Através da Escuridão

Declarações

- Mais uma vez - a voz do meu produtor soou dentro da cabine e eu soltei um suspiro cansado enquanto apenas levantava meu polegar em concordância.

Ouvi a melodia de Wild Love nos fones em meus ouvidos e cantei novamente o refrão, dessa vez aumentando o tom em algumas notas. Já era a sétima vez que eu gravava essa parte e ainda acho que faria mais algumas vezes.

Eu estava de volta ao estúdio. Ainda teria partes da turnê na América do Sul e alguns shows em festivais por aqui mas já estava gravando novas músicas para um novo álbum. Porém, considerando que dá última vez eu lancei dois discos, eu poderia me dar ao luxo de levar mais tempo com esse novo projeto. Para ser sincera eu estava apenas gravando algumas músicas para talvez ter algo para dar aos meus fãs, porque eu estava negociando com alguns produtores de shows para participar de programas televisivos.

- Ok acho que essa foi - Johnny disse sorridente e eu tirei os fones do ouvido - Que tal o...

Ele foi interrompido pelo choro da minha filha que soava pela babá eletrônica, soltei uma risada pelo susto que ele levou e saí da cabine.

- É só a Fairy, ela acordou - expliquei, abrindo a porta do meu pequeno estúdio e subindo rapidamente até o quarto da minha filha.

Peguei a pequena, a acalmando devagar e lhe dando uma de suas chupetas, sorrindo satisfeita quando ela se ajeitou em meu peito e apenas começou a brincar com algumas mechas soltas do meu cabelo. Desci as escadas até o andar de baixo e entrei novamente no estúdio, observando Johnny ajeitar algumas partes do áudio.

- E então? - perguntei curiosa, me sentando na cadeira ao lado dele.

- É uma boa música e está ficando excelente - elogiou e eu sorri orgulhosa de mim mesma - Fez um estúdio caseiro bacana aqui, Maraisa.

- Achei que seria útil, assim posso ficar mais perto dessa coisinha aqui - balancei Fairy, a fazendo sorrir ainda com a chupeta na boca - E, acho que acabamos por hoje Johnny, obrigada por vir.

- Por nada, sabe que adoro trabalhar contigo - ele disse, já se levantando e se despedindo de mim com um beijo no rosto - Pode deixar que eu acho a saída - se ofereceu e eu sorri agradecida, o vendo sair do estúdio.

Me levantei da cadeira e fechei a porta dali ao sair, caminhando de volta para o quarto da minha filha. Sorri ao avistar o livro que Marília escreveu dentro do berço de Fairy. Eu já estava no último capítulo e aparentemente ler para minha filha a acalmava, então eu uni o útil ao agradável.

Acabei não insistindo mais no quesito morar juntas com Marília, considerando que tentei conversar essa semana, logo após o ano novo, mas minha namorada mudou de assunto e se esquivou. Então eu decidi não insistir, mesmo que estivesse quase morrendo de curiosidade para entendê-la.

- Ok fadinha, vamos te trocar porque tua mãe vem te buscar - murmurei, tentando chamar a atenção da minha filha, mas tudo que ela fez foi tentar pegar um dos seus ursos de pelúcia.

Ouvi a campainha tocar e já estava a tempo de gritar por Sofia, mas fiz uma careta ao lembrar que levei minha irmã para o aeroporto ontem. Já estava até me acostumando com ela em casa.

Coloquei Fairy no colo, depois de vesti-la com um macacão mais quente, e desci para a sala parando apenas para abrir a porta da minha casa. Sorri ao ver Anitta ali fora dentro de um casaco longo.

- Oi Anitta - a cumprimentei, mas rolei os olhos quando tudo que ela fez foi sorrir largo e estender os braços para nossa filha - Traidora - resmunguei quando Fairy começou a se agitar no meu colo, querendo ir para a outra mãe.

- Vem cá nene - chamou a filha e a pegou do meu colo - E hey Mara - finalmente me deu oi depois de já ter abraçado Fairy trezentas vezes.

- Hey - respondi, acabando por sorrir ao vê-la rindo ao balançar a filha - Quer entrar um pouco? Johnny estava aqui e ele trouxe donuts - sugeri, fechando a porta quando ela entrou.