Através da Escuridão

Amanhecer

DEMOREI MAIS CHEGUEIIII

ESPERO QUE GOSTEM DESSE CAP, UM BEIJOO

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Pov Maraisa

"Olhos escuros, era o que eu enxergava. O sorriso de lado que eu tanto amava. Mas, não naquele instante. Ela tinha meu coração pulsante nas mãos, o sangue escorria por entre seus dedos. E agora, seu sorriso era quase diabólico.

- Anitta, por favor, não.

Minha voz soou frágil, cansada e dolorida. Tudo doía. Mas ela apenas sorriu mais, enquanto apertava meu coração em sua mão, o esmagando, causando um grito agudo saindo de meus lábios por sentir a dor dilacerante em meu peito. Fechei os olhos com força, e quando abri, senti o ar sair de meus pulmões.

Não eram mais olhos escuros.

Eram olhos castanhos claros, um sorriso ainda mais brilhante, o rosto pálido. As mãos cobertas pelo sangue.

O sangue do meu coração que ela esmagava com as duas mãos.

- Lila...

Tentei dizer entre um suspiro sôfrego, vendo meu coração se despedaçar em suas mãos, enquanto sentia a dor em meu próprio peito. Porém, ela apenas riu alto.

- Não somos tão diferentes, não é, Maraisa?

Não era a voz dela, tentei focalizar meu olhar, franzindo o cenho ao ver as duas mulheres lado a lado, sorrindo para mim. Agora, Anitta e Marília esmagavam meu coração juntas. Rindo a cada grito que eu deixava escapar."

Sentei com um pulo, soltando um gemido de dor ao sentir minha testa colidir com o suporte para a mini TV do meu bunk. Acendi a lanterna do meu celular, deixando a luz clarear o local, respirando fundo diversas vezes.
Foi só um pesadelo.

Outro pesadelo.

Tentei controlar meus batimentos cardíacos, forçando minha mente a entender que nada daquilo era real. Bom, ao menos em partes, nada daquilo era real. Respirei fundo mais uma vez, as imagens de Marília em meu sonho me causando uma náusea, enquanto eu tentava me fazer entender que não era real.

Marília não era nenhum pouco parecida com a Anitta.

Mas, em compensação, eu também nunca imaginaria que Anitta fosse capaz de fazer o que fez.

Neguei com a cabeça, tentando afastar os pensamentos, e saindo do meu bunk, vendo o ônibus pouco iluminado em movimento. Me espriguicei, caminhando descalça até a pequena sala, olhando pela janela para descobrir onde eu estava. Uma placa me mostrou que estávamos entrando em Oregon. Teria um show em Portland hoje, e depois, um avião até o Canadá, faria alguns shows da turnê por lá antes de voltar para os EUA.

Me joguei no sofá macio, me deitando ali mesmo, deixando meus olhos bem abertos, com medo de pegar no sono. Aproximei o celular, que estava em minhas, desbloqueando a tela e soltando um suspiro pesado ao ver novas mensagens de Marília, mas soltei uma risada ao ver que uma das mensagens era apenas um vídeo engraçado de um gatinho.

Ela sabia como me fazer rir.

Decidi não responder agora. Não gostava da forma como meu corpo reagia a ter notícias de Marília. Como meu coração batia mais forte e rápido, bombeando o sangue do meu corpo tão mais rápido, me deixando arrepiada, me fazendo ter algo em meu estômago que definitivamente não eram borboletas, não, eram muito piores. Sem falar de como em seguida todo meu corpo tencionava, receoso assim que meu cérebro me lembrava do que eu passei em meu último - e único - relacionamento. Eu não queria passar por algo assim novamente. Eu sabia que se um dia quisesse amar novamente, eu precisaria parar de achar que qualquer um pudesse ser como Anitta. Porém, era tão difícil, minha ex esposa era a mulher mais incrível que eu já havia conhecido, não era perfeita, obviamente, mas, era perfeita para mim. E se ela, quem eu confiei minha vida, se ela conseguiu me trair, como não acreditar que qualquer outra mulher pudesse fazer o mesmo?