — Me pinte como Van Gogh / Quero estudar cada pedaço seu / como um coral cantando aleluia — recitei, a vendo erguer a cabeça curiosa e com um sorriso levemente malicioso.

— Curiosamente essa melodia também me rendeu uns versos mais safadinhos — Maiara riu e eu rolei meus olhos — Olhe, que tal 'me diga algo mas me diga com suas mãos'?

— Hm isso é bom — concordei, anotando a frase no meu caderno e recomeçando a melodia, pigarreei enquanto encarava a folha e imaginava tudo aquilo se juntando — Tell me something, but say it with your hands / when you touch me, paint me like a Van Gogh / I wanna study every inch of you — cantarolei, gostando de como aquilo havia ficado.

— 'Til you trust me to make the angels come through — Maiara continuou com um novo verso e eu sorri, já anotando aquele trecho também — Eu estou sentindo que isso pode ser bom, a letra tá se encaminhando e a melodia é boa, mas falta algo — ela comentou, cruzando os braços e franzindo o cenho, prestando atenção ao som.

— Eu sei, também sinto isso — concordei, batucando um pouco a caneta no papel — Algo que possa introduzir a música, mas não sei — dei ombros, anotando mais uns versos aleatórios — Ei, sabe o refrão que fizemos? — chamei sua atenção, mexendo na mesa de som para tocar o refrão daquela mesma música que já tínhamos finalizado — Poderíamos fazer um pré. Antes de eu começar com o 'Where did you come from, baby? And were you sent to save me?' — sugeri, vendo seus olhos me encararem mais atentos e curiosos — Algo como 'do you feel me? Can you feel me?' — cantei no ritmo da música.

— Parece bom, poderíamos colocar aquele verso que você sugeriu antes — respondeu, se levantando e se aproximando de mim, apontando para uma frase específica em meu caderno.

— Sim! Talvez se juntassemos esses dois, tipo para dizer que quando estão juntas é como um...

Não pude terminar minha fala porque a porta do estúdio foi bruscamente aberta e duas pestinhas entraram correndo ali, suas risadas e vozes soando absurdamente altas enquanto as duas corriam e tentavam se esconder uma da outra. Eu vi minha melhor amiga rir, negando com a cabeça ao encarar minhas filhas.

— Ei Ei o que vocês pensam que estão fazendo ein? — questionei em bom humor, me levantando e conseguindo parar Isabella, a jogando em meu ombro e com a outra mão impedir que Fairy saísse correndo.

— Mama, pare — Isabella pediu entre uma risada e eu, gentilmente, a coloquei no chão — Fairy e eu estamos brincando de pega pega — explicou com a respiração ofegante.

— E agora é sua vez! — Fairy gritou assim que encostou na irmã mais nova antes de recomeçar a correr pelo meu estúdio.

— Oh céus — resmunguei quando Isabella logo foi atrás.

— Sua moral aqui é incrível, Mara — Maiara provocou rindo e eu revirei os olhos.

— Se as duas pararem agora eu desço e tomo sorvete com vocês! — exclamei.

Como se fosse mágica, as duas pararam de correr e em segundos estavam na minha frente. Sorri convencida ao erguer minha cabeça para minha melhor amiga.

Através da Escuridão Where stories live. Discover now